publicado dia 23 de dezembro de 2015
Estudantes goianos prometem passar natal, ano novo “e até carnaval” em escolas ocupadas
Reportagem: Redação na Rua
publicado dia 23 de dezembro de 2015
Reportagem: Redação na Rua
Por Fernanda Lobo, de Goiânia
Mesmo com a forte chuva, cerca de 200 estudantes secundaristas, professores e apoiadores da causa da educação pública se manifestaram na tarde desta terça-feira (22/12), no centro de Goiânia, contra a implementação das Organizações Sociais (OSs) na gestão escolar e a militarização das escolas.
Os manifestantes se reuniram na Praça do Bandeirante e seguiram em marcha até a Praça Cívica e pararam em frente ao Palácio Pedro Ludovico Teixeira, sede do governo estadual. Lá, subiram nas cadeiras das escolas que levavam consigo para gritar palavras de ordem. O grupo faz parte do movimento de ocupação das escolas públicas da capital e de municípios do interior de Goiás contra a medida imposta pelo governador Marconi Perillo, do PSDB.
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Luiza M., 15 anos, e Rayane S., 16 anos, estudantes da escola Lyceu de Goiânia, que está ocupada desde o dia 11 de dezembro, afirmam que receberam com surpresa a notícia sobre a transformação de seu colégio em OS no último dia de aula de 2015. “Foi um choque”, disseram Rayane e Luiza, acrescentando que, nesse mesmo dia, alguns alunos se reuniram e decidiram ocupar o local.
As secundaristas afirmam que estudantes das escolas ocupadas de São Paulo participaram de debates sobre a situação de Goiás e que há identificação entre os movimentos, reunidos em torno de propostas a favor da educação “pública, gratuita e de qualidade”.
Em assembleia, os estudantes decidiram que não deixarão as ocupações durante as festas de fim de ano e declararam que vão “passar o Natal, o Ano Novo e, se o governador não recuar, também o carnaval e o ano todo nas ocupações”. “A ideia é chamar nossas famílias para virem passar o Natal com a gente”, acrescentaram.
A primeira instituição de ensino ocupada, o Colégio Professor José Carlos Almeida (Zézão), havia sido fechada por conta das vagas ociosas, segundo informações da Seduce (Secretaria de Educação, Cultura e Esportes) – fusão recente das Secretaria de Estado da Cultura (Secult Goiás), Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e Agência Goiana de Esporte e Lazer (Agel). Os estudantes rebatem a justificativa oficial, dizendo que o remanejo provocou a superlotação das salas de aula. Até o momento, há 23 escolas ocupadas no estado.
Autonomia do movimento
Durante a manifestação, um homem tentou hastear a bandeira de um partido e foi desencorajado pelos secundaristas, que reiteram que não há partidos ou organizações políticas por trás das manifestações, ao contrário do que tem sido veiculado pela mídia local.
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“Não estamos falando com a imprensa porque tudo o que dissemos até agora foi editado ou cortado para passar a ideia de que há alguma organização partidária e que nossa causa não é legítima”, defendeu um secundarista.
Por meio das páginas Secundaristas em Luta-GO e Contra a terceirização da Educação em Goiás, o movimento tem divulgado informações sobre as ocupações e as necessidades mais urgentes das escolas.