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publicado dia 28 de outubro de 2017

Estudantes da Mostratec buscam soluções para acessibilidade de pessoas com deficiência

Reportagem:

Distribuída nas 13 esferas de conhecimento, a acessibilidade é uma marca dos projetos inscritos na 32ª edição da Mostratec. Ao lado da sustentabilidade, nos últimos anos, essa parece ser uma das maiores preocupações dos jovens cientistas brasileiros, que vêm se engajando no desenvolvimento de soluções que buscam ampliar a inclusão daqueles que hoje representam cerca de 24% da população brasileira.

“Nós, que não temos deficiências, mudamos o mundo para nós mesmos. Como podemos esperar que as pessoas com deficiência se adaptem a um mundo e a uma cidade que não foi pensada para elas?”, reflete Anna Grazielly da Silva, do oitavo ano da Escola Municipal Olindina Monteiro de Oliveira França, de Recife. Anna veio para a Mostratec com mais dois colegas do sexto ano, Vitorya e Pedro Henrique, para apresentar os protótipos desenvolvidos pelo grupo de Robótica. O objetivo do trabalho, informa a estudante, é melhorar a acessibilidade de deficientes visuais por meio de guias que alertam quando há obstáculos no caminho.

IMG_5355Confeccionados com materiais facilmente encontrados, o primeiro deles foi feito com “pau de selfie”, lego, sensores ultrasônicos, um vibracall e uma bateria. O veredito dado por um professor cego da Escola é que o protótipo estava pesado demais, apesar de funcional. Motivados, eles seguiram aprimorando o produto, fazendo uma segunda versão a partir de um guidão de patinete. Também funcionou, mas há apenas uma semana eles desenvolveram o que por enquanto é a versão final, que vibra fortemente quando um obstáculo fica em frente aos dois sensores instalados e aindapode ser usada no modo análogico.

Acessibilidade aliada à cidade é o tema do projeto dos alunos de Recife
Acessibilidade aliada à cidade é o tema do projeto dos alunos de Recife

Quando as pessoas que utilizam cadeira de rodas precisam se transferir de uma cadeira para outra (ao entrar num carro ou tomar banho, por exemplo) elas perdem sua independência, necessitando do auxílio de outras pessoas para carregá-las. Quando usam os dispositivos que existem atualmente, as quedas são comuns, como as jovens cientistas atestaram em entrevistas. Além disso, a adaptação de carros e casas pode chegar a 95 mil reais, o que a inviabiliza sua utilização em larga escala.

Daniele Gavetti com o protótipo do E-mode

Por isso, as estudantes Daniela Hikari Yano e Daniele Gavetti de Mari, de Londrina (PR), desenvolveram o E-mode (Equipamento de Mobilidade de Deficientes). Ainda não finalizado, ele não tem mais que um metro cúbico e utiliza sistema automatizado de guindaste, dando ao transportado todos os controles e opções de apoio. “Foi um desafio, porque até então eu nunca tinha visto uma engrenagem de perto. Mas nós aprendemos partindo do lego e entrando de vez nesse mundo”, afirmou Daniele, que está no terceiro ano e vai prestar vestibular para Elétrica e Nanotecnologia.

Também buscando auxiliar os cadeirantes no acesso a transportes públicos, teatros, hospitais e estádios, Eder Luiz Borges do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira Cap – UERJ, do Rio de Janeiro (RJ), desenvolveu o aplicativo Acessa+, que mostra as rotas acessíveis, utilizando tecnologia GPS e plataforma Android. “Eu planejo criar uma rede de colaboradores no Brasil todo para produzir mais rotas ainda”, projetou o estudante.

Eder Luiz Borges Gomes Antunes Silva com seu projeto de acessbilidade na Mostratec

Políticas Públicas

Já Emily Raiane de Vargas e Amanda Silva dos Passos, do município de Nova Hartz, interior do Rio Grande do Sul, agiram por outra frente. Quando as amigas do oitavo ano da EMEF Maria Almerinda Paz de Oliveira visitaram uma cidade vizinha, perceberam uma caixa ao lado do semáforo de pedestres que ainda não conheciam: era o dispositivo sonoro para cegos poderem atravessar a rua. Indignadas com a ausência do equipamento em sua cidade, deram início a uma pesquisa e a uma série de ações de sensibilização e formaçõ com a comunidade.

A iniciativa chamou a atenção da prefeitura, que compareceu à escola para participar das conversas sobre o tema. Pesquisando a legislação existente no país, elas descobriram a existência de um tópico sobre acessibilidade universal no Plano Diretor do município. Foram até a Câmara dos Vereadores demandar que ele fosse colocado em prática, mas ouviram que o orçamento era um impeditivo. Mais uma vez as adolescentes não se intimidaram e hoje tentam aprovar o Projeto de Lei (PL) que dispõe sobre a obrigatoriedade da alocação de recursos para a causa. Vieram para a Mostratec divulgar o processo de mobilização impulsionado pelo projeto, revelando que a participação social nas políticas urbanas começa cedo.

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MOSTRATEC

A 32ª edição da Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), realizada pela Fundação Liberato, acontece até dia 27 de outubro em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul. Com participantes de todos os estados do Brasil e de outros 20 países, o objetivo é disseminar e fortalecer a ciência jovem no Brasil. Os 670 projetos são divididos em 13 áreas de conhecimento e há mais de 20 premiações possíveis.

A repórter Nana Soares viajou a Novo Hamburgo a convite da Mostratec.

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