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publicado dia 1 de agosto de 2019

Especial reúne experiências de educação integral nas infâncias

Reportagem:

Lançado nesta semana pelo Centro de Referências em Educação Integral, o  especial Educação Integral nas Infâncias na Prática reúne práticas pedagógicas inovadoras que dialogam com a educação integral e valorizam a diversidade territorial e cultural brasileira.

São mais de 50 iniciativas de escolas urbanas e rurais, públicas e privadas, distribuídas por meio de um mapa de norte ao sul do Brasil. “O mapa serve para mostrar onde estamos e para onde podemos ir. Então ele traz trabalhos concretos, bem feitos, e que não necessariamente devem ser imitados, mas que mostrem bons jeitos de caminhar”, explica Maria Thereza Marcílio, diretora da Avante – Educação e Mobilização.

O especial Educação Integral nas Infâncias Na Prática é uma iniciativa Centro de Referências em Educação Integral, Instituto C&A e Alana.

As práticas foram selecionadas via edital público e a sistematização faz frente ao discurso corrente de que a educação no país não funciona. “O Brasil não é terra arrasada em educação, e o mapa mostra quantas soluções já foram criadas pelas redes para enfrentarem seus desafios, com experiências sólidas e possíveis que precisam ser sustentadas”, esclarece Raquel Franzim, coordenadora de Educação do Instituto Alana.

Leia+A escola brasileira e as desigualdades de seus diferentes territórios

Ainda para Raquel, as experiências são interessantes sobretudo por reconhecerem e estimularem a autonomia e o protagonismo dos estudantes. “Elas se constituem a partir do entendimento de que os estudantes são ativos, construtores do seus próprios processos de ensino e aprendizagem, e capazes de propor soluções para desafios da escola e do território.”

Os desafios na educação de 0 a 12 anos

Para além de terem por base os princípios da Educação Integral, as 50 experiências também olham para os maiores desafios que as escolas enfrentam na Educação Infantil e no Ensino Fundamental.

“A escola já foi comparada a hospícios e presídios. Precisamos de novas metáforas: jardim, parque, ateliê, criação, acolhimento, para que a escola seja um grande centro cultural das infâncias”, defende Levindo Diniz, professor na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

A diretora da Avante, Maria Thereza, pondera que o acolhimento, a gestão democrática, e a íntima relação com o território, as famílias e a comunidade são os fundamentais para melhorar a educação. “Tem que ter tudo isso, e acreditar que ali se faz algo importante, porque é o que dá sentido e alimenta a vida da escola.”

Outra questão que costuma aparecer nos debates sobre educação de 0 a 12 anos é a transição entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental. Enquanto na primeira etapa a integração entre cuidar e educar é mais forte, e se respeita mais o ritmo individual de cada criança, as interações em grupo, as aprendizagens são mais palpáveis, tudo isso costuma se diluir na segunda etapa.

‘É um desafio não perder esse convívio, o cuidado consigo e com o outro, e o brincar – que é uma linguagem, um direito de expressão das crianças, e uma das formas que a escola tem estimular e honrar o convívio entre todas as diferentes crianças”, explica Raquel.

Para além dos entraves que as escolas enfrentam no cotidiano escolar, do ponto de vista de currículo, gestão de pessoas e de práticas pedagógicas, há ainda o cenário político brasileiro que agrava estes desafios.

“Está posto um conjunto de cortes que podem comprometer tudo que foi construído pelas escolas brasileiras. Precisamos reafirmar o projeto de educação que reconhece a criança na sua identidade e pertencimento, em disputa com o outro, de militarização, que nega a dimensão do sujeito e acha que disciplina é caso de polícia e não de educação”, alerta Levindo.

 

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