publicado dia 11 de outubro de 2016
Encontro Lab 60+ pretende revolucionar o olhar para a longevidade
Reportagem: Danilo Mekari
publicado dia 11 de outubro de 2016
Reportagem: Danilo Mekari
Os idosos são hoje o segmento populacional que mais cresce no Brasil. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2012 e 2022, essa população aumentará sob a taxa de 4% ao ano. Traduzindo este dado em números, em 2030, são previstos 41,5 milhões de idosos vivendo no país. Se, em 2010, eram 19,6 milhões, em 2060, serão 73,5 milhões.
Nesse cenário de envelhecimento geral da população brasileira é preciso revolucionar o olhar acerca da longevidade. Esta é a ideia do Lab 60+, um movimento que propõe ações e soluções positivas e inovadoras a partir desse tema. Para Sérgio Serapião, fundador da iniciativa, “a tendência geral é olhar para a terceira idade como uma questão de direitos. Ela é muito maior do que isso. Queremos criar um espaço de encontro improvável entre organizações que estão vinculadas com a temática, mas não estão conectadas entre si”.
O movimento divide suas ações em quatro eixos: 1) dados e informações que sustentem um novo olhar para a terceira idade; 2) imagem e representação; 3) bem estar e saúde e 4) protagonismo e realização. “Qual é o papel do novo idoso na sociedade? Não é aposentado e nem pensionista – direitos obtidos no decorrer de anos, mas que falam do passado e não do presente”, pontua o fundador.
A inversão da pirâmide etária deixa evidente que cidades saudáveis deverão tratar da longevidade. “Há 50 anos essa faixa da população era muito menor. Antigamente o sonho era ter aposentadoria, e hoje a pessoa se aposenta e se isola da sociedade. Inexiste a consciência de que 13% da população brasileira tem 60 anos ou mais”, observa Serapião. “Ainda estamos no momento de criar a consciência de que essa questão existe.”
“Acreditamos que, em qualquer fase da vida, todos podem realizar seus desejos pessoais e profissionais, buscando autonomia, saúde e bem-estar; chamamos isso de protagonismo. E esse protagonismo é fundamental no desenvolvimento de um mundo que respeite a todos; um mundo de cuidado recíproco.”
Mensalmente, o Lab 60+ organiza encontros e cafés que criam esses “espaços propícios para conexões improváveis” em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Campinas e Belo Horizonte, onde mais de 200 iniciativas já se apresentaram.
O Encontro Lab 60+ 2016, que ocorre em São Paulo entre os dias 3 e 5/11, na Unibes Cultural (rua Oscar Freire, 2500 – ao lado do metrô Sumaré), reunirá cerca de três mil pessoas e 40 organizações. Até o dia 20/10, data em que serão abertas as inscrições para o evento, os organizadores estão recebendo doações de pessoas físicas (entre R$ 20 e R$ 450). Até o momento, 260 pessoas já ajudaram na realização do evento. A programação completa do encontro será divulgada no dia 14/10.
Serapião também crê que lutar por uma revolução na longevidade pode ajudar na redução das desigualdades sociais. “Para quem tem um padrão de vida alto, planos de saúde e planejamento financeiro ajudam a atingir a longevidade de maneira saudável. Se não tem, você simplesmente vai drenar todos os seus recursos financeiros para se manter vivo. Ou seja, se essa questão não for profundamente discutira, a desigualdade apenas aumenta”, conclui.