publicado dia 22 de dezembro de 2016
Em visita a Fab Lab, escola revela como a tecnologia pode promover a diversidade
Reportagem: Danilo Mekari
publicado dia 22 de dezembro de 2016
Reportagem: Danilo Mekari
“Olha isso! Tá derretendo e virando tinta!”
A exclamação veio da pequena Melissa, surpresa com a impressora 3D que trabalhava a todo vapor em sua frente. Ao seu lado, colegas e familiares também estavam boquiabertos diante da máquina e da estrutura tecnológica do Fab Lab Livre do Centro Cultural São Paulo (CCSP).
Enquanto uma pequena mão azul – com articulações idênticas às de uma mão natural – era impressa em três dimensões, estudantes do Infantil I da EMEI Heitor Villa Lobos conheciam o espaço, localizado no subsolo do CCSP. Fábricas de produção digital, os Fab Labs proporcionam cursos e formações para jovens estudantes da rede pública criarem, de forma colaborativa, protótipos de baixo custo para manufatura em larga escala. Hoje, a capital paulista conta com 12 Fab Labs.
Desenhos pela diversidade
As crianças desenharam a si mesmas com canetas coloridas e massinhas de moldar, brincaram com objetos já impressos pela máquina e puderam conhecer de perto a alta tecnologia proporcionada ao público pelo laboratório. Familiares dos estudantes também acompanharam a visita – muitos nunca tinham ouvido falar do espaço.
“Nesse último semestre, trabalhei com as crianças sobre respeito e tolerância e sobre a questão das etnias, das diferenças entre nós. Usamos o desenho como base para esse trabalho”, explica a professora Carol Laiza. Com os autorretratos das crianças em mãos, a docente decidiu entrar em contato com o Fab Lab para transformar esses desenhos em objetos 3D.
A professora usou o caso de Melissa para mostrar os resultados do processo. A menina não gostava de seu cabelo cacheado e afirmava querer ser loira. Após o trabalho de identidade e diversidade realizado pela escola, Melissa passou a se ver de outra forma. “Fizemos autorretratos tanto no começo como no fim do ano. A diferença é enorme.”
Curso
Carol foi uma das participantes do curso Potenciais Educativos do Território, realizado pelo Programa Cidades Educadoras em parceria com a DRE Ipiranga. Foi durante a formação que ela conheceu de perto os laboratórios de fabricação digital, tanto na Vila Itororó como na Barra Funda. “Me atraiu bastante o seu funcionamento e o que poderia ser feito por lá”, aponta.
“Resolvi compartilhar tudo o que foi visto e vivenciado no curso. Isso ainda reverbera nas minhas práticas na escola com as crianças”, ressalta.
Família
De acordo com Priscila Barbosa, professora de Informática e funcionária do Fab Lab, foi a primeira vez que o espaço recebeu crianças tão pequenas. “Temos vontade de criar uma oficina para essa faixa etária”, afirma. Hoje, os cursos são direcionados para crianças acima de 10 anos, jovens e idosos. “É importante que, desde pequenas, as pessoas saibam que podem construir coisas a partir de material reciclado e madeira, e não apenas comprar. Isso estimula a criatividade.”
Avô de Laila, 4, Altemar também estava surpreso com o espaço, que conhecia pela primeira vez. Ali, o baiano de 52 anos relembrou sua própria infância. “A chance que minha neta está tendo, de conhecer um polo de tecnologia, eu não tive. Com certeza, a vida começa bem melhor assim.”