Perfil no Facebook Perfil no Instagram Perfil no Youtube

publicado dia 13 de junho de 2014

E-books aumentam acesso de crianças ao mundo da leitura em países do continente africano

Reportagem:

Do Centro de Referências em Educação Integral

Erradicar o analfabetismo ainda é um desafio global. Dados da Unesco apontam que há 740 milhões de analfabetos no mundo e 250 milhões de crianças em idade escolar que não têm leitura básica e habilidades de escrita. Pensando em formas de contribuir com essa realidade, uma organização sem fins lucrativos americana, a Worldreader [criada em 2009 por ex-diretores da Microsoft e da Amazon] resolveu olhar para o cenário de alfabetização da África subsaariana: por lá, segundo a Unesco, apenas 18% das crianças têm acesso ao ensino básico.

Outra dificuldade local é o acesso a livros, muito por conta de conflitos étnicos, políticos e sociais que impedem a livre circulação das crianças e adolescentes pela comunidade e a manutenção de bibliotecas. Isso fez com que a organização apostasse na tecnologia para tentar criar uma solução acessível – desenvolveu livros digitais para viabilizar o contato das populações com o imenso e rico mundo da literatura.

O trabalho só foi possível dada uma outra constatação: mesmo com todas as dificuldades, a região seguia a tendência tecnológica de popularização dos celulares e registrava aumento da cobertura de internet móvel, fatores que deram significado ao plano de disponibilizar conteúdos para leitura de maneira digital.

Plataforma leitora

Para a organização, era preciso oferecer uma oportunidade leitora às crianças e adolescentes, mas também prover um meio de que as escolas pudessem ter acesso ao mesmo conteúdo. Por conta disso, desenvolveu leitores eletrônicos para as escolas e um aplicativo chamado Worldreader Mobile, que pode ser instalado em celulares, desde que tenham um navegador Java e dispositivos Android.

A forma de trabalhar com os dispositivos, no caso das escolas, fica por conta da necessidade de cada uma delas. Os aparelhos podem se manter fixos nas instituições e os alunos podem fazer uso deles em suas dependências; ou também é possível atuar no modelo “livraria”, em que o equipamento pode ser emprestado aos alunos, estendendo o benefício para seus familiares.

Mas o trabalho não se encerra com a entrega dos dispositivos tecnológicos. A instituição mantém uma equipe editorial que trabalha na produção desses títulos, ampliando o acervo de maneira expressiva. Entre os livros, há histórias mais curtas direcionadas às pessoas que estão em processo de alfabetização e também de autores renomados como Shakespeare e Jane Austin, importantes referências da literatura clássica britânica. Também é feito um trabalho de curadoria junto aos autores africanos, para que essas produções também constem entre as possibilidades leitoras – uma forma de valorizar a cultura local e inseri-la no repertório cultural dos cidadãos; a esses autores é oferecido apoio para traduzir e digitalizar suas obras.

Outra questão é a adequação aos idiomas. É possível encontrar livros em inglês, francês, espanhol e português. Para disponibilizar livros com idiomas nativos, a organização procura estabelecer parcerias com editoras locais, que acabam por se responsabilizar por outras línguas, como o suaíli, falado no Quênia e na Tanzânia.

A Worldreader possui escritórios em San Francisco (EUA), Barcelona (Espanha), Accra (Gana) e Nairobi (Quênia) e há um esforço da equipe para que o projeto esteja mais próximo da comunidade possível. Por essa razão, há suportes específicos que preveem formação pedagógica e técnica direcionada a gerentes de projetos locais ou professores; ainda há uma formação para reparo de leitores eletrônicos para as empresas da comunidade que queiram prestar esse serviço.

A empresa também criou métodos avaliar as experiências leitoras. Para cada livro é mensurado o número de acessos e também o perfil dos usuários, como idade e sexo, dados que acabam por qualificar os acessos e apontar níveis de alfabetização entre os indivíduos. Esses dados são os norteadores para que a empresa invista mais em determinados títulos ou poupe esforços em outras publicações.

O trabalho é sempre desenvolvido em parcerias com o setor privado, professores, especialistas em educação e outras organizações. A ideia é sempre partir das necessidades das crianças e promover a oportunidade leitora para que, com isso, se possa favorecer o desenvolvimento delas e afastá-las dos índices de analfabetismo.

Principais resultados

O dinamismo tecnológico faz com que os livros sejam facilmente acessados pelas crianças, adolescentes e comunidades em geral. Desde o início da experiência, já foram contabilizados 1,7 milhões de livros lidos, marca dificilmente alcançada caso se tratassem de exemplares físicos.

A iniciativa já chegou a 27 países e distribuiu mais de 6 mil livros digitais, ampliando a possibilidade leitora, o repertório cultural e possibilitando um melhor desenvolvimento desses indivíduos, já que para além da alfabetização, é possível falar da criatividade e da postura crítica alcançados com a leitura. Especificamente na África, há programas de leitura estabelecidos em Gana, Quênia, Malawi, Ruanda, África do Sul, Tanzânia, Uganda, Zâmbia e Zimbábue, quando as parcerias com as escolas são fortalecidas mais diretamente.

 

As plataformas da Cidade Escola Aprendiz utilizam cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para recomendar conteúdo e publicidade.
Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.