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publicado dia 29 de outubro de 2019

Crianças, educadores e famílias protestam contra privatização de terreno de escola em SP

Reportagem:

A calçada da EMEI Gabriel Prestes, em São Paulo, foi ocupada na tarde desta terça-feira (29) por um grupo de manifestantes pouco usual: crianças carregavam megafones e pintavam cartazes, enquanto adultos penduravam faixas que anunciavam: “Não Estamos à Venda!”. 

O encontro chamado Abraço Coletivo – Em Defesa da EMEI Gabriel Prestes foi organizado pela escola homônima pedindo pela revogação da Lei nº 17.216/2019, sancionada e publicada no Diário Oficial do Município no dia 19 de outubro de 2019, que autoriza a venda de 41 terrenos municipais, incluindo o de três escolas públicas: a EMEI Gabriel Prestes, na Consolação, a EMEI Rodrigo Mello Franco de Andrade, no Parque Colonial, e a Escola Professora Maria Antonia D’Alkimin Bastos, na Vila Olímpia. 

Leia +: Escolas de São Paulo podem ter seus terrenos privatizados

Participaram da manifestação estudantes, educadores, familiares e pessoas da comunidade que circunda a escola. Também estiveram presentes parceiros como a Escola de Ensino Fundamental Desembargador Amorim Lima e membros da Diretoria Regional de Ensino (DRE) Butantã. 

“Esse ato público é um exercício educativo para a cidade, para a gente afirmar para todo mundo que passa por aqui agora que a educação tá na rua, no encontro. As pessoas precisam ver a educação como uma causa coletiva”, defendeu André Gravatá, um dos idealizadores da Virada Educação

“Essa causa contra a venda de uma escola pública não é só da EMEI Gabriel Prestes, é uma causa de todo mundo da cidade e do Brasil, porque se essa escola for vendida, quantas mais serão? Quantas crianças não vão ter onde estudar ou suas famílias vão ter que se desdobrar para encontrar outras escolas?”. 

crianças fazem ciranda na manifestação
Crianças ocuparam a calçada com cirandas e brincadeiras durante a manifestação / Crédito. Ingrid Matuoka

Comunidade organizada em defesa da escola

Com apenas cinco anos, Noah Freitas estava junto às outras crianças no protesto. “Eu tô achando triste, a professora disse que a gente vai se mudar”, ele contou. Quando perguntado o que mais gostava da escola, ele respondeu sem titubear: “eu gosto do feijão com arroz.”

A mobilização das crianças já faz parte da verve da EMEI Gabriel Prestes, que periodicamente convida seus estudantes a saírem da escola e ocuparem o espaço público do entorno com intervenções e brincadeiras. Na manifestação, as crianças fizeram ciranda, e ajudaram a desenhar e colar os cartazes.

“É importante minha filha e as outras crianças se apropriarem dessa situação e entenderem que o equipamento público serve a elas, e que não pode ser vendido dessa forma”, relatou Marina Holzner, mãe de uma das estudantes. “Tudo é político, e é desde essa tenra idade que eles vão entendendo essa situação”.

Emenda quer barrar a privatização dos terrenos

Duas instâncias estão sendo usadas para barrar o avanço da PL que ainda depende da sanção do prefeito Bruno Covas: os vereadores Toninho Vespoli (PSOL), Juliana Cardoso (PT) e Alexandre Padilha (PT) fizeram uma representação junto ao Ministério Público do Estado de São Paulo; em paralelo também corre uma emenda. Ambas foram fruto da articulação territorial, que rendeu um encontro com o prefeito na semana da aprovação do projeto.

“A expectativa é que amanhã (dia 3o) o assunto seja retomado na Câmara dos Vereadores, e essa mobilização é para fazer barulho e pressionar ainda mais pela revogação”, explicou João Kleber de Santana Souza, diretor da EMEI Gabriel Prestes. 

 

 

*Com a colaboração de Ingrid Matuoka

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