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publicado dia 20 de julho de 2023

Copa do Mundo Feminina 2023 começa com mais equidade, visibilidade e investimento 

Reportagem:

Resumo: Com o início da Copa do Mundo Feminina, maior visibilidade e foco de políticas públicas, futebol feminino tenta superar barreiras históricas no Brasil. Além da ampliação do público e de investimentos na Seleção Feminina, modalidade será foco de políticas públicas do Ministério do Esporte em 2023.  

A Copa do Mundo Feminina 2023 começa na quinta-feira (20/07) com número recorde de seleções, mais visibilidade e investimento. Com 32 equipes nacionais, a Copa do Mundo de Futebol Feminino da FIFA também mostra avanços na equidade de gênero e no alcance do futebol feminino.

No caso do Brasil, o evento acontece em um momento de ascensão e fortalecimento da modalidade feminina do esporte, marcado por barreiras históricas. 

Com início em 20/07, a maior competição de futebol feminino do mundo vai até 20/08. A Seleção Brasileira de Futebol Feminino estreia em 24/07, às 08 horas, contra o Panamá. Os jogos serão sediados em dois países: Austrália e Nova Zelândia. 

Pela primeira vez, as jogadoras participantes terão premiação individual mínima garantida. O valor varia entre R$147 mil (US$ 30 mil) para quem cair na primeira fase até R$1, 3 milhão (US$ 270 mil) para as atletas campeãs.

Outra novidade é a ampliação do alcance do futebol feminino no Brasil: com transmissão via streaming e televisão, os jogos devem mobilizar novos públicos. Além disso, haverá ponto facultativo nos dias de jogo do Brasil – algo comum na Copa do Mundo masculina, mas inédita para a modalidade feminina. 

A maior estrutura para a Seleção Feminina – que incluiu vôo fretado para a competição, mais participantes na delegação e núcleo de saúde para as jogadoras – também é conquista recente. 

Lutas e barreiras do futebol feminino no Brasil 

Copa do Mundo Feminina 2023 começa com mais equidade, visibilidade e investimento
A inclusão no esporte foi motivada pela resistência e luta das mulheres pelo direito constitucional ao esporte. 

“Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza”, dizia o decreto-lei 3.199 de 14 de abril de 1941.

Criado na Era Vargas, o artigo que restringia a participação das mulheres no esporte foi regulamentado durante a Ditadura Militar (1964-1985), em 1965, e só foi revogado em 1979. Ao longo das quatro décadas, ficou proibido por lei uma mulher jogar qualquer tipo de futebol e outros esportes considerados masculinos, como beisebol, halterofilismo ou polo aquático. 

Leia + Mulheres e futebol no Brasil: entre sombras e visibilidades 

Com o atraso histórico, o futebol feminino ainda enfrenta barreiras estruturais, como menor incentivo à prática para as meninas, poucas oportunidades de profissionalização e até mesmo de acesso aos campos e estádios. A inclusão aconteceu aos poucos, motivada principalmente pela resistência e luta das mulheres pelo direito constitucional ao esporte. 

A primeira equipe feminina a representar o Brasil foi formada em 1988 e a estreia na Copa do Mundo ocorreu em 1991. Apesar de conquistas relevantes em campo – e de contar com a presença de Marta, eleita por seis vezes a melhor jogadora do mundo – a equipe estava longe de contar com a visibilidade e investimento da masculina. Até 2015, por exemplo, a Seleção Feminina de Futebol não contava com uma camisa própria, usando versões adaptadas da equipe masculina.

Parte dessa história está no Museu do Futebol, em São Paulo (SP), que recebe até 27/08 a exposição “Rainhas de Copas”. Com curadoria de Aira Bonfim, Juliana Cabral, Lu Castro e Silvana Goellner, a mostra exibe imagens pouco conhecidas de jogadoras e momentos importantes da modalidade no Brasil.  A exposição também traça uma linha do tempo da história do campeonato mundial de futebol: vai da primeira Copa Experimental, realizada em 1988, até a última edição, em 2019. 

Estratégia Nacional de Futebol Feminino 

Copa do Mundo Feminina 2023 começa com mais equidade, visibilidade e investimento (1)
Criada em março, Estratégia Nacional para o Futebol Feminino quer promover acesso e permanência de meninas e mulheres na modalidade. Na foto, jogadoras da Seleção acenam para público durante amistoso realizado em Brasília (DF).

Em ano de torneio mundial, a promoção da modalidade entrou no foco do Ministério do Esporte, cuja ação de maior visibilidade é lançar a candidatura do Brasil à sede da Copa do Mundo Feminina de Futebol, em 2027. 

Além disso, o governo federal instituiu, em março, a Estratégia Nacional para o Futebol Feminino por meio do Decreto 11.458/2023. O objetivo é promover, fomentar e incentivar a inclusão e permanência de meninas e mulheres no futebol.

A Estratégia busca enfrentar desafios como a falta de incentivos à profissionalização, a discriminação sexual e o assédio. Além disso, serão definidos critérios para aumentar a permanência das atletas nos clubes, incluindo período mínimo de contrato e número máximo de atletas amadoras por competição.

Sob responsabilidade do Ministério do Esporte, o programa prevê medidas de promoção do desenvolvimento do futebol profissional e amador no país, ampliação dos investimentos e formação técnica para meninas e mulheres no mercado da bola.

Entre as ações, pretende fomentar a participação das mulheres em posições de gestão, na arbitragem e na direção técnica de equipes, além da instalação de centros de treinamento específico para as mulheres, com metodologias próprias e diretrizes pedagógicas adaptadas às necessidades femininas.

O decreto determina que, até outubro, seja publicado um diagnóstico da situação atual do futebol feminino no país e um plano de ações até 2025 para a implantação da estratégia.

“O foco do investimento em futebol do governo federal é o futebol feminino. Essa estruturação está sendo organizada com o objetivo de os clubes terem campeonatos o ano inteiro, com estrutura de formação, iniciação no esporte com metodologia própria, estádios mais amigáveis para as mulheres. A Copa do Mundo seria a coroação [desse projeto]”, afirmou, em maio, a ministra do Esporte, Ana Moser em entrevista ao programa A Voz do Brasil.

*Com informações da Agência Brasil 

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