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publicado dia 17 de maio de 2022

Como prevenir casos de violência sexual nas grandes cidades?

Reportagem:

Em São Paulo, a maior cidade da América do Sul, importunação e assédio sexual são os principais motivos de insegurança para as mulheres se deslocarem, segundo uma pesquisa realizada pelos institutos Locomotiva e Patrícia Galvão. O número de mulheres que afirmaram ter passado por algum episódio de violência dessa natureza chega a 36% e é superior aos 34% que já foram vítimas de assalto, furto ou sequestro relâmpago.

Leia +: Guia traz orientações de combate à violência sexual contra crianças e adolescentes 

A mesma pesquisa revela que 68% das entrevistadas têm medo de sair à noite pela vizinhança e a falta de iluminação pública adequada é uma das principais ameaças que impedem essas mulheres de andarem livremente por seus próprios bairros. Neste contexto, como promover condições seguras para a mobilidade das mulheres nos centros urbanos?

 “Na gestão do prefeito Haddad, fizemos um estudo nos lugares de maior índice de estupro com a intenção de levantar dados dessas regiões. Percebemos que a iluminação pública adequada era muito importante para a prevenção da violência sexual. Além disso, constatamos que, em lugares mais ermos, os ônibus deveriam parar próximos aos locais onde as mulheres preferem descer. Então, duas estratégias simples podem ser fundamentais na prevenção da violência sexual: iluminar os lugares onde há maior índice de estupro e adequar o transporte”, avalia Luciana Temer, professora e diretora do Instituto Liberta, responsável pela campanha #AgoraVcSabe.  

Criada em torno do 18 de maio, Dia Nacional do Combate à Exploração de Crianças e Adolescentes, a iniciativa #AgoraVcSabe defende que a maior prevenção é tornar o assunto pauta de debate público. Por meio de uma passeata virtual que reúne depoimentos de centenas de vítimas de violência sexual, a campanha propõe a conscientização e sensibilização sobre a real dimensão do problema, além de lutar por políticas públicas eficientes para o seu enfrentamento

Luciana Temer destaca que os dois principais propósitos da iniciativa são tirar a violência sexual da invisibilidade e romper o silêncio. “A ideia é fazer um grande barulho e, para isso, é preciso ter muita gente. Estamos convidando pessoas adultas a admitirem que foram vítimas de violência, porque quando pedimos para as pessoas romperem o silêncio, não estamos falando sobre o silêncio da própria história, mas sobre a força do coletivo”, afirma.

Além de dar visibilidade ao tema com os relatos dessas mulheres, a campanha também busca lutar por políticas de enfrentamento, especialmente em um ano de eleições. Com o impacto da passeata virtual, a segunda etapa da ação consiste em levar o debate às candidatas e candidatos à presidência e governos estaduais. “Nós acreditamos que a melhor política é a educação, na lógica da prevenção. Falar sobre violência e sobre relações sexuais saudáveis com crianças e adolescentes, cada um com seu tempo, sua idade, da forma adequada, é a forma mais efetiva de enfrentamento desta violência”, reforça Luciana.

Para ela, causar desconforto e pressão social são os primeiros passos para pavimentar um caminho em busca da construção de políticas públicas eficientes. “Precisamos tornar a violência sexual contra crianças e adolescentes um problema no Brasil. Mesmo com um índice de mais de quatro meninas de até 13 anos estupradas por hora, esse assunto ainda não está na pauta do Brasil como um problema”, enfatiza.

Participe da passeata virtual

No dia 18 de maio, todos os vídeos gravados serão exibidos de forma simultânea na plataforma da campanha, em uma grande passeata on-line. Se você sofreu violência e deseja participar da passeata, acesse o site da ação #AgoraVcSabe e siga as instruções.

 

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