publicado dia 19 de dezembro de 2019
Cinema e infância: 7 filmes sobre como crianças enxergam o mundo
Reportagem: Cecília Garcia
publicado dia 19 de dezembro de 2019
Reportagem: Cecília Garcia
Logo nas primeiras cenas de Cinema Paradiso (1988), filme italiano sobre a paixão de um menino pelo cinema, o protagonista Toto deleita-se com um filme exibido dentro da igreja de sua cidade.
Não é um filme infantil, mas Toto está arrebatado. Antevê com seus olhos de azeviche que as cenas iluminando seu rosto para sempre influenciarão seu jeito de ver o mundo.
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“O papel do cinema é desvendar outras formas de olhar. A infância é um momento muito rico e muito cinematográfico, por não ser um período tão verbal. Muitas coisas são percebidas pela sensação, pelo cheiro, pela luz, pelo som… Se percebe mais do que se entende. Acho que o cinema é sempre um olhar”, disse a cineasta Sandra Kogut em entrevista no artigo Infância e Cinema.
Se o cinema é esse espaço de produção de narrativas, é importante então que elas sejam tão múltiplas quanto às muitas infâncias existentes.
Os sete filmes selecionados pelo Portal Aprendiz são películas sobre crescimento, amor, morte e outros temas filtrados pela imaginação e saberes de crianças e jovens.
Ana, de apenas 7 anos, está impressionada com o filme Frankenstein, que assistiu no cinema de sua pequena vila na Espanha, tensionada pela ditadura de Franco. Sua irmã mais velha, Isabel, assusta-a dizendo que esse monstro melancólico vive nos celeiros próximos de sua casa. O filme, delicado e triste, mostra como a imaginação das crianças é confrontada com temas como morte, guerra e abandono.
Baseado em uma história real, o filme conta a história de Fiona Mutesi, uma menina de Uganda prodígio em xadrez e que fez história no esporte. Com a participação de Lupita Nyong’o como mãe de protagonista, o filme conta uma história inspiracional, mas sem pieguices, investigando a passagem da infância para adolescência alinhada à como é crescer a partir das expectativas próprias e dos outros.
O curta investiga o descobrimento da fotografia – e assim também a abertura de uma visão de mundo mais ampla – do menino João. Seu avô, um ávido fotógrafo do bairro de Campinas, em Goiânia (GO), empresta a João sua câmera, além de mostrar fotografias saudosistas do bairro. João descobre um caminho de ancestralidade, afeto, além de desenvolver uma relação com o território ao qual pertence.
Três irmãs nos seus vinte e poucos anos vivem juntas na casa que pertencia à sua avó, numa pequena cidade do Japão. A morte de seu pai, há muito afastado, obriga-as a conviver com uma irmã paterna, que vai morar com elas. Kore-eda, conhecido por sua delicadeza em retratar dramas cotidianos, conta a história de como essa nova família se forma em muitas cenas de refeição, fogos de artifício e andanças pela cidade.
A cineasta iraniana dirigiu A Maçã quando ela tinha apenas 17 anos: parte ficção, parte documentário, o filme acompanha a saída de duas irmãs em busca de uma fruta depois de anos de clausura domiciliar. Enquanto elas descobrem o mundo ao seu redor, com a inocência e frustração, o filme ressignifica questões como religião, feminismo e patriarcado.
Taeko é mulher adulta que leva uma estressante vida em Tóquio, com pouco tempo para si própria ou para se relacionar. Convidada a fazer uma viagem na cidade onde sua irmã mora para ajudá-la na colheita anual, a jovem tem a oportunidade de se conectar com ela própria criança e reavaliar o que ela deseja para sua vida. Embora voltado ao público infantil, o filme não se furta de temas como primeira menstruação, sexualidade, saudade e memória.
Rick é um menino que nunca se adaptou a nenhum de seus lares afetivos e uma mulher moradora de uma fazenda no meio das florestas da Nova Zelândia é sua última esperança. O filme do diretor neozelandês Taika Waititi fala sobre luto, superação e amizade colocando como pano de fundo um menino de grande sensibilidade e um homem mais velho que já perdeu as esperanças de que algo vai dar certo.