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publicado dia 23 de janeiro de 2013

Catarse completa dois anos com mais de 400 projetos realizados

Reportagem:

Em uma noite de 2010, ao descobrir o maior site de financiamento colaborativo – crowdfunding, em inglês – de projetos criativos do mundo, o Kickstarter, o então estudante de administração da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Luís Otávio Ribeiro, hoje com 23 anos, ficou tão entusiasmado que não conseguiu dormir: acreditava que o mesmo poderia ser feito por aqui. Mas, para viabilizar algo semelhante no Brasil era necessário primeiro reunir outras pessoas interessadas na proposta.

No contraturno, após as aulas, reunido com cinco amigos da faculdade, ele pensava em alternativas viáveis para fazer deslanchar a proposta. Era nesse tempo livre que discutiam propostas para negócios e planos de carreira alternativos aos que eram apresentados na faculdade, que tradicionalmente forma para trabalhar em bancos, consultorias ou no mercado financeiro. “Nós somos jovens. Temos fichas para queimar. Se não der certo, tentamos estágio ou emprego”, dizia na época o estudante. A ideia era correr riscos pelo que realmente acreditavam. Foi assim que surgiu a empreitada inicial, anterior ao bem sucedido Catarse, nomeada “Mercado de ideias”.

O projeto de site não deu certo e sequer chegou a ir ao ar, mesmo com a contribuição de um designer e de um programador contratados. Do grupo inicial de cinco colegas, três decidiram seguir outro rumo. Luís Otávio e o colega Diego Reeberg escolheram continuar.

No mesmo ano, Otávio viajou por seis meses para a Holanda – país com o qual se identifica, entre outras coisas, por sua afinidade com o filósofo do século XVII, Baruch Espinosa, uma das mais fortes referências locais. “É o pais no qual mais se fala em crowdfunding no mundo. Lá pude mergulhar no tema. Os holandeses têm tradição no comércio e foram eles que criaram o mercado financeiro numa perspectiva de empoderamento da sociedade civil frente ao Estado”.

O Nome

Ao mesmo tempo, Reeberg conheceu o gaúcho Daniel Weinmann, disposto à mesma iniciativa, mas focado no crowdsourcing – no caso, compartilhamento de recursos imateriais, como, por exemplo, compartilhamento de habilidades entre diferentes pessoas para desenvolver uma atividade ou projeto comum. Músico, bailarino de tango e programador web, Weinmann queria associar a proposta de crowdfunding que Reeberg apresentava a uma proposta cultural e artística.

Afinados, decidiram focar em um site de campanhas para financiar projetos culturais aparentemente pouco rentáveis, buscando que iniciativas até então adormecidas pudessem efetivamente acontecer e contribuírem para o desenvolvimento cultural do país. Eis que num insight, durante o banho, Daniel se lembrou da palavra “Catarse”. O site agora tinha um nome que resumia com clareza sua proposta. “Pensamos nas ideias que estavam presas nas pessoas e precisavam de apoiadores. Quando o proponente consegue a grana, a própria catarse acontece”, relembra Otávio.

O primeiro passo foi criar um blog e conectar interessados em debater o tema “financiamento colaborativo”. Dessa iniciativa surgiu um fórum de discussão online, pelo qual Otávio conheceu os irmãos Rodrigo e Thiago Maia, videomaker e designer cariocas.

Graças aos saberes complementares, decidiram unir forças e trabalhar juntos. “Em 17 de janeiro de 2011, o Catarse foi lançado com cinco projetos, a maioria vindo da própria comunidade que se reunia com o blog: dois de jornalismo, um de literatura, um de design e um de dança.”

Belo Monte
De lá para cá, o Catarse viabilizou 438 projetos financiados por 52.678 apoiadores. E hoje a equipe do site conta com nove pessoas entre curadores, comunicação e administrativo.

Um dos projetos mais marcantes foi a campanha pela pós-produção do documentário “Belo Monte, Anúncio de uma guerra”, viabilizado em dezembro de 2011 com a contribuição de 3.429 pessoas. “Belo Monte foi um choque de realidade pra gente. Percebemos o quanto é possível incidir na realidade, levando todos a pensar sobre os modelos de desenvolvimento do país”.

Futuro
Para o futuro, Luís Otávio acredita que nomes já estabelecidos e dispostos a buscar outras formas de viabilizar seus projetos, para além do patrocínio, edital ou lei de incentivo, recorrerão ao financiamento colaborativo. “Muda a forma de participação do público, não mais no lugar apenas de receptor. O que se propõe, além dos próprios projetos, são outras formas de engajamento”, conclui.

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