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publicado dia 20 de agosto de 2015

As crianças do Glicério têm um Cortejo pra chamar de seu

Reportagem:

Desde março deste ano, as ruas do Glicério, bairro do centro de São Paulo, têm se transformado em espaços de brincadeiras, cores e aprendizado. Com desenhos, textos e poesias nas mãos, crianças de diferentes idades percorrem o território acompanhadas por um grupo de Maracatu.

A iniciativa é fruto do projeto “Criança Fala na Comunidade – Escuta Glicério!” que, por meio de uma metodologia lúdica de escuta, busca incluir em políticas públicas, projetos arquitetônicos e pedagógicos, equipamentos, o que falam, pensam, veem e querem as crianças que vivem nessa região.

Para a socióloga Nayana Brettas, responsável pelo projeto, os Cortejos promovem a presença das crianças na cidade, humanizando os espaços públicos e sensibilizando as pessoas. Além disso, instauram um processo de aprendizagem e fortalecem os vínculos com a comunidade.“No caminhar pelas ruas, as crianças vão aprendendo e apreendendo os códigos da cidade, vão se apropriando e sentindo que fazem parte dela.”

crianças realizam cortejo no glicério
Grupo Mergulhatu acompanha as crianças no Cortejo.

O trajeto, ressalta ela, tem potencial para resgatar a sensibilidade, a ludicidade e a solidariedade hoje abafados pelo ritmo acelerado de uma metrópole como São Paulo. Em diálogo com algumas escolas do Glicério, entre elas, a EMEF Duque de Caxias, CEI Liberdade, CEI Quintal da Criança, EMEI Alberto de Oliveira, os Cortejos envolvem também as famílias e o Centro para Crianças e Adolescentes (CCA) local.

“Hoje temos algumas famílias que acompanham o Cortejo, uma vez que eles acontecem no horário de entrada e saída das escolas, quando os pais estão no portão para buscar e levar as crianças. E como passamos na rua do Glicério e na rua Sinimbu, onde há oito pensões que o Criança Fala atua, as famílias destas pensões saem às ruas sorrindo, cantando e dançando”, relata Nayana.

Ela avalia que o trabalho desenvolvido com os educadores desde o início do ano vem colhendo bons frutos. Além das produções em sala de aula, que desenvolvem e aprofundam o tema de cada Cortejo, Nayana acredita que as escolas estão vendo que é possível colocar as crianças nas ruas e extrapolar os muros da escola. “Depois que a escola realiza pela primeira vez o Cortejo, os educadores veem que funciona, o medo se rompe e todos começam a querer participar.”

fala criança realiza maracatu nas ruas do glicerio
Projeto Fala Criança promove a escuta e participação de meninos e meninas.

A experiência prática proporcionada pela vivência da cidade tem impactado também alunos que antes não se interessavam pelas atividades da escola. Segundo Nayana, são comuns relatos de professores surpresos pelo engajamento de estudantes. Ela atribui esses avanços ao contato com a diversidade que somente o espaço público proporciona. “É nele que se constroem relações de compreensão, respeito e cuidado com o outro.”

Desafiando a noção de que nos tornamos cidadãos apenas na vida adulta, Nayana destaca que esse processo tem feito com que as crianças se sintam valorizadas e pertencentes à cidade. “Escutar as crianças é possibilitar que elas se sintam cidadãs no tempo presente e não somente quando se tornarem adultas. Incluir os olhares e vozes das crianças por meio de processos lúdicos de escuta promove uma Cidade Educadora”, finaliza.

A 6ª edição do Cortejo ocorreu nesta quinta-feira (20/8), às 14h, e teve como tema a cultura popular. Até o final de 2016, o projeto prevê a formação de 15 estudantes da EMEF Duque de Caxias para que liderem os Cortejos. Por meio de oficinas, o grupo de meninos e meninas vai aprender a construir bonecões e alfaias, loas e a tocar. O Fala Criança na Comunidade – Escuta Glicério é uma ação do CriaCidade, com o apoio do programa São Paulo Carinhosa, da Prefeitura de São Paulo.

 

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