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publicado dia 5 de setembro de 2014

Artista plástica usa imagens imperfeitas para falar sobre respeito às diferenças

Reportagem:

Por Marina Lopes, do Porvir

Figuras desproporcionais, cabelos diferentes e peles coloridas. Com desenhos que fogem do comum, a artista plástica Carla Douglass utiliza a arte como ferramenta para lidar com as diferenças. Após percorrer por diferentes instituições de ensino para levar o mundo de Carlotas, um lugar onde todos são imperfeitos, a ideia agora é desenvolver o projeto de um portal com recursos para educadores trabalharem os temas imperfeição, respeito e empatia. Tudo isso com uma linguagem lúdica e bem humorada.

Os conteúdos serão direcionados para crianças e adolescentes, com faixa etária entre 6 e 18 anos. Em uma área exclusiva, os educadores terão acesso a vídeos explicativos e materiais para download. Em cada atividade, eles poderão contar com um roteiro de apoio que indica os objetivos da proposta, desenvolvimento e idade recomendada, sempre respeitando a autonomia do professor para criar em cima das atividades.

“As pessoas sempre buscam a faculdade perfeita, o emprego perfeito. A gente tenta viver em um mundo perfeito”, afirma Carla. Segundo ela, ao utilizar imagens imperfeitas para descontruir essa idealização, é possível abrir espaço para que os alunos sejam pessoas muito mais cooperativas e capazes de aceitar o outro. “Eles se transformarão em adultos livres de censuras e dos limites impostos por uma sociedade que é focada no perfeito.”

Para Carla, o caráter lúdico da arte ajuda a transmitir a mensagem com muito mais facilidade. “É uma linguagem global e não existe uma barreira social”, pontua. Em uma das atividades, por exemplo, os alunos serão estimulados a formar duplas para pintar uma folha inteira com grafite. De olhos vendados, eles deverão utilizar a borracha para criar traços e formar um desenho imperfeito. “Em uma atividade como essa, você também esbarra muito na questão do respeito. O seu traço é livre, mas vai apenas até onde começa o do outro”, explica a pedagoga Joice Risnic, ao mencionar a importância dos alunos entrarem em acordo ao dividir espaço em um mesmo papel.

O site também vai propor aos educadores a criação de um portfólio com os alunos. “Ele vai receber todas as atividades e representar a história daquele grupo se relacionando com mundo de Carlotas”, conta a pedagoga. Porém, longe de ficar arquivado em uma gaveta, a ideia é que todos os trabalhos sejam expostos. “Quando a sua arte fica exposta, ela não é mais sua. Ela se torna de todo mundo”, destaca Joice.

Financiamento coletivo

Para viabilizar os recursos necessários para o site, o projeto do Portal Carlotas está em financiamento coletivo no site Partio, que apoia projetos culturais. A campanha de arrecadação está dividida em três fases. Na primeira, o projeto tem até o dia 3 de outubro para arrecadar R$ 22 mil no financiamento coletivo, o que garante o desenvolvimento do portal e a disponibilização de atividades. Se atingir a meta inicial, com R$ 44 mil o portal também estará pronto para oferecer fóruns de interatividade e com R$ 66 mil uma loja virtual para vender os produtos de Carlotas. Os apoiadores podem contribuir com valores a partir de R$ 25. Cada doação terá uma contrapartida, que pode vir na forma de cadernos personalizados, ilustrações e telas exclusivas. Todos pintados pela artista plástica Carla Douglass.

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