Chicago Summer of Learning
Publicado dia 20 de setembro de 2016
Publicado dia 20 de setembro de 2016
As férias escolares nos Estados Unidos costumam durar três meses, espalhando-se por todo o verão, entre maio e setembro, dependendo do estado, para que os estudantes possam desfrutar do clima ameno. O grande bloco de tempo livre, no entanto, também pode ser usado para atividades que conectam a cidade, aprendizado, atividades extra-curriculares e até ganhos de créditos escolares. Essa foi a aposta do programa Chicago Summer of Learning [Verão do Aprendizado, em tradução livre] da cidade de Chicago, Illinois, realizado pela prefeitura da cidade em conjunto com a MacArthur Foundation e mais de cem organizações da sociedade civil, durante o verão de 2013.
O sucesso do Chicago Summer of Learning motivou a criação do programa Chicago City of Learning, que extrapola as atividades realizadas durante as férias de verão para todo o ano, sob o lema de que a “cidade é um grande campus”. Associado com universidades da cidade, com a prefeitura e com equipamentos públicos e empresas da maior cidade do estado de Illinois, o City of Learning faz valer os ativos educativos da cidade e revela novos professores e estudantes no espaço urbano.
Verão do Aprendizado
“As férias longas acabam por causar o ‘summer slump’ [queda na memorização dos conteúdos durante as férias], ou seja, os jovens passam o verão muito ociosos e a volta às aulas se torna revisão de conteúdos”, conta Sybil Madison-Boyd, coordenadora da Digital Youth Network, que participa da coordenação do projeto. Mas a iniciativa passa longe de repetir os moldes e currículos escolares: a ideia é engajar os estudantes em suas áreas de interesse e colocá-los em contato com organizações das mais diferentes áreas: moda, produção de vídeo, jornalismo, arquitetura, planejamento urbano, música, ciência e pesquisa.
O Chicago City of Learning extrapola as atividades realizadas durante as férias de verão para todo o ano, sob o lema de que a “cidade é um grande campus”
A cada atividade vivenciada por um jovem, ele é premiado com um ‘badge’ [insígnia] que representa a habilidade adquirida naquele evento. O sistema, que parece mimetizar a estrutura de jogos de RPG online e do mundo do escotismo, espera se expandir. “A longo prazo, esperamos usar esses ‘badges’ para conectar crianças e adolescentes com pessoas e oportunidades de aprendizado, bolsas de estágio”, projeta Sybil.
Encontros
“Eu estava perdida, aí ouvi falar do assunto por alguns amigos e resolvi participar. É bem melhor do que ficar em casa sem fazer nada, limpando”, relatou Aryanna Amos, 17, estudante do sistema público de ensino de Chicago e que esteve envolvida nas atividades da Kuumba Lynx, uma organização que visa, a partir da arte e do hip hop, estimular nos jovens criatividade, liberdade e consciência social. “É mais do que arte ou do que as pessoas entendem por arte. Conseguimos, nesse verão, nos articular com várias outras organizações e esperamos que isso siga frutificando passado o verão”, revela Tom Callahan, do Kuumba Lynx, que trabalhou como mentor do Summer of Learning.
“São tantas oportunidades de aprendizado, tantas organizações em comunidades pobres sem ter como chegar aos estudantes, tantos jovens sem ter o que fazer. Isso aumenta a importância de armarmos essa rede de conexões ”, avalia Sybil. “A melhor coisa que fizemos foi mostrar para os adolescentes e suas famílias o tanto que há para fazer na comunidade.”
Em mais de uma oficina aberta na cidade, jovens que passavam pelo local viram o que estava acontecendo e se juntaram para participar. Foi também o caso da Chicago Architecture Foundation, que recebeu estudantes dispostos a repensar a estrutura de um parque na cidade. “É importante pois eles vão pensar um serviço público que eles próprios vão usufruir. São várias esferas de engajamento cívico que foram proporcionadas. E conseguimos fazer com que eles se apaixonassem pelo que estavam fazendo, pois eles próprios escolhiam o que fazer”, lembrou Sybil, ao citar um jovem que, após participar das oficinas de arquitetura, começou a se articular com profissionais para planejar sua carreira.
“Foi bem cheio meu verão. Passei editando filmes, tirando fotos, fazendo designs, curtas. Fiz até uma adaptação de ‘500 Dias com ela’. Aprendi muita coisa”, ressaltou Brandon Powns, 15, que se envolveu em atividades das mais diversas nesse verão. “Foi um jovem bem assíduo”, avaliou Carolina Gonzales, coordenadora do projeto. Para ela, o Summer of Learning serviu como uma ponte entre organizações e jovens, que deixaram de apenas jogar vídeo-game nas férias. “Foi excelente para os jovens e para a cidade. Desde robótica, trabalho social, visitas à museus. Os estudantes viram que há algo para todo mundo”, concluiu.