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A Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp) deixará de ser um programa para efetivamente virar instituição de ensino. O governo do Estado está finalizando projeto de lei que cria a nova universidade, para acelerar a formação de professores e ampliar a oferta de cursos de graduação a distância. A proposta deve seguir até junho para a Assembleia Legislativa, onde o governo tem maioria.

Segundo o coordenador da Univesp, Carlos Vogt, a ideia é montar uma estrutura enxuta, com quadro permanente de 40 professores, dos quais 35 doutores e 5 titulares. E um corpo de funcionários técnicos e administrativos de “no máximo” 95 pessoas – neste grupo estão incluídos os tutores, responsáveis por acompanhar os alunos no desenvolvimento das atividades.

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A equipe ganhará reforços de acordo com a necessidade de preparar cursos e disciplinas. “Contrataremos (professores) por tempo determinado, para cumprir essas tarefas”, afirmou Vogt ao Estadão.edu. Os cursos seguirão o modelo atual, com aulas a distância e encontros presenciais pelo menos uma vez por semana.

Depois de criada, a Univesp precisará ser credenciada pelo Conselho Estadual de Educação e pelo MEC, para emitir diplomas. O processo pode demorar entre um e dois anos.

Para Vogt, a autonomia permitirá a realização de pesquisas para detectar demandas por novos cursos. “É uma maneira de nós irmos ao encontro da própria cultura da juventude alfabetizada digitalmente.”

Greve

O programa Univesp foi lançado em 2008 como um consórcio entre as três universidades estaduais paulistas (USP, Unesp e Unicamp) em parceria com o Centro Paula Souza e a Fundação Padre Anchieta. A ideia era oferecer cursos de graduação, pós e de educação continuada.

Na época, o projeto entrou na pauta da greve de professores e servidores. Eles veem na iniciativa o esvaziamento da autonomia universitária e o comprometimento da excelência do ensino superior público.

Atualmente, a Univesp tem turmas de duas licenciaturas (em Ciências, em parceria com a USP; e em Pedagogia, com a Unesp) e de duas especializações (em Ética, Valores e Saúde na Escola; e em Ética, Valores e Cidadania na Escola, ambas em convênio com a USP). Também já ofereceu cursos de inglês e espanhol, com 8 meses de duração, a alunos das escolas técnicas e faculdades de tecnologia do Estado (Etecs e Fatecs).

Os cursos de graduação e pós são semipresenciais, ou seja, têm atividades online e encontros presenciais (que somam de 35% a 60% da carga horária total). Os alunos também assistem a programas produzidos pela Fundação Padre Anchieta e veiculados no canal digital 2.2, da TV Cultura. A seleção dos estudantes é feita pelas universidades, que formulam o conteúdo das disciplinas e emitem os diplomas.

Estão em fase final de preparação um curso tecnológico em Processos Gerenciais, em parceria com o Centro Paula Souza, e uma especialização em Formação de Professores de Língua Brasileira de Sinais (Libras), em conjunto com a Unicamp.

No País, diz Vogt, o aumento da procura por cursos a distância de formação de professores está ligado à diminuição dessa demanda nas graduações presenciais. “O cidadão quer o diploma, então o Estado precisa oferecer a alternativa do ensino a distância gratuito e de qualidade.”

Qualidade

Para o presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), Frederic Litto, existe uma “atitude elitista” quando servidores e alunos universitários questionam a Univesp. “Em vez de dizer ‘Sim, nós queremos mais paulistas em todo o Estado participando dos cursos’, eles dizem ‘Não, educação a distância não tem qualidade’. Que absurdo! Que comportamento antidemocrático” critica.

Bacharel em Geografia pela USP, o professor Rubens Odilon Oliveira Filho, de 32 anos, está fazendo o curso de Pedagogia do programa Univesp. “Todo curso tem problema. Este tem, o da USP também tinha”, diz. Ele voltou a estudar em busca de melhorar a prática de sala de aula e de novas oportunidades profissionais – quer trabalhar com gestão escolar. “O material é de qualidade, os orientadores se preocupam com os alunos e minhas perguntas não ficam sem resposta.”

O professor Celso Nobuo Kawano Junior, de 25, é aluno da outra licenciatura da Univesp, a de Ciências. Ele se formou em Biologia, em 2007, numa faculdade particular, e foi efetivado no ano passado como professor da rede estadual de ensino. “Biologia me deu formação específica numa área. Com a licenciatura, vou expandir as possibilidades de carreira”, conta Celso, que está no 3.º módulo do curso da USP. “O primeiro módulo foi bem puxado. Estudava de seis a oito horas por dia, e ainda tinha aula presencial todo sábado.” O professor diz que olhava a educação a distância com desconfiança antes de ser aluno. “Agora posso dizer que o nível de exigência, a qualidade dos profissionais, a competência, são no mínimo as mesmas.”

Marcelo Ishii, de 26 anos, mora em São José dos Campos, mas tem aulas presenciais da licenciatura em Ciências junto com Celso Kawano, no polo de São Paulo. Professor de física e matemática em escolas particulares, Marcelo quis fazer um novo curso superior para “pegar ritmo” e, depois, tentar o mestrado. “Já tentei fazer um curso presencial aqui mesmo, em São José, mas a obrigatoriedade de ir todo dia à noite para a faculdade, trabalhando o resto do dia, deixava as coisas complicadas”, afirma. Ele estuda pelo menos duas horas por dia na Univesp. “Tenho que organizar o horário certinho, senão eu me perco.”

(Estadão)

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