Divulgado na noite de quarta-feira, o ranking Times Higher Education (THE) sobre a reputação das instituições de ensino colocou Harvard mais uma vez no topo do ensino mundial. Estudar na universidade americana é um sonho para jovens de todo o mundo que pode se tornar mais próximo dos brasileiros. Em entrevista ao Terra, o diretor de admissão de Harvard disse que a universidade quer atrair cada vez mais talentos do Brasil. “Os brasileiros estão muito interessados em estudar fora do País e nós esperamos que o número de alunos em Harvard cresça a cada ano”, afirma James Pautz.
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Atualmente, apenas cinco brasileiros fazem cursos de graduação em Harvard, sendo que um deles já estudava fora do País quando ingressou na instituição. “Três brasileiros estão no primeiro ano de estudos, o que demonstra um aumento em relação aos anos anteriores”, afirma. Para ele, o desempenho da universidade em rankings internacionais aumenta a visibilidade ao redor do mundo e ajuda a atrair novos talentos. “Estamos divulgando o nosso programa de assistência financeira para que os estudantes saibam que Harvard está aberta para todos, independente das condições financeiras”, afirma.
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Deborah Alves faz parte do pequeno grupo de brasileiros que conseguiu uma bolsa para estudar em Harvard. Ela ingressou na universidade americana em agosto do ano passado após passar por um rigoroso processo de seleção. “A seleção para Harvard é bem complexa. Eles tentam avaliar várias características do candidato, não só a parte acadêmica, como as atividades extracurriculares e a própria história de vida. Então o candidato precisa enviar diversas redações respondendo a algumas perguntas, como falar sobre alguém que te influenciou, a atividade extracurricular mais significativa, alguma experiência acadêmica importante”, afirma a jovem, que concluiu o ensino médio em uma escola particular de São Paulo e coleciona medalhas de campeã em olimpíadas de matemática no Brasil e em outros países.
“As olimpíadas de matemática com certeza foram um diferencial pra mim porque foi uma atividade para a qual eu me dediquei bastante e consegui me destacar dos demais candidatos”, afirma Deborah. O diretor da universidade concorda que as atividades extracurriculares contam muitos pontos na seleção. “A admissão não é baseada em uma única prova, como o vestibular. Os candidatos fazem alguns testes padrão, mas eles são avaliados em conjunto com outros critérios, como o currículo acadêmico, a atividade extraclasse e a análise de seus interesses para o futuro”, explica Pautz.
Um comitê formado por pelo menos 40 especialistas analisa o desempenho dos candidatos, que só são selecionados quando tiverem a opinião favorável da maioria do grupo. Depois dessa etapa é definido o valor das bolsas, calculadas de acordo com a renda familiar. Segundo Pautz, as condições financeiras não interferem na escolha dos estudantes. “Cem por cento das ajuda financeira é dada com base na necessidade da família. Harvard não oferece bolsas a partir de um destaque acadêmico, atlético ou artístico, nem com base no País de origem. Todos os alunos, independente da origem, se são americanos ou não, são candidatos ao mesmo auxílio financeiro”.
O diretor de admissão explica que famílias com renda bruta anual de até US$ 65 mil recebem bolsas integrais. A partir desse valor, as bolsas passam a ser parciais. A brasileira que foi para Harvard no ano passado mora em um dormitório dentro da universidade, recebe uma bolsa para custear os estudos e afirma que gasta basicamente com despesas pessoais. “Está tudo dentro da bolsa, moradia, alimentação e seguro médico”.
Muito a fazer pelo Brasil
Deborah ainda não escolheu qual graduação vai seguir, pois em Harvard no primeiro ano é possível fazer disciplinas genéricas. Mas ela diz que pretende apostar nas áreas de ciência da computação e matemática. Sobre o futuro, a jovem paulista destaca a vontade de retornar ao Brasil. “No começo quero ficar por aqui (Estados Unidos) porque tem muitas empresas onde eu posso trabalhar e aprender muito, mas a médio ou longo prazo pretendo voltar com certeza porque acho que tem muito a ser desenvolvido no Brasil e eu quero fazer parte disso”.
Para a estudante, “Harvard é uma coleção de coisas incríveis”. “Eu me empolgo cada dia mais com os meus cursos. Eles incentivam muito a buscar o que você quer e dão toda a oportunidade e o apoio que você precisa. O fato de morar na universidade também é bem legal, porque você participa dessa comunidade de alunos e faz muitas amizades. É muito bom principalmente para quem vem de fora e está longe dos amigos e da família”, afirma a estudante, que aponta como principal dificuldade a maratona de trabalhos. “Nós não temos muitas horas de aula, o que é mais difícil aqui é a quantidade de trabalhos. Meu horário é bem variado, tem dias que tenho aula das 11h às 16h e outros que tenho uma ou nenhuma hora de aula”, conta.
Deborah conta que a adaptação nos Estados Unidos não foi difícil, já que em Harvard há estudantes de todo o mundo que ajudam a se acostumar com os hábitos dos americanos. ” Só no meu ano tem alunos de uns 70 países diferentes. Alguns dos meus melhores amigos são da Grécia, Líbano, Austrália, Bangladesh, Bulgária, Índia, são muitos países”, completa a jovem que pretende vir ao Brasil em junho, quando tem início às férias de verão em Harvard.
Sobre Harvard
Harvard é uma universidade privada dos Estados Unidos, fundada em 1636. Possui21 mil estudantes de graduação e pós-graduação de mais de 200 países. O campus fica localizado em Cambridge, no estado de Massachusetts. É uma das instituições de ensino mais prestigiadas do mundo, com 44 prêmios Nobel conquistados por acadêmicos. Possui uma biblioteca com cerca de 16,2 milhões de volumes.