publicado dia 24 de abril de 2012
Os estudantes da USP que invadiram a reitoria da universidade em novembro do ano passado começaram a receber ofícios para depor em uma comissão processante que avaliará quais medidas serão tomadas pela instituição. A comissão, formada por três professores de unidades diferentes das quais os alunos fazem parte, deverá ouvir cada um dos 51 universitários que participaram da ocupação do prédio. Cerca de dez deles já foram chamados. O processo pode acabar com a expulsão dos estudantes.
“É um recado direto da reitoria de que eles estão dispostos a fazer uma perseguição politica e ideológica dentro da universidade”, afirma o aluno de Ciências Sociais Pedro Serrano, diretor do DCE. Segundo ele, o diretório se prontificou a assinar a defesa de todos os estudantes e, apesar de a invasão ter sido motivo de discórdia entre os alunos, o DCE está na linha de frente para defender os invasores. “Nada justifica que, em 2012, dezenas de estudantes sejam processados e expulsos por um decreto que foi constituído na ditadura militar.”
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O decreto 52.906 do regimento geral da universidade, citado por Serrano, foi estabelecido em 1972 e prevê a “eliminação” do estudante “nos casos em que for demonstrado, por meio de inquérito, ter o aluno praticado falta considerada grave”.
Para Diana Assunção, diretora do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), o processo administrativo é uma forma de a reitoria “continuar perseguindo e amedrontando” alunos e funcionários. “Estamos organizados e vamos lutar contra essa perseguição política”, diz. Ela também foi detida na operação policial de reintegração de posse.
Depois de ouvir os estudantes, a comissão irá decidir se abre ou não processo administrativo. Caso o processo seja aberto, ele é repassado a uma comissão de sindicância. Segundo a assessoria da USP, o processo pode levar algum tempo e não há previsão de quando a decisão será tomada.
(Estadão)