publicado dia 2 de maio de 2012
A informação da Unicamp de que os alunos que vieram de escolas públicas, beneficiados por pontos extras no vestibular, acabaram no mesmo nível dos que saíram dos colégios privados, mostra como a seleção para entrar nas melhores faculdades é falha –e como é uma questão não só de justiça, mas de meritocracia, favorecer os mais pobres.
O fato é o seguinte: os ricos já têm cotas. Isso porque passaram toda a vida em boas escolas, com psicólogos, aulas particulares, viagens, estímulos culturais, tratamento de saúde, cursos de línguas. Natural que se saiam melhor no vestibular.
Mesmo assim, acabam no mesmo nível dos alunos das escolas pobres.
O motivo é simples: eles são esforçados, têm garra, desenvolveram a resiliência. Certamente têm a mesma inteligência. E correm atrás do tempo perdido. No longo prazo, acabam se destacando. Ou seja, o ensino superior não perde qualidade. Pelo contrário, ganha qualidade. A função do vestibular é garantir o mérito.
A cota dos ricos é garantida pela desigualdade. Chega a ser uma covardia.
O mínimo que deveria ocorrer (mínimo, repito) é exigir que, em contrapartida ao curso gratuito, os mais ricos paguem em serviços comunitários. Ou devolvam o dinheiro em prestações, quando começarem a trabalhar.
Esse dinheiro extra poderia bancar bolsas aos mais pobres para que não sejam obrigados a trabalhar.