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Palavras estão competindo diariamente em uma luta quase darwiniana por sobrevivência. Pelo menos é o que diz uma nova pesquisa na qual pesquisadores analisaram mais de dez milhões de palavras usadas nos últimos 200 anos.

Retirando seu material do projeto de digitalização de livros do Google, a equipe internacional de acadêmicos rastreou o uso de cada palavra registrada em inglês, espanhol e hebraico em um período de 209 anos entre 1800 e 2008. Os cientistas disseram que o estudo mostra que “palavras são atores em competição em um sistema de recursos finitos”, e, assim como empresas financeiras lutam por cota de mercado, palavras competem para serem usadas por escritores ou falantes, e para então capturar a atenção de leitores ou ouvintes.

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Tem havido um “drástico aumento na taxa de mortalidade das palavras” na era moderna da impressão, descobriram os acadêmicos. Eles atribuíram isto ao uso crescente de corretores gramaticais automáticos e a processos mais rigorosos de edição, apagando erros de digitação. “A maior parte das mudanças no vocabulário nos últimos dez a 20 anos ocorreram devido à extinção de palavras mal escritas, erros de impressão gritantes, decrescente taxa de novas variações de erros de digitação e novas palavras realmente genuínas”, escreveram os cientistas no artigo recém-publicado. “As palavras que estão morrendo são aquelas de uso relativamente baixo. Nós confirmamos por inspeção visual que as listas de palavras morrendo contêm principalmente palavras mal escritas e palavras sem sentido.”

Mas não são apenas palavras “defeituosas” que morrem: às vezes palavras são levadas à extinção por competidores agressivos. A palavra “roentgenografia”, por exemplo, derivada do nome do descobridor dos raios-x, William Röentgen, foi vastamente utilizada por várias décadas no Século 20, mas desafiada por “raio x” e “radiografia”, agora caiu em desuso completamente. Raio x venceu seus sinônimos em 1980, especulam acadêmicos, por ser uma palavra “pequena e eficiente”. “Cada uma das palavras está competindo para ter um monopólio em quem consegue ser o protagonista”, disseram pesquisadores à American Physical Society.

A frase “A Grande Guerra”, usada por um período para descrever a Primeira Guerra Mundial, caiu em desuso por volta de 1939, quando outra guerra de proporções iguais atingiu o mundo.

A linguagem é “drasticamente” afetada pela ocorrência de grandes eventos como guerras, descobriram os cientistas, com o crescimento de palavras aumentando “significativamente” em inglês, francês, alemão e russo durante a Segunda Guerra Mundial. “Isto pode ser entendido como uma manifestação da unificação da consciência pública, que cria terreno fértil para novos tópicos e ideias”, escrevem os acadêmicos. “Durante a guerra, as pessoas podem estar mais suscetíveis a terem sua atenção atraída para assuntos globais”. O aumento não foi visto na língua espanhola durante o mesmo período, eles descobriram. Isto foi atribuído pelos especialistas aos papéis menores da Espanha e da América Latina na guerra. A língua hebraica, ao mesmo tempo, teve um grande aumento de palavras logo após a Declaração de Balfour, em 1917, um evento que efetivamente pavimentou o caminho para a criação do Estado de Israel. Em 1920, a incidência de palavras em hebraico aumentou cinco vezes, já que a língua previamente usada principalmente para escrita religiosa se tornou uma língua moderna falada.

“Análogo a recessões e booms em uma economia global, o mercado para palavras aumenta e diminui à medida que eventos históricos se desdobram”, eles escrevem. “E em analogia a regulações financeiras feitas para limitar risco e dominação de mercado, tecnologias de padronização como o dicionário e corretores ortográficos servem como árbitros poderosos em determinar as propriedades características da evolução da palavra.”

(Opinião e Notícia)

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