publicado dia 12 de abril de 2012
Surge uma nova plataforma digital colaborativa, agora voltada aos estudiosos das cidades, das construções e da memória, o Arquigrafia. Dedicado a disponibilizar o registro fotográfico da arquitetura em todo o país e suas modificações ao longo do tempo, o site contará com o acervo digital de 37 mil slides da Faculdade de Arquitetura da USP (FAU), inseridos gradualmente.
No Arquigrafia o usuário poderá postar suas fotos e os respectivos dados de catalogação, bem como fazer download das imagens do seu interesse. As fotografias constarão georreferenciadas e também pela forma arquitetônica – o internauta poderá encontrar referências por tipos de “pontes” ou de “arcos”, por exemplo.
Além disso, está previsto o acesso por dispositivos móveis. Segundo o professor Artur Rozestraten, da FAU e integrante da equipe de desenvolvimento do site, “a ideia é que os usuários possam fazer um passeio arquitetônico por uma cidade, amparados por outros que já conhecem o lugar e sugerem espaços e edifícios de interesse”, diz.
Sem previsão de estreia, o site funciona numa versão beta e, por enquanto, é necessário solicitar a participação por e.mail no endereço [email protected].
Na entrevista a seguir, Rozestraten revela como será a interface, o funcionamento e a política de compartilhamento no site.“O Arquigrafia está aberto e disposto a acolher contribuições pessoais de professores, arquitetos e fotógrafos de todo o Brasil”, convida ele.
Portal Aprendiz – Qual o objetivo do Arquigrafia?
Artur Rozestraten – O principal objetivo é constituir um ambiente colaborativo na Web 2.0 para o intercâmbio, a análise crítica e a interpretação de imagens digitais de arquiteturas e ambientes urbanos, proporcionando a reunião de coleções particulares e acervos institucionais em um mesmo espaço na Internet, para amplo acesso público e gratuito.
Aprendiz – A ideia surgiu para atender a qual necessidade?
Rozestraten – A ideia surgiu como uma alternativa para o enfrentamento das necessidades próprias da docência em disciplinas relacionadas à história da arquitetura e do urbanismo no Brasil, na lida diária com a carência de material visual disponível na Internet sobre as várias realidades de diferentes regiões geográficas do Brasil, e suas transformações ao longo da história.
Aprendiz – Quem desenvolveu o Arquigrafia?
Rozestraten – O projeto Arquigrafia é desenvolvido por uma equipe multidisciplinar de pesquisadores do IMEUSP (Instituto de Matemática e Estatística; Prof. Dr. Marco Aurélio Gerosa e Prof. Dr. Fabio Kon), FAUUSP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) e ECAUSP (Escola de Comunicação e Artes; Profa. Dra. Maria Laura Martinez), contando com suporte da FAPESP, da Pró-reitoria de Pesquisa da USP, e com o apoio de vários colaboradores como a Biblioteca da FAUUSP, o Portal Vitruvius, a Benchmark Design Ltda., a BRZ Comunicações, a Wikimedia, além de fotógrafos especializados em arquitetura, arquitetos e estudantes de arquitetura que, como usuários de teste, têm colaborado com o projeto desde 2010.
Aprendiz – A plataforma contará com diferentes mídias?
Rozestraten – Inicialmente o Arquigrafia estará concentrado em imagens fotográficas, mas espera-se, em breve, que vídeos e desenhos também venham a se somar a este acervo digital.
Aprendiz – Na prática, como vai funcionar?
Rozestraten – No ambiente do Arquigrafia será possível navegar e realizar buscas e pesquisas em conjuntos de imagens de arquiteturas de diferentes lugares e de tempos distintos, através de palavras-chave, georeferenciamento e características plástico-espaciais. Com a participação ativa e colaborativa de estudantes de arquitetura, professores, arquitetos, fotógrafos e pessoas interessadas em arquitetura, será possível conhecermos melhor a produção presente e passada das várias regiões do país, na medida em que os usuários podem expor suas imagens na rede, para a análise e comentários de outros usuários, gerando discussões que permitem o avanço do conhecimento na área.
Aprendiz – Como será administrado o licenciamento das imagens?
Rozestraten – Cada usuário, como autor de imagens, irá caracterizar suas imagens com uma licença Creative Commons que preserva os direitos autorais e permite determinados usos, como o uso acadêmico, e até mesmo o uso comercial. No momento, a equipe do Arquigrafia aproxima-se da Wikimedia, pretendendo consolidar uma colaboração intensa entre os dois ambientes, amparada em princípios comuns de produção colaborativa de conteúdos educacionais na Web, livres e sem fins lucrativos.
Aprendiz – Quem pode participar?
Rozestraten – O Arquigrafia é aberto a qualquer usuário interessado no tema, mas tem seu perfil predominante caracterizado como estudantes de arquitetura, arquitetos e urbanistas, professores na área, e fotógrafos.
Aprendiz – Dá para acessar do celular?
Rozestraten – O acesso com dispositivos móveis e sistema Android ainda encontra-se em etapa experimental. A equipe trabalha para que, valendo-se de dispositivos móveis, os usuários possam, por exemplo, fazer um passeio arquitetônico por uma cidade amparados por outros usuários que já conhecem o lugar e sugerem espaços e edifícios de interesse. Este usuário, por sua vez, também poderá fotografar esta cidade enquanto a percorre, e tornar-se um colaborador que produz e cede imagens ao acervo coletivo do Arquigrafia.
Aprendiz – O arquivo digital da FAU estará disponível? Existem outros acervos disponíveis?
Rozestraten – Todo a coleção de slides da Biblioteca da FAU-USP referente à arquitetura brasileira está sendo digitalizada e pretende-se disponibilizar todo este acervo, de cerca de 37 mil imagens, gradualmente, no Arquigrafia. Outro acervo que pretende-se disponibilizar, em breve, no ambiente colaborativo do Arquigrafia são as imagens digitais do Portal Vitruvius, também referentes à arquitetura brasileira, com o apoio do Arquiteto e Professor Abílio Guerra e de toda a equipe Vitruvius.
Além destas imagens, outros acervos pessoais de slides de professores da FAU, aposentados e na ativa, também estão em estudo para digitalização e acesso online. Como ambiente colaborativo, o Arquigrafia está aberto e disposto a acolher contribuições de outras instituições, como bibliotecas e faculdades de arquitetura, assim como contribuições pessoais de professores, arquitetos, fotógrafos de todo o Brasil que compartilhem do mesmo ideal de difusão cultural pública e aberta na Internet.