publicado dia 21 de março de 2012

Um dos meus prazeres profissionais é saber que aquele documento que eu pedi para o José Serra assinar, durante sabatina da Folha, comprometendo-se a cumprir seu mandato, virou um tema de discussão sobre a cidade de São Paulo. Um documento que ele agora chama de papelzinho –o que considero um papelão, por desrespeitar a palavra empenhada e o valor de uma promessa.
Prazer porque meu objetivo era ajudar o paulistano a pensar de forma mais elevada sobre sua cidade –elevada e civilizada–, não permitindo que fizessem daqui um trampolim político. A democracia de verdade começa na cidade e, mais ainda, nos bairros. Não em Brasília.
Tenho tentado aqui neste espaço mostrar que ser prefeito é ter a grandeza de exercer a arte das pequenas soluções locais. Daí que sempre busco mostrar soluções municipais dentro e fora do Brasil.
O papelzinho vale para muita gente. Gabriel Chalita foi eleito vereador e logo foi embora, antes de acabar seu mandato – exatamente como fizeram José Aníbal e Soninha. O PT vê na disputa paulistana um trampolim para ganhar o Palácio dos Bandeirantes e, assim, facilitar sua hegemonia nacional.
O papelzinho serve agora como um antídoto. Não boto, claro, a mão no fogo, mas acho muito mais difícil que Serra repita o gesto de deixar de novo a prefeitura, caso eleito. Isso vale para qualquer candidato.
Vamos assim, aos poucos, criando a mentalidade de que a Prefeitura de São Paulo não é um meio, mas um fim. Esse é o grande papel de um prefeito.
A cidade tem tantos e tão profundos problemas que exige um administrador que não pense nas próximas eleições, obrigado a tomar medidas impopulares.