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A Organização das Nações Unidas (ONU) alerta: até 2050 dois terços da população mundial viverão nos grandes centros. São Paulo e Rio de Janeiro estão na lista das 30 cidades com maior contingente populacional, que somará mais de 9 bilhões.

Os números assustam e mostram que virá uma série de desafios. Para onde vai o lixo gerado? Haverá comida e água para todos? A infraestrutura das cidades vai comportar essa massa? E o sistema de saúde e de educação? Essas são apenas algumas perguntas que acionam o alerta vermelho indicando a necessidade de construir um futuro melhor a partir de agora. Foi dada a largada!

Nos últimos anos, avanços foram observados em diversos setores da economia, como saúde, infraestrutura, saneamento e educação, especialmente nos países mais desenvolvidos. Mas ainda há um longo caminho pela frente para garantir excelência aos cidadãos e possibilitar crescimento sustentável em escala global.

Nesse cenário, a tecnologia da informação (TI) surge como protagonista. Ela pode sanar problemas reais da sociedade e revolucionar a vida das pessoas, apontam especialistas do setor. Mas sozinha não é capaz de mudar nações. É preciso aliar criatividade e inteligência. “TI não apenas transforma o mundo, como também abre novas perspectivas e amplia o leque de oportunidades”, resume Pedro Bicudo, sócio-diretor da consultoria TGT Consult.

Bruno Arrial dos Anjos, analista sênior de Mercado da Frost & Sullivan, explica de que forma uma nação aproveita as oportunidades que TI traz. São três estágios. O primeiro é o acesso, depois vem o uso, e, por último, a colheita dos  frutos. “De acordo com relatório do Banco Mundial, o Brasil está na 56ª posição entre 138 países em acesso à TI. Quando o tópico é uso, o País cai para o 110º lugar. Há muito que ser feito”, reconhece.

Segundo ele, o ponto nevrálgico para mudar o panorama é apostar em gestão. “Planejar o futuro das cidades é o caminho que deve ser seguido. O que vivemos hoje é fruto de anos e anos de ações não planejadas. TI é alavanca.” No País, a criação de um polo regional tecnológico aceleraria os passos para melhorias em diversas áreas formando um ciclo virtuoso, acrescenta.

E explica. “Se o Brasil construir data centers, será referência em terceirização de TI e cloud computing, fortalecerá a economia e levará empresas de telecom a aperfeiçoar a qualidade de rede, aprimorar a energia e a sustentabilidade etc. Isso beneficia toda a região, atrai investimentos e promove melhorias.” Índia e Malásia já implementaram essa estratégia, completa.

Outro benefício dessa atividade, destaca, é o investimento em educação e pesquisa para formar recursos humanos qualificados. Marcos regulatórios também fazem parte do quadro para fomentar a cadeia de valor.
Já Bicudo acredita que o governo tem papel fundamental na corrida rumo a um mundo melhor e deve tratar tecnologia como um bem disponível para todos, independentemente da classe social. “TI ainda é vista como luxo, algo muito caro. É necessário inverter esse pensamento”, diz.

No entanto, Arrial dos Anjos acredita que esse quadro está mudando e a TI passando a fazer parte da agenda pública. Em solo nacional, ele cita como exemplo Minas Gerais, que centralizou a administração do governo estadual em uma cidade digital para modernizar a gestão pública, aumentar a eficiência dos serviços prestados e atender a mais pessoas em menos tempo, contemplando requisitos de qualidade.

“Tecnologia da informação é reconhecida como estratégica para vários governos ampliarem competitividade e é considerada tão vital quanto energia e telecomunicações”, opina. “Competitividade gera crescimento econômico, que, por sua vez, amplia a qualidade de vida”, completa.

A movimentação do governo cresceu, diz Fernando Faria, diretor de Soluções de Governo, Saúde e Educação da Oracle para a América Latina, porque setores como finanças, varejo e telecomunicação têm implementado tecnologias para se transformarem nos últimos dez anos e estão mais maduros. “Hoje, o cidadão demanda mudanças na forma como se relaciona com os órgãos públicos e o governo tem percebido que TI é aliada na promoção de transparência e eficácia”, aponta.

A indústria está em linha. Segundo ele, a Oracle tem uma abordagem chamada e-Government, conjunto de iniciativas para o setor público, que busca mudar a interação entre governo, empresas e cidadão. “Temos nos preocupado em ajudar o setor público a aprimorar essa relação e torná-la mais inteligente. A vertical é importante agente transformador”, assinala.

Um governo que conseguiu mudar a interação com ajuda da Oracle, diz, foi o de Nova York. Há nove anos, a cidade passou a contar com um telefone único para atendimento ao cidadão, o 311, e vem aprimorando serviços diversos. “O modelo foi expandido para Madrid e estamos começando a discuti-lo no Brasil, que deverá, por meio da tecnologia, fazer com que solicitações sejam mais rápidas, evitando ainda o deslocamento para resolver questões com o setor público e diminuir gargalos”, afirma.

Na opinião de Faria, o investimento em cidades é ponto central para mudar a forma como as pessoas vivem e trabalham hoje e a estratégia da Oracle está apoiada nessa máxima. “Temos atuado na modernização de portos, aeroportos e ferrovias e na mobilidade para reduzir deslocamentos desnecessários”, detalha. “Por exemplo, serviços públicos realizados em casa podem diminuir em 35% o tráfego em cidades. Comprovamos a partir de iniciativas em outros países”, completa.

Metrópoles à beira do caos?
“Cidade tem pontos de lentidão e mais de 200 quilômetros de congestionamento.” Nos grandes centros, não é raro ouvir notícias como essas, somente em São Paulo o congestionamento gera custo anual de 35 bilhões de reais, segundo projeções da IBM. As cidades consomem 75% da energia mundial e são responsáveis por mais de 80% das emissões de dióxido de carbono e 95% despejam esgoto não tratado em rios, lagoas e oceanos. E com as previsões da ONU sobre a mudança da população do campo para as metrópoles o quadro deverá ser pior.

Por outro lado, as nações têm mostrado foco na melhoria da infraestrutura, incluindo ainda malhas rodoviárias, ferroviária, portuária, aérea, ampliação do acesso a banda larga, internet, estrutura de saúde etc. No Brasil, a Copa, em 2014, e as Olimpíadas, em 2016, têm impulsionado as ações.

Relatório recente da Ericsson em conjunto com a consultoria de gestão Arthur D. Little intitulado “Índice de Cidades com Sociedades Conectadas da Ericsson” avalia as 25 das maiores cidades do mundo de acordo com a habilidade de transformar Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) em benefícios sociais, econômicos e ambientais em diferentes áreas como saúde, educação, economia, meio ambiente, eficiência e melhoria na interação com cidadãos.

A conclusão é que as três cidades com melhor desempenho são Seul, Cingapura e Estocolmo. Cingapura, por exemplo, está impulsionando a inovação em saúde digital, e é pioneira na gestão de congestionamentos de trânsito. Enquanto isso, Seul utiliza TIC para realizar iniciativas ecológicas e de alta tecnologia, aponta o documento.

Na lista, São Paulo e Nova Déli são citadas como as que contam com iniciativas para reduzir desigualdade socioeconômica. A cidade paulista, 15ª colocada no ranking, tem trabalhado, por exemplo, em programas de inclusão digital. Já na indiana, a população foi beneficiada ao poder realizar transações financeiras de baixo valor por meio de telefones celulares.

“As cidades bem-sucedidas têm excelente desempenho ao atrair ideias, capital e pessoas capacitadas. Isso requer progresso econômico constante, bem como em contexto social e ambiental”, afirma Patrik Regardh, do Laboratório da Sociedade Conectada da Ericsson. Segundo Erik Almqvist, diretor do Arthur D. Little, à medida que as pessoas têm necessidades básicas atendidas, a atenção se volta para vida equilibrada, boas instalações de transporte, saúde e ambiente limpo.

Dados da consultoria IDC apontam que, em 2011, os investimentos em tecnologia para o desenvolvimento em cidades inteligentes, conceito que usa a TI para facilitar e automatizar a interação entre cidadão e o governo, movimentou 34 bilhões de dólares em todo o mundo. Esse montante, segundo a consultoria, deverá saltar 18% ao ano até 2014, quando somará 57 bilhões de dólares.

A IBM trabalha nesse contexto nos últimos três anos. Mas desde sua existência contribuiu para mudar a vida das pessoas, quando, por exemplo, criou há 30 anos o primeiro computador pessoal, afirma Pedro Almeida, diretor de Cidades Inteligentes da IBM Brasil. Cidades inteligentes é tema estratégico na companhia e a receita desse setor, globalmente, deve chegar a 10 bilhões de dólares até 2015.

“Empunhamos essa bandeira e em 2010 criamos uma divisão no Brasil para cuidar do assunto. A área está focada em quatro pilares: segurança, transporte, infraestrutura e energia e estamos ingressando em saúde e educação”, diz Almeida. Boas práticas com outras nações estão sendo trocadas para que possam ser replicadas por aqui.

Na opinião dele, uma cidade ideal é aquela que tem capacidade de gestão e pode pensar de forma antecipada. “Ferramentas analíticas ajudam nesse sentido”, indica. No Brasil, ele aponta que segurança, transporte e educação são áreas críticas que precisam de mudanças urgentes.

Arrial dos Anjos acredita que Business Analytics (BA) vai ser cada vez mais usado nos próximos anos, coletará dados de pessoas em todo o mundo e será caminho para eliminar desafios diversos. “As informações ajudariam a melhorar ruas e tráfego”, afirma. Tecnologias de coleta de dados vão gerar bilhões de informações sobre o fluxo de pessoas, veículos e necessidades das metrópoles. Em alguns anos, entender o que acontece com a população e dar início a iniciativas de melhoria estará a um clique. “O grande atrativo de TI é que ela possibilita eficiência”, completa.

Recentemente, o Rio de Janeiro deu um importante passo rumo à construção de uma cidade inteligente. Trata-se do Centro de Operações, projeto desenvolvido pela IBM que demandou investimentos da ordem de 11 milhões de reais. O local foi preparado para detectar e administrar situações de emergência, como chuvas intensas que podem causar alagamentos. Auxiliará ainda na gestão dos grandes eventos que o Rio de Janeiro sediará, Copa do Mundo e Olimpíadas.

Outro exemplo, diz Almeida, é o controle dos ônibus de Salvador. O Grupo Evangelista, responsável por 35% da frota da cidade, implementou sistema de inteligência de negócios com tecnologia IBM para monitorar em tempo real os veículos. O sistema permite que o Grupo desenvolva rotas mais eficientes do ponto de vista de uso de combustível e ajude nas tomadas de decisão.

A IBM também busca despertar nas pessoas a vontade de construir um futuro melhor, afirma o executivo. O SmartCamp, que reúne empreendedores, investidores e mentores do mundo todo, tem como foco acelerar o desenvolvimento de soluções para oferecer melhores serviços aos cidadãos.

Neste ano, entre os finalistas do Brasil, um dos projetos, batizado de Opará, investe na rastreabilidade de frutas, desde o campo até o supermercado. O sistema reduz atrasos e desperdícios, além de ajudar produtores a identificar origem de produtos que não podem mais ser consumidos.

Almeida aponta ainda que outra área que a IBM quer ajudar a aprimorar é a de Energia. Segundo ele, hoje, em média, as companhias do setor registram 15% de perda e roubo de energia, percentual que pode ser poupado para as próximas gerações. “Smart grid (rede inteligente), que mapeia a energia remotamente pode eliminar esse desafio. Ajudamos a CPFL Energia a implementar a tecnologia e certamente veremos muitas melhorias”, pontua.

Para a Microsoft, cuidar das cidades e torná-las sustentáveis é vital. O assunto ganhou importância na organização e uma área foi criada em 2010 para endereçar essas questões. Sob o nome de Competitividade Nacional, ela atua por meio de três pilares: educação e capacitação, inovação e cidades sustentáveis. “Olhamos as 13 prioridades do governo nacional e focamos em seis delas”, diz Roberto Prado, diretor de Competitividade Nacional da Microsoft.

Globalmente, a Microsoft promove ainda a Imagine Cup, que inspira jovens a mobilizar suas habilidades, imaginação e criatividade para o desenvolvimento de inovações tecnológicas que podem fazer diferença no mundo. Neste ano, uma equipe de estudantes de Curitiba ganhou a competição ao criar um jogo em que uma cidade virtual é transformada a partir do trabalho voluntário de seus habitantes. Lá, os problemas desaparecem conforme as pessoas realizam ações como não deixar o lixo acumular, diminuir o trânsito e acabar com a falta de água.

No campo da saúde, iniciativa recente no Brasil foi a aliança estabelecida entre a Microsoft e a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) que passará a usar Kinect, controle baseado em gestos do videogame Xbox, para auxiliar na reabilitação de pessoas com deficiência. “Podemos ajudar milhares de pessoas. Não é uma caridade, é uma forma de impactar na vida desses cidadãos”, avalia Prado.

A Dell também tem viabilizado tecnologias para aprimorar o atendimento aos pacientes. O Mobile Clinical Computing permite que médicos e profissionais de saúde acessem dados clínicos em estações diversas (desktop, notebook, smartphone). “Com essa mobilidade, é possível aumentar em até 25% a produtividade das operações dos hospitais e aprimorar a atenção ao paciente”, explica Francisco Carrieri, Business Developer para Saúde da Dell.

Máquinas como o supercomputador Watson, da IBM, que responde a perguntas, já estão aí e podem tornar-se assistentes de profissionais como médicos, ajudando no diagnóstico de doenças. Prova de que melhorias já saltam da ficção para o mundo real.

Bicudo, da TGT Consult, aponta que nos Estados Unidos já é comum o monitoramento de pacientes a distância. “Caso um idoso precise tomar um remédio em determinado horário e esquece, um alerta é emitido para a central de controle e uma pessoa liga para lembrá-lo”, explica. Segundo ele, monitoramento remoto tem duplo benefício: além de reduzir custos, oferece mais qualidade de vida ao paciente.

Algo parecido tem sido feito pelo laboratório Fleury, que de acordo com Arrial dos Anjos, da Frost & Sullivan, está em fase experimental de uma solução de monitoramento de pacientes que, por exemplo, têm problemas cardíacos. Qualquer variação no coração, um alerta é emitido e o médico aciona a pessoa. “A evolução da tecnologia Machine to Machine é caminho sem volta. Hospitais podem tirar proveito dela”, projeta.

Educação na linha de frente
Outro setor de atenção e essencial para a melhoria do futuro é o de educação. Nos próximos dez anos, o governo nacional afirmou que o investimento público em educação deverá ficar entre 7% e 10% do Produto Interno Bruto (PIB). Nessa esteira, a TI tem potencial de impulsionar o ensino. Bicudo afirma que é preciso não só inserir tecnologia, mas também criar novos modelos. “Se os livros que os alunos recebem hoje fossem digitais, imagina a economia de papel que teríamos? A vida está cada vez mais baseada em interações digitais”, reflete.

A Positivo Informática tem sua história atrelada à melhoria da educação no País. Desde 1989, a companhia desenvolve soluções para o setor e prova que tecnologia + educação é capaz de impulsionar o aprendizado. O projeto Aprendendo com Tecnologia é exemplo.

Em José de Freitas, a 48 quilômetros da capital, soluções como lousas interativas com câmeras, mesas educacionais e laboratórios de informática com software próprio foram implementadas em 11 escolas públicas. O projeto foi fruto da parceria entre a fabricante, a prefeitura municipal e o governo estadual do Piauí. Cerca de 2,2 mil alunos, do primeiro ao quinto ano do Ensino Fundamental, e 180 educadores foram beneficiados na cidade desde 2009.

Os resultados foram observados rapidamente. “Em 2007, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do município nas escolas estaduais era de 3,3. Em 2009, passou para 4,4. Já nas escolas municipais, era 2,8 e saltou para 3,4”, contabiliza Melissa Rosa, coordenadora pedagógica da Positivo Informática responsável pelo projeto.

Segundo ela, tecnologia educacional é capaz de melhorar a qualidade da educação e o projeto comprova. “Antes, o professor falava e o aluno ouvia. Agora, há troca de informações. A relação aluno/professor mudou, ambos estão mais interessados e as aulas ficaram mais ricas”, observa. Alunos que estão próximos de abandonar a escola ficaram motivados e tiveram um salto na aprendizagem, relata.

O Aprendendo com Tecnologia foi avaliado ainda pela Fundação Carlos Chagas que aplicou provas para verificar ganhos nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática dos alunos do segundo ao quinto ano do Ensino Fundamental. Ao mesmo tempo, o instituto aplicou provas para um grupo de alunos com características semelhantes aos de José de Freitas. Como resultado, identificou ganhos de aprendizado em Português de 6,5 pontos em José de Freitas e de 0,2 pontos no outro grupo. “Aprender por meio da TI muda a postura da criança”, avalia Melissa.

Seguindo o exemplo de escolas da Itália, EUA, Canadá, China, Reino Unido, México, entre outros países, a Dell adotou no Brasil, em 2009, a solução Sala de Aula Conectada. O projeto está em andamento no interior de São Paulo. Em parceria com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, 23 escolas públicas da cidade de Hortolândia, cerca de 6 mil alunos e cem professores já trabalham nesse novo modelo, que conta com lousa digital interativa, pranchetas digitais, projetores interativos, impressoras, netbooks para alunos, computador etc.

Avaliação da Unesco aponta que o rendimento em matemática dos alunos participantes em Hortolândia melhorou 20%, sete vezes mais do que grupos não-participantes da ação. Além disso, 44% dos estudantes disseram que as aulas com tecnologia são mais interessantes.

Educação, saúde, empreendedorismo e voluntariado são os focos da HP para impactar positivamente na vida das pessoas. “Uma empresa de TI, que possui produtos de ponta e 370 mil funcionários em todo o mundo tem potencial de inovar nas comunidades por meio da tecnologia”, afirma Tarsila Arnone, gerente de Inovação Social da HP Brasil.

Tasila define a HP como uma empresa que vai além da preocupação com os resultados financeiros e está focada no bem-estar das populações. “Não doamos dinheiro porque visamos mudanças e impactos positivos de longo prazo e TI é oportunidade social”, pontua.

Impulsionar estudantes universitários é uma das bandeiras da companhia. O HP Catalyst, que como o nome diz, é catalisador de projetos inovadores de estudantes nas áreas de ciências, matemática, tecnologia e engenharia que utilizam TI para melhorar o ensino. Tarsila explica que estudantes submetem ideias e as melhores são premiadas e recebem produtos da HP para executar o projeto. Em 2010, a Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro foi eleita pelo projeto Blended On Line – Colaboração para a Educação Global de Engenharia, que criou um método de ensino a distância.

A executiva afirma que esse é apenas um dos programas que a HP tem para garantir crescimento econômico e sustentável das comunidades. O HP Life é outro, realizado globalmente, com o objetivo de fazer com que alunos, empresários potenciais e pequenos proprietários de empresas utilizem o poder da TI para estabelecer e ampliar os negócios. “São treinamentos individuais e ferramentas on-line que abordam as necessidades educacionais das pessoas, melhoram e reforçam habilidades e permitem que elas progridam”, explica. Até hoje, foram mais de 500 mil profissionais capacitados em 50 países.

Internet = oportunidade
Considerada por muitos um divisor de águas na história da humanidade, a internet aproximou nações, agilizou trabalhos, ajudou a derrubar políticos, disseminou informações rapidamente… “A web possibilitou e universalizou o acesso ao conhecimento. É uma mudança impactante e no momento não temos como dimensionar na era em que vivemos”, avalia Bicudo. A popularização do PC, aponta Arrial dos Anjos, foi igualmente importante e o casamento entre os dois elementos têm possibilitado grandes mudanças na sociedade.

Cássio Tietê, diretor de Estratégia e Novos Negócios da Intel Brasil, concorda com os analistas. Para ele, a universalização da informação tem guiado o mundo nos últimos anos e possibilitado saltos antes inimagináveis. “Ajudamos a fazer com que o computador se tornasse importante peça na vida das pessoas. O mundo interconectado levanta essa questão e permite o livre compartilhamento de ideias”, assinala.

Democratizar a TI é, segundo Tietê, missão infindável da Intel. “Trabalhamos para ter dispositivos cada vez mais acessíveis e para que a banda larga esteja disponível a todos por um custo adequado. Temos defendido, por exemplo, o modelo pré-pago de banda larga e em breve teremos novidades nessa área”, adianta.

Vai contribuir para ampliar os horizontes a nuvem, acredita. “Computação em nuvem vai ser uma realidade e as interações entre homem e dispositivos inteligentes vão transcender os teclados e aí teremos outros patamares de colaboração.” Não esquecendo da aplicação nos negócios, o executivo cita que a nuvem também fará com que companhias, especialmente as pequenas, possam a alcançar mercados que não conseguiriam sem a web.

Seguindo esse mesmo pensamento está a Google, que aposta na internet para possibilitar crescimento. Para isso, iniciou o programa Conecte Seu Negócio, que incentiva a entrada de pequenos negócios na web, permitindo que eles desenvolvam o primeiro site da empresa de maneira simples, contribuindo para ampliar as oportunidades no mercado de atuação.

Iniciativa realizada em 11 países, em solo nacional, em seis meses de existência contabiliza 19 mil companhias que criaram seus sites, em uma média de 250 por dia. “A Google acredita que micros e pequenas empresas no País são motor fundamental de desenvolvimento da economia. Nosso compromisso é ajudá-las a melhorar seus resultados e a crescer”, afirma Susana Ayarza, diretora de Marketing B2B para Google América Latina.

A possibilidade de manter uma página on-line amplia os horizontes e quebra barreiras físicas. Empresas, de ateliê de doces a estúdio fotográfico, deixam de ser locais para serem globais. Elas podem melhorar a produtividade, diminuir custo e ampliar a taxa de crescimento, prossegue Susana. “Muitas oportunidades surgem. Há grande quantidade de companhias fora da web e queremos mudar esse quadro.”

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (Sebrae) mostra que entre 2000 e 2010, o número de micro e pequenas companhias aumentou de 4,2 milhões para 6,1 milhões indicando a força que esses negócios têm no País. Susana lembra ainda que PMEs com presença na internet apresentam 10% a mais de produtividade em comparação com as que não fazem parte desse mundo. “É terreno de oportunidades”, ressalta.

Web como forma de conhecer problemas de outras nações, compartilhar ideias e colaborar para um futuro melhor é pilar da Polycom, que atua no setor de comunicações unificadas (UC). A partir de parceria criada com a ONG Global Nomads Group (GNG), a companhia criou o “Agents of Change Program” que, por meio de videoconferência, promove diálogos interculturais entre jovens para abordar os desafios vividos em cada uma das comunidades. Em 12 anos de existência, mais de 1 milhão de pessoas foram conectadas em 45 países em todos os continentes.

Ruanda, na África, e Estados Unidos, com culturas diferentes, puderam falar sobre seus problemas, preocupações, desejos para o futuro e até mesmo desmistificam estereótipos que vivem no imaginário sobre como se vestem e vivem. “Estudantes percebem que não importa como você se parece, que língua fala ou onde vive, todos querem o mesmo: alegria, prosperidade e paz”, diz vídeo de apresentação da GNG. É a internet unindo pessoas e nações.

Talvez, diz Arrial dos Anjos, da Frost & Sullivan, o mundo dos Jetsons [desenho animado criado em 1962 que mostra um mundo repleto de recursos inovadores como pílula que substitui refeição e naves que transportam pessoas] esteja longe de acontecer.

A evolução da tecnologia da informação é inegável, basta olhar para trás. Exemplos como celular, internet, tecnologias que processam dados mais rapidamente, aparelhos que auxiliam no setor de saúde e tantos outros apontam que mudar o mundo é possível. A boa notícia é que com TI, o caminho é mais curto.

“TI é alavanca para desenvolver a economia de países, refletindo diretamente na vida dos cidadãos”, opina ele. “Podemos ir muito além. O planeta pede socorro e TI está aí para ajudar. Se a usarmos bem, vamos dar um grande passo e novas tecnologias surgirão para fazer mais e melhor”, comenta Prado, da Microsoft. Para Bicudo, da TGT Consult, somente um ponto pode destruir todas as perspectivas. “Nosso grande desafio é encontrar uma solução definitiva para o aquecimento global”, finaliza.

Megatendências que vão transformar o mundo
A Frost & Sullivan define as megatendências como elementos que impactam significativamente a sociedade, diferentes indústrias e empresas. Elas são chave para construir o futuro, viabilizar processos de inovação e mudar a produção e o planejamento de tecnologias. Abaixo, veja algumas das 36 megatendências que vão pautar a sociedade até 2020.

Urbanização: migração para as cidades vai impactar na mobilidade, no trabalho e nas sociedades.

Cidades e infraestruturas inteligentes: eficiência energética e eliminação de emissões de gases prejudiciais serão a premissa básica dessas iniciativas.

Geração Y: comportamento desse grupo vai influenciar desenvolvimento de produtos, tecnologia e estratégias de marketing.

Mulheres ganham espaço: cerca de 25 das 500 empresas que fazem parte da lista Fortune Global serão lideradas por mulheres. Elas terão mais decisões no desenvolvimento dos negócios.

Força da classe média: crescimento desse segmento da sociedade terá impacto em serviços e produtos e no poder de compra.

Geo-socialização: a próxima plataforma de rede social vai contar com serviços geográficos mudando a forma de interação entre as pessoas.

Novas economias emergentes: México, Argentina, Polônia, Egito, África do Sul, Turquia, Indonésia, Filipinas, Vietnã e Irã serão os motores do crescimento econômico.

Terceirização: ganhará novos destinos como América Latina e Ásia Central.

Zonas de comércio: acordos, especialmente na Ásia, África e América Latina, deverão aumentar desenvolvimento e plataformas de comércio eletrônico.

Nuvens inteligentes: deverão sanar problemas específicos, integradas à infraestrutura existente de empresas.

Satélites: cerca de 900 novos estão navegando com sistemas que comportam tecnologias como machine to machine.

Mundo virtual: vai governar o mundo na educação, saúde, negócios e relações pessoais. Avatares vão simular vida real e interagir com vida virtual.

Robôs: tecnologia robótica e inteligência artificial vão ajudar na manufatura, serviços militares, segurança e transporte.

Eletrônicos: 3D HDTV, controle de vídeo por meio da mente são exemplos de tecnologias que estarão no mercado.
Tecnologias inovadoras: as emergentes serão observadas nas áreas de nanomateriais, lasers e materiais inteligentes.

Infraestrutura, energia, água e transporte: 41 bilhões de dólares serão destinados para essas áreas, resultando em melhoria na eficiência.

Fábricas do futuro: inteligentes e verdes, elas vão operar sem intervenção humana.

Saúde: com medicamentos mais inteligentes, hospital virtual, cyber doutores, indústria passará por mudança radical.

Energia: energias renováveis e energia nuclear vão responder por mais de um terço da geração até 2020.

Mobilidade: evolução da tecnologia vai acelerar interação entre mundo físico e virtual por meio de interconexões entre dispositivos móveis, sensores e máquinas.

(Computerworld)

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