Por Natasha Pitts, da Adital
A Casa da Mulher Puerto Madryn e o Comitê de América Latina e Caribe para a defesa dos direitos das mulheres (Cladem) estão realizando na Argentina uma campanha contra o abuso sexual com o tema “O silêncio não é saúde”. A finalidade é estimular as pessoas, de todas as idades, que já passaram por abuso ou agressão sexual a expressarem sua vivência para que comecem a partir daí a amenizarem seus traumas.
A campanha aponta que crianças, adolescentes, adultas e idosas passam por situações de abuso sexual, geralmente, caladas. Elas/es são vítimas, na maioria das vezes, de pessoas próximas à família como amigos ou vizinhos e, em outras situações são indivíduos da própria família que praticam o crime sexual. Sendo esta proximidade com os criminosos um dos motivos para que as vítimas se calem.
Diante desta situação, tão corriqueira na Argentina e no mundo, a Casa da Mulher e o Cladem chamam todos e todas a se unirem a esta campanha para que juntos possam romper o silêncio mesmo que muitos anos já tenham se passado, mesmo que a causa já tenha prescrito ou ainda que o abuso não tenha sido contado para ninguém. As organizações chamam a falar, se expressar, pois “o silêncio não é saúde”.
O abuso sexual contra adolescentes, crianças, adultos e até idosos/as é um crime comum no mundo todo. Mesmo assim, não recebe a atenção adequada das autoridades. Prova disso é que alguns países como Argentina não tem dados oficiais sobre a problemática. O que se sabe é que as denúncias triplicaram nos últimos oito anos neste país. Nos demais países também houve aumento significativo.
Mesmo com a grande quantidade de denúncias, American Academy of Pediatrics estima que apenas um de cada dez casos será descoberto. Sendo o abuso sexual de criança um dos delitos com maior sub-registro devido ao silêncio que circunda estes casos.
Outro dado referente à Argentina, mais especificamente de Córdoba, aponta que nos casos de violência sexual ocorridos na região 43% das vítimas era menor de dez anos e nove de cada dez agressores eram do círculo de convivência da vítima. De acordo com informações do Programa de Atenção Interdisciplinar do Conselho da Mulher, o programa aumentou a assistência oferecida em um terço para atender as vítimas e os centros mais importantes de atenção às vítimas de delito contra a integridade sexual da região também aumentaram seu atendimento em 30%.
Os dados são referentes ao segundo semestre de 2011, quando o Programa de Atenção Interdisciplinar atendeu 451 pessoas. No mesmo período do ano passado o número de vítimas havia sido 347. Mulheres e crianças seguem sendo as principais vítimas. Elas foram os alvos em 83% dos casos e sete de cada dez que sofreram abuso sexual eram crianças.
Neste tipo de crime os agressores, na maioria das vezes são conhecidos. 89% deles eram familiares, vizinhos ou conhecidos da vítima. Entre eles, 64% tinham vínculo familiar e era o pai, padrasto, irmão, tio, ex-parceiro, avós, mães ou madrastas.
Conceito
O abuso sexual é apontado também como uma forma de maltrato e acontece quando se envolve uma criança em atividade sexual que ele ou ela não compreenda inteiramente, sobre a qual é incapaz de dar um consentimento informado, ou para a qual a criança não esteja preparada ou que viola as leis ou tabus sociais, aponta a Organização Mundial de Saúde (OMS).