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publicado dia 15 de julho de 2020

Projetos rompem estereótipos e empoderam mulheres na ciência

Reportagem:

Um homem branco, de meia idade, vestindo jaleco e com um tubo de ensaio nas mãos ainda é a figura que remete a imagem de um cientista na cabeça da maioria das pessoas. Muito mais do que uma questão de aparência física, essa reflexão aponta para sentidos mais profundos da nossa formação social. Relacionar as disciplinas STEM, acrônimo em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, ao gênero feminino ou a pessoas negras, por exemplo, ainda não é algo feito com naturalidade.

Matería publicada originalmente no site da Fundação Telefônica Vivo.

O desmonte de estereótipos e o empoderamento de mulheres em carreiras ligadas às áreas da Ciência e às pesquisas científicas é um movimento recente. Segundo Andrew Meltzoff – codiretor do Institute of Learning and Brain Sciences da Universidade de Washington (EUA) e considerado uma das principais referências mundiais no estudo da infância -, julgamentos e preconceitos podem ser assimilados nos primeiros meses de vida.

“Combater os estereótipos é importante para que as crianças não os interiorizem de modo que sua aprendizagem, seus desejos e sonhos sejam afetados. O papel dos pais, dos professores e da sociedade é mostrar que elas podem ser boas naquilo que quiserem”, afirmou o psicólogo americano no evento de educação enligthED 2019.

A pesquisa da universidade onde Meltzoff leciona constata que 70% das meninas de dois anos de idade já assimilaram a ideia de que garotos se dão bem com Matemática ou Ciências, e garotas não. Outro experimento aponta que, aos sete anos, meninas e meninos já veem inteligência como atributo masculino.

É o que conta Márcia Barbosa, doutora e pesquisadora do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) mencionada pela ONU Mulheres entre as cientistas que moldam o mundo e eleita pela Forbes como uma das 20 mulheres mais influentes no Brasil. Para ela, são dois principais problemas: há poucas mulheres nas áreas ligadas à Ciência, em especial em Exatas, além disso, em todas as profissões o percentual feminino diminui à medida que se olha para o topo das carreiras.

“Na medicina, por exemplo, as mulheres não são nem 50% no início de carreira e não chegam a 20% no topo. Na Física, são apenas 4% no topo. A área de Exatas tem esse estigma de ser uma coisa ligada à genialidade. Então, se faço essa construção de que a mulher não é gênia, mas só esforçada, haverá uma tendência delas não irem para as Ciências Exatas”, exemplifica a especialista.

Destacamos alguns projetos e perfis nas redes sociais que trabalham pelo aumento do acesso e visibilidade de meninas e mulheres na ciência. Confira!

Meninas na Ciência

Logotipo do projeto Meninas na Ciência

Meninas na Ciência é ligado ao Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) com ações que incluem: formação continuada para estudantes em astronomia, física e robótica; oficinas de ciências e debates sobre questões de gênero em escolas públicas no Rio Grande do Sul; capacitação de professores da Educação Básica e produção de conteúdo, como este podcast sobre Ciência e feminismo.

Durante a pandemia estão com a campanha Mulheres em Ação no Instagram, em que mostram cientistas que estão se destacando contra a Covid-19

Com nome muito similar, o Meninas na Ciência UNB, da Universidade Nacional de Brasília, no Distrito Federal, teve a primeira edição em agosto de 2019. O projeto incentiva meninas do Ensino Fundamental de escolas públicas e particulares a despertar o interesse pela Ciência por meio de atividades lúdicas ministradas por docentes e pesquisadoras. As participantes conhecem mulheres cientistas e são estimuladas a desenvolver competências, como senso crítico, curiosidade e criatividade.

Descolonizando Saberes

Logotipo do projeto Descolonizando Saberes

O projeto nasceu pelas mãos das professoras de Química e Física Bárbara Carine e Katemari Rosa, que lançaram o livro Descolonizando Saberes para destacar o conhecimento adquirido e difundido por pessoas com raízes africanas.

Pela perspectiva do Afrofuturismo – movimento estético, cultural e intelectual que repensa a construção do continente africano por meio do conceito de ancestralidade-, são resgatadas histórias relevantes de cientistas, artistas e até mesmo atletas.

Por meio do perfil @descolonizando_saberes, são contadas trajetórias como a de Virgínia Leone Bicudo, uma das primeiras psicanalistas brasileiras de renome internacional e uma das primeiras professoras universitárias negras no Brasil.

500 Mulheres Cientistas

Logotipo do projeto 500 Mulheres Cientistas

O movimento de base surgiu nos Estados Unidos e propõe tomar medidas locais para promover mudanças efetivas para a construção de uma comunidade científica inclusiva. Há núcleos que atuam por cidades espalhadas em todo o mundo.

Além das ações promovidas localmente, o perfil @500wsbrasil, promove lives e traz o perfil de brasileiras cientistas. Também aborda questões como autocuidado e saúde mental.

Mulheres Negras Fazendo Ciência

Logotipo do projeto Mulheres Negras Fazendo Ciência

Originou-se na integração entre professoras e alunas negras da UFRJ e do CEFET/RJ (campus de Maria da Graça) por meio de uma oficina expositiva e conversa com pesquisadores no evento Sábado da Ciência – As Incríveis Mulheres Cientistas.

Mulheres Negras Fazendo Ciência faz divulgação científica e investiga a trajetória de pesquisadoras negras como Sônia Guimarães, professora do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e a primeira mulher negra brasileira doutora em Física.

Astrominas

Logotipo do projeto Astrominas

O projeto existe desde o ano passado e foi idealizado por mulheres de institutos da área de Exatas da Universidade de São Paulo (USP), como o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG). O objetivo é facilitar o acesso de jovens alunas à universidade, estreitando o contato com mulheres cientistas, estimulando a escolha e permanência em carreiras de Ciência e Tecnologia.

Em junho, o Astrominas organizou um programa online de cinco semanas para estudantes da Educação Básica com aulas de Astronomia, Matemática, Física, Geociência e Astrobiologia, além de experimentos, murais, palestras, conversas e debates sobre a vida acadêmica do ponto de vista feminino.

 

*A foto de capa é da cientista Nadia Ayad, que ganhou reconhecimento internacional com seu projeto sobre a utilização do grafeno em projetos de dessanilização para tornar a água potável. 

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