publicado dia 1 de abril de 2020
Saúde mental e Covid-19: conheça projetos de escuta e acolhimento online
Reportagem: Cecília Garcia
publicado dia 1 de abril de 2020
Reportagem: Cecília Garcia
*Atualizado dia 5/5, às 14h25
Entre as consequências do isolamento social como medida para conter a pandemia de Covid-19 (novo coronavírus) – que já deixam 1/3 da população mundial dentro de suas casas – estão seus efeitos na saúde mental. Relatos de ansiedade, estresse, angústia e medo são compartilhados com constância nas redes sociais.
“A cada dia e semana, as notícias vão mudando, riscos crescendo, e novas medidas vão sendo criadas para se proteger, além das adaptações nas relações, na família e no trabalho. Vivemos uma ansiedade enorme e um medo por antecipação, sem conseguir delinear objetivos ou saber o que vem depois da epidemia”, esclarece Ana Gabriela Gonzalez Yamashita, psicóloga e educadora.
A alteração das rotinas, o confinamento em casa e a falta de contato social são interpeladas, acrescenta a psicóloga, por uma falta de noção cronológica e pelo bombardeamento de notícias:
“A nossa percepção do tempo está diferente. O corpo e a cabeça demoram um tempo para entender o que está acontecendo e entender a pressão de todas as informações é muito difícil. Isso aumenta a ansiedade com o futuro e a solidão”.
Saúde mental: Atendimentos virtuais e gratuitos
Psicólogos e terapeutas têm individual ou a partir de um projeto se reunido para ofertar atendimento psicológico virtual no período de isolamento. “É uma posição ética a de se colocar a serviço de atender a população em situação de exceção”, adiciona Yamashita. A maioria dos atendimentos são gratuitos, ou com contribuição voluntária.
As conversas com profissionais, seja por telefone ou por vídeo, podem auxiliar à “essa dificuldade generalizada de elaboração que as pessoas estão enfrentando. O Covid-19 (coronavírus) criou um grande bloco de preocupações, e o trabalho de escuta ajuda a pessoa a avançar nas camadas para entender onde a situação e o caos estão tocando cada uma”.
O Portal Aprendiz, junto com a psicóloga, reuniu uma série de iniciativas online e gratuitas que funcionarão durante o período de isolamento social. A lista está em constante atualização.
Varandas terapêuticas – Instituto Gerar
Durante o período de quarentena, o Instituto Gerar propõe rodas de acolhimento em grupo mediadas por psicanalistas. Os interessados podem enviar suas disponibilidades de horário pelo e-mail [email protected]. A contribuição é voluntária.
A Casa Frida
Grupo do psicanalistas mulheres que trabalha o luto está oferecendo escutas voluntárias e acolhimento gratuito. “Idosos, profissionais da saúde que estão na linha de frente, mães com filhos pequenos em casa, confinamento solitário ou conflituoso… Estamos todos submetidos à esse difícil momento. Sabemos que cada um reagirá de uma maneira a chegada do Covid-19, mas para aqueles que estão com dificuldades, gostaríamos de oferecer um espaço de escuta e acolhimento”. É possível se inscreve no site do projeto.
Projeto Psicologia Solidária
Mais de 800 psicólogos se juntaram na iniciativa Psicologia Solidária, proposta por um grupo de cinco psicólogas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Os atendimentos de escuta terapêutica são gratuitos, duram 50 minutos e podem ser feitos por Whatsapp ou Skype. É possível entrar em contato pelas redes socais ou pelo email: [email protected]
Plataforma Relações Simplificadas
A plataforma disponibiliza atendimentos de 30 minutos por vídeo-chamada. Uma rede de profissionais, atualizada diariamente, oferece escutas e acolhimento. Para se cadastrar, basta agendar com o profissional desejado na plataforma.
Projeto Escutatória
Conhecido por vasculhar as ruas de Recife (PE) com escutas afetuosas, o Projeto Escutatória momentaneamente migrou suas sessões para as redes virtuais. No Instagram do projeto, é possível pedir por um escutador no projeto Alô, Eu Te Escuto.
Clínica Social Transcultural Habitare
A Habitare Espaço Mãe Gestante Migrante Marie Moro está oferecendo atendimento virtual para gestantes e puérperas durante a pandemia. Os atendimentos são oferecidos também em espanhol, francês, inglês e polônes, para ajudar mães refugiadas ou imigrantes. É possível agendar atendimento por formulário ou página do facebook.