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publicado dia 13 de novembro de 2019

Coletivo Massapê ativa espaços públicos de Recife (PE) em projetos com a comunidade local

Reportagem:

Recife (PE), como toda grande metrópole brasileira, é uma cidade dicotômica. Se seu centro efervesce em cultura e patrimônio, mais de 60% do seu território é área de morro, onde as políticas públicas de educação, cultura e saúde chegam com mais dificuldade. 

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Neste cenário de desigualdade, pensar o direito à cidade é considerar acesso e sua ampliação. Foi com esse desejo que Lucas Izidorio, Melina Motta, Marina Mergulhão, Laryssa Araújo, Pedro Britto, Bruno Galvão e Amanda Alves, estudantes de arquitetura da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), criaram o Coletivo Massapê, organização social que incide pelo direito à cidade por meio da ativação do espaços públicos, educação urbana e trabalho junto às comunidades. 

“Queríamos lançar um grupo que pudesse atuar para além da universidade”, recorda Melina. 

Em 2018, o grupo fez o seu primeiro trabalho da Vila Santa Luzia, no bairro de Torres. Aproveitando a dinâmica da comunidade, cujas portas ficam abertas e ruas são tomadas por pedestres, o grupo começou uma série de ações locais, que incluíram a criação de uma horta comunitária e saraus à céu aberto. 

pessoas se juntam numa lona para discutir direito à cidade e infância
Grupo se juntou para atuar junto a comunidades de Recife (PE) / Crédito: Coletivo Massapê

Do engajamento local à educação urbana: os estágios do projeto

O primeiro passo da aproximação com Santa Luzia se deu com Claudenir, marceneiro e criador de uma pequena biblioteca local chamada Rioteca. Depois com a Elza, líder comunitária e assistente social do bairro. É sempre partindo do conhecimento do território por meio dos olhos de suas lideranças locais que os projetos do Coletivo Massapê se desenvolvem. 

Dos encontros com as lideranças e com as demandas da comunidade nasce então a proposta de ativação de um espaço ou atividade. “Chamamos esse processo de urbanismo colaborativo, onde as pessoas participam de cada uma das etapas de maneira conjunta”, detalha Lucas. 

O Coletivo Massapê também trabalha com o Compaz, iniciativa de combate à violência por meio do fortalecimento comunitário e da cultural.

A primeira fase da metodologia desenvolvida pelo grupo pressupõe o diagnóstico prévio desse território e a identificação das atividades ou transformações que podem ocorrer dentro dele; a segunda é a do engajamento dos moradores; a terceira é o desenho da intervenção que será executada; e a quarta etapa é a de construção conjunta. Por fim, a quinta é a ocupação e celebração do espaço e avaliação do que foi positivo e negativo no projeto. 

“Não somos nós os transformadores nem as pessoas que vão mudar a realidade daquele espaço, e sim quem mora lá. Mapeamos as habilidades das pessoas que podem construir com a gente. Alguém que sabe plantar, outro que é dono de rádio, e assim por diante”, relata Milena. 

pessoas constroem parklet de maneira conjunta na comunidade do bode em recife
Construção de um parklet na Comunidade do Bode foi feita junto com os moradores locais / Crédito: Coletivo Massapê

Técnicas para ativar o território

Em um território dinâmico, é vital entender o quanto projeto vai dar certo antes de sua execução permanente. Para isso, os arquitetos do Coletivo Massapê utilizam a ferramenta do urbanismo tático: 

“Prestamos a solução antes de criar um projeto permanente. Então, a princípio, utilizamos uma solução de baixo custo que gera impacto e mudança no lugar. A partir das avaliações a gente cria um projeto definitivo”, explica Lucas.

É nessa construção modular e conjunta que aparece a educação urbana, uma das premissas do coletivo. Não são cursos ou palestras que vão orientar as pessoas a entender o que é direito à ou cidade ou urbanismo, e sim a imersão na feitura dos projetos e as conversas que surgem a partir dos obstáculos do dia a dia. 

“A educação urbana acontece durante o projeto mesmo, é bem sutil. Na horta comunitária, um dos moradores queria cercar o projeto inteiro, botar cadeado e controle. E é na conversa com a comunidade que ele percebeu que o espaço é público e precisa ser aberto”, finaliza.

ciranda na horta comunitária criada na vila santa luzia
Horta comunitária na Vila Santa Luzia aberta foi conquista da comunidade / Crédito: Coletivo Massapê
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