publicado dia 19 de outubro de 2018
As precariedades enfrentadas por crianças e adolescentes venezuelanos no Brasil
Reportagem: Redação
publicado dia 19 de outubro de 2018
Reportagem: Redação
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) publicaram uma nova edição do monitoramento do fluxo migratório venezuelano, tendo como foco a infância e a adolescência.
Segundo o estudo, as crianças venezuelanas que chegam ao Brasil devido à crise econômica e social que assola o país vizinho encontram dificuldades para frequentar a escola. Cerca de 63% relatou não ter acesso à educação por razões como falta de vagas, longas distâncias e custos.
O levantamento também constatou casos de crianças e adolescentes expostos a atos de violência e um número significativo com problemas de acesso à higiene e alimentação.
Realizada nas cidades de Pacaraima e Boa Vista (RR) de maio a junho de 2018, a pesquisa entrevistou quase 4 mil pessoas, das quais 425 estavam com seus filhos menores de 18 anos ou acompanhando algum menor de idade.
As informações coletadas dizem respeito a 726 crianças e adolescentes. Desses, 479 estavam nos bairros de Boa Vista e Pacaraima, 171 na fronteira de Pacaraima com a Venezuela e 76 na Rodoviária de Boa Vista.
Do total de crianças e adolescentes, 63,5% não frequenta a escola. As razões para a ausência escolar incluem falta de vagas, distância e custos. Esta questão deve diferenciar-se entre as crianças e adolescentes que recentemente entraram no Brasil daqueles que estão assentados nos bairros de Roraima. De qualquer forma, parte do não comparecimento pode justificar-se pela idade das crianças. Assim, a distribuição por faixa etária produz resultados mais relevantes. Nos bairros, mais da metade (59%) das crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos de idade não frequenta a escola. A porcentagem para esta categoria é maior na faixa etária de 15 a 17 anos, onde 76% não frequenta a escola.
Em relação às medidas preventivas de saúde, a maioria das crianças e adolescentes venezuelanos (87,1%) estavam com as vacinas atualizadas. Mas 28% das pessoas menores de 18 anos tiveram diarreia no último mês. Foram registrados 24 casos de crianças e adolescentes com alguma doença crônica, dos quais 62,5% recebiam tratamento. Metade destes casos (12) foram registrados nos bairros de Boa Vista e Pacaraima, onde 5 casos de asma foram identificados.
Desde que chegaram ao Brasil, 115 crianças e adolescentes venezuelanos (16%) passaram por algum momento em que não tiveram comida suficiente. Ao menos 128 tiveram que reduzir o número de refeições diárias; 93 sentiram fome e não conseguiram alimentos; e 84 disseram ter passado por um dia em que comeram uma vez ou não comeram.
Desde que chegaram ao Brasil, 16 dos entrevistados responderam que, em algum momento, uma criança ou adolescente sob sua responsabilidade trabalhou ou fez algum tipo de atividade esperando obter algum tipo de pagamento.
Ao todo, 14 crianças e adolescentes venezuelanos deram resposta positiva à pergunta “desde que chegou ao Brasil, você já conheceu uma criança ou adolescente que estava em risco de violência sexual?”.