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publicado dia 9 de janeiro de 2018

Escola integra território ao currículo e expande educação para a cidade

Reportagem:

Prêmio Territórios EducativosEm 2016, a EMEF Emiliano Di Cavalcanti passou a ser uma escola de tempo integral. No novo modelo, várias práticas pedagógicas focadas no desenvolvimento integral e cidadão dos estudantes foram incorporadas ao currículo. Entre elas, o projeto “Território do saber: Trabalho de Campo”, desenvolvido pelo professor Carlos Asakawa Novais, cuja proposta é centrada na descoberta e redescoberta dos territórios.

Por lecionar geografia, o educador encara os territórios como uma categoria de análise, uma ferramenta para entender o mundo. Por isso, iniciou o projeto junto a escola em 2011, antes da incorporação da Educação Integral ao Projeto Político Pedagógico (PPP) da EMEF.

Na época, o trabalho de campo era oferecido no contraturno escolar aos interessados, mas o objetivo era o mesmo: não limitar-se ao perímetro da escola, apresentando aos alunos novos lugares e reflexões sobre o território. Nesse modelo, os estudantes faziam uma viagem grande por ano e diversas visitas ao bairro e arredores da escola, trabalhando temas como impacto do turismo, moradia e transporte. Já as “grandes” viagens tinham como principais destinos cidades paulistas como Campos do Jordão, Taubaté e Registro, em um reconhecimento de patrimônios históricos e ambientais.

Com a mudança do PPP da escola e a adesão à Educação Integral, a EMEF Emiliano Di Cavalcanti transformou o Trabalho de Campo, que já estava se consolidando, em uma prática regular, parte de uma série de projetos denominados Território do saber. Segundo o professor responsável pela ação, essa decisão expandiu as possibilidades do Trabalho de Campo, que passou a ter mais verba e tempo disponíveis para as atividades.

“As saídas têm sempre uma intenção pedagógica. Portanto é preciso ter uma bibliografia específica para a turma e planejar as atividades. Educação integral não significa apenas aumentar o tempo do aluno na escola, e sim trabalhar uma série de competências, que é o que buscamos fazer com esse projeto”, explica Carlos.

Atualmente, há duas turmas de anos mistos, que têm aulas duas vezes por semana e realizam, em média, uma viagem grande por semestre e outras dez saídas nas proximidades da escola.

Preparação

Preparar essa quantidade de Estudos do Meio exige planejamento com antecedência e, por isso, Carlos introduziu as saídas pelo bairro, que demandam menor tempo de preparação e possibilitam a apropriação do território pelos estudantes.

“Nessas ocasiões eles são estimulados a observar os mesmos aspectos trabalhados nas viagens, notando e refletindo sobre os problemas e potencialidades de seu bairro”. Um exemplo é o impacto causado pelas obras do metrô nas redondezas – a EMEF está localizada na Vila Invernada, região sudeste de São Paulo. A desapropriação de terrenos, o aumento do valor da moradia e a expulsão de moradores para áreas mais periféricas são alguns dos temas levantados pelo educador e que ecoam no dia a dia dos adolescentes.

Já a maior viagem da turma costuma ter seu planejamento dividido em três etapas: o preparo para o trabalho de campo (com debates sobre o destino e suas possibilidades de aprendizado), a viagem e, por fim, a discussão e avaliação posteriores.

O destino é discutido junto aos principais interessados: os estudantes. Eles escolhem entre as opções viáveis baseando-se no assunto de maior interesse da turma. Depois de tomada a decisão, é o momento de Carlos cuidar dos detalhes e burocracias, como reserva junto ao local, fretamento de ônibus, autorização dos pais e até análise climatológica a ser entregue na prefeitura (prática recorrente em visitas como, por exemplo, à Caverna do Diabo, maior caverna do estado de São Paulo).

O esforço vale a pena, como o educador demonstra ao narrar a reação dos estudantes e familiares em relação ao projeto: “O simples ato de sair da escola já é um diferencial atrativo, mas o Trabalho de Campo tem uma contribuição ainda maior que é oferecer gratuitamente a possibilidade de conhecer outros territórios a alunos da rede pública”.

Territórios Educativos

O projeto Território do Saber: Trabalho de Campo foi um dos 10 contemplados pela 2ª edição do Prêmio Territórios Educativos, iniciativa do Instituto Tomie Ohtake em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo e patrocínio da Universidade Estácio. O prêmio busca reconhecer e fortalecer experiências pedagógicas que explorem as oportunidades educativas do território onde a escola está inserida, integrando saberes escolares e comunitários. Este ano, o programa recebeu 67 inscrições oriundas de todas as Diretorias Regionais de Ensino de São Paulo e de diversos tipos de unidades escolares.

Confira os outros projetos vencedores.

 

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