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publicado dia 9 de outubro de 2017

Professora ocupa Fab Labs e expande aprendizagem para a cidade

Reportagem:

A cidade de São Paulo tem a maior rede de Fab Labs livres do mundo, com 12 equipamentos de inovação disponíveis para quaisquer interessados em desenvolver projetos. São equipamentos com imenso potencial educativo e que vêm sendo aproveitados pela educadora Carolina Laiza, da EMEI Heitor Villa-Lobos, na zona sul da capital.

Essa não é a primeira vez que a professora se articula com um Fab Lab com o objetivo de ampliar espaços, tempos e linguagens no processo de aprendizagem das crianças. No início do ano, o projeto Mão na Massa trabalhou respeito e diversidade e os alunos, acompanhados de suas famílias, confeccionaram autorretratos em massinha.

“Percebemos que a turma estava enfrentando dificuldades para se relacionar e seria necessário um trabalho focado nas relações étnico-raciais e nas identidades”, relata Carolina. A solução encontrada foi expressar essa diversidade por meio de desenhos, que saíram do papel após a intervenção no Fab Lab.

Os desenhos feitos pelas crianças foram então cortados na máquina a laser e transformados em crachá, causando fascínio imediato nos participantes – crianças e adultos, como rememora Carolina: “Os pais e familiares, que nunca haviam visitado um Fab Lab e sequer sabiam do que se tratava, estavam curiosos e entusiasmados.”

Escolas

Carolina participou da formação Conectando Escolas e Fab Labs Livres da cidade de São Paulo, realizado pela Associação Cidade Escola Aprendiz e o Instituto Catalisador, com apoio da Secretaria de Inovação e Tecnologia da Prefeitura de São Paulo. O curso, realizado de maio a julho de 2017, tinha como objetivo aproximar as escolas da rede pública da capital paulista dos laboratórios de fabricação digital.

O entorno da escola

Saber que os Fab Labs estavam disponíveis para projetos educativos expandiu a gama de possibilidades para a educadora, que acabou articulando-se com Éliton Meireles Moura, pesquisador da Universidade de São Paulo que estuda o Movimento Maker na educação, para desenhar novas ações.

Dessa vez, o território tratou de definir o tema a ser trabalhado. Isso porque uma escultura de um dos carros de corrida de Ayrton Senna foi realocada para uma das praças ao lado da escola, que passou a chamar-se Ayrton Senna. “As crianças viram as reformas no local e queriam saber o que estava acontecendo”, afirmou ela.

Fab Labs Livres são de uso público e possuem cursos e módulos educativos
Fab Labs Livres são de uso público e possuem cursos e módulos educativos

Para sanar a curiosidade das crianças, a professora propôs uma saída pelo bairro: foram ao modelódromo do Ibirapuera, caminharam pelas praças e aproveitaram a temática para introduzir a educação no trânsito. Somou-se a essas atividades, a iniciativa de construir carrinhos para ativar essa pista e criar um novo espaço de brincadeira para as crianças. Era onde o Fab Lab poderia contribuir e muito.

“O Fab Lab topou a ideia de construir carrinhos na máquina de corte a laser e então idealizamos como eles seriam, ouvindo das crianças quais eram suas demandas”, explica Carolina. Ficou decidido que os carrinhos seriam usados em dupla e “vestidos” pelas crianças.

Os próprios alunos pintaram os carrinhos produzidos no Fab Lab Livre
Os próprios alunos pintaram os carrinhos produzidos no Fab Lab Livre

A equipe programou uma visita ao Centro Cultural São Paulo, dessa vez para que os pequenos pintassem os carros e presenciassem a sua produção. Munidos de pincel e tinta, as crianças brincaram, atestaram o funcionamento da impressora 3D, da cortadora a laser, plotter de recorte, entre outros equipamentos disponíveis no Fab Lab.

Gênero

Durante a execução do projeto, Carolina trouxe também um recorte de gênero, vestindo-se de Lella Lombardi, a única piloto a pontuar em um campeonato de Fórmula 1, para contar sua história e mostrar que também há mulheres exercendo essa profissão.

Com os novos brinquedos em mão, os demais professores da escola dispuseram-se a trabalhar com o tema de educação no trânsito, propondo atividades guiadas aos alunos e reservando tempo para brincadeiras livres.

Apropriação do território

Enquanto os estudantes de Carolina Laiza descobriam Ayrton Senna, fabricavam os carros de corrida e trabalhavam educação no trânsito, descobriam-se também como parte do bairro. Por não morarem na região, a educadora relata que as crianças não entendiam o território ao redor da escola como seus.

Na EMEI Heitor Villa-Lobos, instalação na praça inspirou projeto de educação no trânsito
Na EMEI Heitor Villa-Lobos, instalação na praça inspirou projeto de educação no trânsito

“As crianças acreditam que a praça é do Círculo Militar [que fica próximo à escola], e nós dissemos que também é deles. Quem mora, trabalha ou passa por ali também faz parte daquela praça”, enfatiza Carolina. Entre as atividades desenvolvidas, ela pediu aos alunos que fizessem um desenho. Posteriormente, todas as folhas com os desenhos foram deixados em lugares estratégicos da praça com a inscrição “Aqui tem criança”, para que os passantes soubessem que elas também ocupam o local. “Agora eles reconhecem que têm direito de estar nesse território.”

 

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