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publicado dia 7 de março de 2017

Em São Paulo, periferia se reúne para discutir as resistências na cidade

Reportagem:

No próximo final de semana, durante os dias 11 e 12/3, acontece em São Paulo a primeira edição do Seminário Insurgências Periféricas: A Cidade que Queremos. Organizado pelo Movimento Cultural das Periferias, o encontro pretende refletir sobre as “lutas e resistências” nas quais a população periférica está inserida atualmente.

“Somos suprapartidários, mas não podemos ignorar as conjunturas políticas que estão se dando no campo federal, estadual e municipal. O momento é muito importante especialmente por haver um grande acirramento do pensamento meritocrático e um crescente estimulo midiático do uso de discursos que servem para a manutenção do machismo, sexismo, homofobia, racismo e desigualdades sociais das mais variadas”, afirma o Movimento, em entrevista ao Portal Aprendiz.

“Pensar cultura como forma de combate é nossa linha de atuação desde o início do Movimento Cultural das Periferias. Queremos combater a ideia de que cultura é somente entretenimento.”

O evento – que acontece das 9h às 20h no Sacolão das Artes (Av. Cândido José Xavier, 577), na zona sul paulistana – funcionará como um escambo de ideias em busca de fortalecimento prático e ideológico. “O diferencial mais contundente do Seminário é o fato das pessoas presentes serem de várias localidades periféricas da cidade. Iremos fruir conhecimento e cultura, trocar experiências, reforçar amizades.”

De acordo com os organizadores, a diáspora é um elemento em comum entre a população periférica. “Muitos de nós somos de famílias retirantes, indígenas ou negras. Somos as pessoas que foram e são expulsas por processos como a gentrificação ou mesmo pessoas de famílias paulistanas que foram constantemente expulsas dos grandes centros por motivos históricos variados. A grande maioria de nós está fora do centro e assim fora também do centro de prioridade dos principais serviços do Estado, com exceção apenas para a Polícia e o Código Penal.”

Uma cidade possível, acreditam eles, “entende processos históricos de exclusão e assume mecanismos para promoção da equidade social. Entendemos igualdade como um fim a ser alcançado. Para uma cidade ideal precisamos assumir dentro e fora das políticas públicas ações efetivas e afirmativas de mudança rumo à equidade social.”

A periferia, aliás, deve ser enxergada como a base da cidade. “A construção de São Paulo e de muitas outras cidades do Brasil passa pela mão dessas mulheres e homens, de maioria nordestina, negra. A maioria segue enganada e infelizmente recebe pelo seu trabalho salários baixos e péssimos serviços públicos, além de sofrer genocídios.”

“A internet e as muitas formas de organização que surgiram a partir dela possibilitaram que as periferias fortalecessem cada vez mais a organização comunitária entre os bairros. Hoje está cada vez mais difícil abafar a nossa realidade ou falar por nós. Temos voz própria e provamos isso dia a dia”, finalizam os organizadores.

Confira a programação completa do evento na página do Facebook e se inscreva no I Seminário Insurgências Periféricas: A Cidade que Queremos.

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