publicado dia 4 de janeiro de 2017
Ajude a Biblioteca Mário de Andrade a criar um espaço de desenvolvimento infantil
Reportagem: Danilo Mekari
publicado dia 4 de janeiro de 2017
Reportagem: Danilo Mekari
“Não sei se brinco, não sei se estudo.”
A inquietação da escritora Cecília Meireles, eternizada na obra de literatura infantil Ou isto ou aquilo, inspira hoje – 53 anos após a publicação do livro, em 1964 – a criação de uma sala inteiramente dedicada às crianças na Biblioteca Mário de Andrade (BMA), no centro de São Paulo.
Na Flor Amarela, nome escolhido para o espaço, as crianças não mais terão que escolher entre fazer “isto ou aquilo” – elas poderão fazer tudo aquilo que estimule sua criatividade e imaginação.
O projeto da sala, que inclui mobiliário desenhado especialmente para as crianças, já está pronto, mas para ser concluído passará por um processo de crowdfunding, fato inédito para a instituição pública, que pela primeira vez em 91 de história terá um espaço voltado à infância – há pouco tempo era necessária autorização especial para que crianças pudessem retirar livros na BMA.
A campanha de arrecadação foi lançada no final de novembro de 2016 e prossegue até o dia 22 de janeiro de 2017. A intenção é arrecadar R$ 150 mil, que serão investidos na infraestrutura da sala – além da fabricação de móveis, será instalado um projetor, sistema de som e rede de câmeras de segurança. O restante do orçamento (cerca de 60% do valor total) será complementado pela biblioteca e outros parceiros.
As contribuições variam de R$ 10 a R$ 1.500. Todos os valores doados serão retribuídos com recompensas que vão desde calendários e marcadores de páginas exclusivos da BMA a cartazes, livros de arte e literatura, fotografias originais e gravuras de artistas brasileiros.
População e espaço público
Para o diretor da instituição, Luiz Armando Bagolin, o sucesso da arrecadação pode significar um avanço importante na relação dos espaços públicos com a população. “Todo projeto que tem a premissa de tornar a cidade mais humana e a comunidade onde vivemos mais sociável e civilizada deve ter a criança como uma condição da sociabilidade”, defende Bagolin.
A BMA recebe mais de 2.500 pessoas por dia, entre as áreas de acervo, os espaços de convivência e as atividades de programação cultural, sendo a única na América Latina a oferecer esses serviços 24h por dia.
Quando chegou à direção da Biblioteca, Bagolin verificou que uma das perguntas mais frequentes dos usuários do espaço era se a BMA recebia crianças. A resposta usual sugeria que as crianças deveriam ser encaminhadas para a Biblioteca Infantil Monteiro Lobato, localizada há um quilometro dali.
“Uma biblioteca pública não pode segregar nenhum tipo de usuário, seja por idade, por gênero, por condição social. Começamos a desenhar um espaço que supere essa divisão – já superada em algumas visões da pedagogia – e proponha um encontro multigeracional, onde jovens, idosos e crianças possam usufruir de um espaço comum, respeitando a necessidade de cada faixa etária”, aponta Bagolin.
Desenvolvimento cultural
De acordo com o diretor, a atual programação infantil da BMA já atrai muitas famílias para tardes de teatro, música, brincadeiras e arte. “Ter uma área especialmente destinada a essas atividades estimularia cada vez mais as crianças a frequentarem a biblioteca, contribuindo para seu pleno desenvolvimento cultural.”
A Flor Amarela ficará localizada na base da torre de 22 andares que dá abrigo ao acervo da BMA. Este local foi escolhidos por ser, simbolicamente, o pilar de sustentação da instituição cultural, e “as crianças serão o grande alicerce da nova fase da BMA, ocupando seu devido lugar de cidadãos e protagonistas na construção dessa história, responsáveis também pela sua manutenção e preservação”, aponta o texto de descrição da campanha.
Projeto para oferecer segurança e acessibilidade para crianças de dois a 10 anos, o mobiliário e a estrutura proporcionarão a realização de diversas atividades, como exibição de filmes infantis, ateliê de investigações, contação de histórias, teatro, oficina de leitura, artes e jogos, encontro com autores de literatura infantil e educadores, além de um fraldário.
Conheça a campanha A Flor Amarela: espaço da criança na BMA e contribua com o projeto.