publicado dia 11 de novembro de 2016
Campanha coletiva quer construir espaço de acolhimento LGBT em São Paulo
Reportagem: Danilo Mekari
publicado dia 11 de novembro de 2016
Reportagem: Danilo Mekari
De acordo com uma pesquisa do Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia, 37% dos brasileiros dizem não aceitar conviver com filhos gays, lésbicas, bissexuais e transexuais em suas casas.
Extasiado com esse dado, o jornalista e militante pelos direitos da população LGBT, Iran Giusti, resolveu abrir o espaço de sua pequena quitinete para acolher amigos, conhecidos ou mesmo desconhecidos que tenham sido proibidos de voltar para seus lares por conta de suas orientações sexuais.
“Eu estava muito envolvido com a temática, incentivando a mobilização LGBT, realizando projetos, divulgando causas, mas sempre tive vontade de fazer algo no campo da minha vida pessoal também”, relembra Giusti ao explicar como a ideia começou. Em sua moradia, porém, “havia apenas um sofá”, o que não impediu um alto número de solicitações (cerca de 50) de acolhimento.
Dados indicam que na cidade de São Paulo vivem cerca de 1500 pessoas LGBT em situação de rua. Em 2015, mais de 300 pessoas LGBT foram assassinadas no Brasil.
Vivendo de perto esse contexto de enorme preconceito e falta de direitos fundamentais para a população LGBT, Giusti pretende agora ampliar o projeto e criar um espaço que acolha mais pessoas LGBT em situação de risco: a Casa 1. Para sair do papel, foi criada uma campanha de crowdfunding que pretende arrecadar, até o dia 30/11, cerca de R$ 84 mil reais para a manutenção anual de uma casa localizada no centro de São Paulo.
“É uma iniciativa individual. A ideia é que seja transformada em uma república de acolhimento de LGBTs e um espaço em que receberemos as pessoas para entender as necessidades e dinâmicas de cada um. Para, no futuro, se tornar um projeto coletivo”, afirma o jornalista. Segundo ele, a intenção é criar um espaço para criação, troca de ideias e “tudo o mais que quisermos pensar juntos”. Algo como um centro de cultura LGBT.
“A comunidade LGBT tem uma grande produção cultural e pouca organização e visibilidade para isso. A ideia é a gente se unir e trazer visibilidade para essa produção, que muitas vezes fica fechada dentro da academia”, acredita.
O centro cultural terá espaço para a realização de palestras, workshops e cursos para os moradores da casa e também para o público em geral. A ideia, inclusive, é abrir o espaço da Casa 1 para quem quiser contribuir com debates sobre temas relevantes para os participantes. “Ter um espaço feito com a comunidade e para a comunidade é muito importante. Queremos dialogar com todos”, observa Giusti “Nossa resistência é existir, botar a mão na massa e mudar nossa realidade.”