publicado dia 19 de agosto de 2016
Seis educadores que nos ajudam a pensar a educação integral
Reportagem: Clipping
publicado dia 19 de agosto de 2016
Reportagem: Clipping
Toda educação é por definição uma educação integral porque deve olhar para crianças e jovens buscando atender a todas as dimensões do desenvolvimento humano. Para atingir tal objetivo devem ser pensados espaços, dinâmicas e os sujeitos que são os objetos do aprendizado de maneira que tudo encontre convergência na construção do conhecimento.
Inúmeros autores, pensadores e educadores refletiram e colocaram na prática e na teoria modelos que fogem do padrão educacional da maioria das escolas e que podem servir como referências para quem deseja refletir sobre outras formas de ensinar e aprender.
O Centro de Referências em Educação Integral procurou a socióloga e educadora Helena Singer que elencou 6 autores que pensaram o ensino em uma perspectiva inovadora. Confira:
O escritor russo criou uma escola para filhos de camponeses na propriedade de sua família, em Yasnaia Poliana, em meados do século XIX. Crianças, jovens e adultos se reuniam em torno de interesses em comum e o ritmo das atividades seguia o ritmo do interesse das pessoas. Os espaços de aprender eram os que melhor acolhiam o grupo, da sala da escola às florestas. Não é possível saber se Leon Tolstoi foi o primeiro a organizar uma escola desta forma, mas certamente foi o primeiro a registrar uma experiência deste tipo. A escola foi fechada pelo czar justamente por sua proposta inovadora.
O pediatra polonês criou e dirigiu junto com Stefania Wilczy?ska um orfanato projetado para ser um espaço para as crianças, que atendesse suas necessidades e desejos. O orfanato era gerido por uma república formada pelas próprias crianças. Korczac escrevia peças infantis e foi pioneiro no uso de ferramentas de comunicação criadas pelas próprias crianças, dirigindo um programa de rádio e uma revista que mostravam suas produções e ideias. O orfanato foi transferido para o campo de Varsóvia durante a Segunda Guerra Mundial e, pouco tempo depois Korczak, Stefa e suas crianças foram levados pelos trens da morte.
#3. Alexander Sutherland Neill
Educador inglês criou a escola internato Summerhill, ainda nos anos 20 do século passado. Muito influenciado pela psicanálise, especialmente na sua vertente reichiana, buscou que em Summerhill as crianças se sentissem totalmente livres para escolher seus percursos de aprendizagem. A gestão da escola se dá principalmente por assembleias, em que estudantes e educadores debatem e definem, juntos, as regras. A escola permanece funcionando até os dias de hoje nas mesmas bases, dirigida pela filha de Neill, Zoe Readhead.
O educador brasileiro, criou um método de alfabetização de adultos baseado na contextualização da realidade vivida pelo trabalhador, afirmando que a leitura das letras não se desconecta da leitura de mundo. Sua teoria possibilita compreender a relação educador-educando em sua horizontalidade, o aprendizado se dá pela troca de saberes e experiências, sem hierarquia de pensamento.
Ele é considerado em todo o mundo como um dos pensadores mais notáveis da educação. Nascido em 1921 em Recife, Freire recebeu 29 títulos de Doutor Honoris Causa de universidades ao redor do mundo e também foi reconhecido com um prêmio da Unesco de Educação para Paz em 1986 e em 2012 foi aprovada a lei 12.612 que tornou o educador o Patrono da educação brasileira.
O filósofo vienense viveu nos Estados Unidos, Alemanha e México, onde atuou como padre até entrar em conflito com o Vaticano e então continuar suas atividades como professor universitário e ativista. Sua teoria é fundamental para a compreensão da escolarização como um dispositivo moderno para a destituição dos saberes tradicionais, a dependência social em relação aos profissionais e a perpetuação das desigualdades mesmo em regimes democráticos.
O sociólogo francês atuou como pesquisador, escritor e professor universitário. Seus estudos descrevem a escola como uma das instituições disciplinares de nossa sociedade, sempre denunciadas por seus fracassos, mas de fato bem sucedidas em sua missão maior, a de tornar nossos corpos e mentes dóceis e eficientes.