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publicado dia 23 de março de 2016

Em exposição para crianças, MASP evoca Lina Bo Bardi e propõe diálogo com a cidade

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Um grupo de crianças de várias idades fazia fila e esperava pacientemente o momento de descer ao segundo subsolo do Museu de Arte de São Paulo (MASP) para conferir de perto – e com o próprio corpo – a exposição Playgrounds 2016. Criada a partir da releitura de uma mostra com o mesmo nome, realizada por Nelson Leirner em 1969 (ano em que a atual sede do museu foi inaugurada na Avenida Paulista), a exposição conta com seis propostas de artistas e coletivos sobre o que é o espaço comum, o lúdico e o lazer.

À época da inauguração do espaço, a Playgrounds ocupou o vão livre do MASP com obras que propunham a interação do público, como uma caixa de areia e painéis com zíperes que abriam e fechavam. Na versão 2016 da exposição, o vão livre recebe duas obras: os cubos multi-coloridos do paquistanês Rasheed Araeen e a releitura de um carrossel que já ocupou o local, feita pela artista francesa Céline Condorelli.

Ao estabelecer espaços de diálogos e atividades no espaço expositivo, Playgrounds 2016 difunde a educação em todo o MASP e em seu entorno.

De acordo com a curadora de arte moderna e contemporânea do MASP, Julieta González, a exposição faz parte de um movimento de resgate da concepção inicial da instituição, nos tempos em que era dirigido pelo casal Lina Bo Bardi e Pietro Maria Bardi, assim como a recuperação dos cavaletes de vidro.

“De alguma maneira, Playgrounds tem uma sintonia com o espírito que Lina concebeu ao museu”, afirma a venezuelana, que hoje também dirige o Museo Jumex, na Cidade do México. “Em 1968, ela pensa o museu como espaço público e lúdico, onde a vida da rua se mistura com a vida do jogo e também da aprendizagem.”

Ao estabelecer espaços de diálogos e atividades no espaço expositivo, Playgrounds 2016 difunde a educação em todo o MASP e em seu entorno.

Os cubos chamam a atenção de quem está passando pela movimentada avenida. Não é raro um pedestre desviar o caminho diário para observar a estrutura chamativa e até mesmo modifica-la. No subsolo, onde também estão expostas, as obras são dominadas por crianças, que giram no carrossel e montam, cada uma à sua maneira, “casinhas” de cubos.

Ali também está um caminho de madeira aonde o público desfila cuidadosamente, do artista carioca Ernesto Neto; um espaço de discussões sobre “brincar e pensar”, proposto pelo Grupo Contrafilé; e o trabalho Condutores, do Grupo Inteiro, que viu na estrutura interna de apoio dos ônibus urbanos uma possibilidade de refletir sobre a pedagogia, além de um trepa-trepa diferente e divertido para os menores.

Ao estabelecer espaços de diálogos e atividades no espaço expositivo, Playgrounds 2016 difunde a educação em todo o MASP e em seu entorno.

Playgrounds 2016 é um projeto itinerante, realizado em São Paulo em conjunto com o SESC. De agosto a novembro de 2016, a exposição será montada no SESC Interlagos.

“No meu país, o ônibus é chamado de coletivo”, lembra González. “Tirada do contexto do veículo, essa estrutura vira um objeto de jogo, de aventura. O corpo pode explorar de outra maneira uma estrutura que é vivenciada no cotidiano.” Ela valoriza o papel ativo que os espectadores exercem durante a visita. “Permite ao público realizar a sua própria experiência estética. Vendo sob outros aspectos, isso também gera a possibilidade dele auto organizar a sua vida.”

De acordo com a curadoria, ao estabelecer espaços de diálogos e atividades no espaço expositivo, a mostra cumpre o papel de difundir a educação em todo o museu – não apenas no seu espaço físico, mas também no seu entorno.  “O MASP foi construído entre um parque e uma paisagem, a vista da avenida 9 de Julho. É um espaço vazio que, na verdade, não tem nada de vazio: é cheio de vida pública”, afirma González. “Funciona como uma praça, onde praticamente não há nada construído, mas é o lugar onde acontece a negociação entre público e privado, coletivo e individual.”

Ao estabelecer espaços de diálogos e atividades no espaço expositivo, Playgrounds 2016 difunde a educação em todo o MASP e em seu entorno.

Dentro da programação da Playgrounds 2016 está sendo organizado um seminário internacional que discutirá as posições dos museus em relação aos seus públicos, com foco em seus programas públicos e educativos. “O seminário em 2016 será uma oportunidade para centrar-se na relação dos museus com o espaço público e a cidade e as possibilidades de mediação por meio do jogo e da autonomia”, afirmam os curadores.

Previsto para os dias 15 e 16/4, o seminário é gratuito e as inscrições poderão ser feitas a partir de 28/3, através do site do MASP.

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