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publicado dia 4 de dezembro de 2015

Estudantes anunciam continuidade das ocupações em São Paulo

Reportagem:

O anúncio do governo estadual adiando a implementação da reorganização do ensino paulista, seguida pela queda do secretário estadual de Educação, Herman Voorwald, não foram suficientes para desmobilizar as dezenas de ocupações escolares que se espalham por São Paulo. Os jovens manterão as ocupações a plenos pulmões, pois não aceitam apenas a postergação do redesenho para 2017 – eles querem ver o projeto totalmente cancelado.

Em jogral divulgado após reunião do Comando das Escolas Ocupadas, realizada na noite desta sexta-feira, os estudantes pedem uma oficialização da proposta do governo, que deixe clara a sua intenção. “Exigimos o cancelamento do decreto da reorganização, a oficialização de um cronograma de audiências públicas para debater, de forma clara e verdadeira, a necessária reforma do ensino, com toda a sociedade”, afirmam.

Reunidos em Pinheiros, zona oeste, estudantes de São Paulo comunicaram que só desocupam as escolas quando a reorganização for cancelada. Também reivindicaram um cronograma de audiências e anunciaram um ato na avenida Paulista, na próxima quarta-feira.

Posted by Portal Aprendiz on Sexta, 4 de dezembro de 2015

 

Eles pedem ainda a punição dos policiais que reprimiram e ameaçaram os manifestantes e que nenhum pai, aluno, funcionário, professor ou apoiador que participaram da mobilização seja criminalizado.

“Nossas formas de manifestação são legítimas e protegidas por lei. Só desocuparemos as escolas se a reorganização for cancelada oficial e permanentemente”, finalizaram os ocupantes, reconhecendo os avanços da luta contra o redesenho e agradecendo os apoiadores.

Sem sorrisos

A estudante Íris*, da ocupação da EE João Kopke, localizada no centro de São Paulo, estava na manifestação que foi duramente reprimida pelas forças de segurança na manhã dessa sexta-feira (4/12) e que terminou com a imagem de estudantes comemorando o anúncio de Geraldo Alckmin em frente ao Palácio Caetano de Campos, sede da Secretaria de Educação do Estado, na Praça da República. Ela, porém, garante que não abriu um sorriso.

“O pessoal da João Kopke e muitas outras ocupações não comemoraram nada. O motivo da nossa luta é a revogação total da reorganização escolar, e não apenas a sua suspensão temporária”, enfatizou. “Até lá, continuaremos ocupando a nossa escola.” Ela afirma que as atividades marcadas para acontecer no final de semana, como aulas e oficinas, acontecerão normalmente.

Os jovens manterão as ocupações a plenos pulmões, pois não aceitam apenas a postergação do redesenho para 2017 e querem ver o projeto totalmente cancelado.
Manifestação estudantil fecha a rua da Consolação, no centro de São Paulo

O promotor do Grupo Especial para a Educação (Geduc) do Ministério Público de São Paulo, João Paulo Faustinoni, afirma que a ação civil pública lançada ontem, em parceria com a Defensoria Públicacontinuará tramitando na Justiça mesmo após a decisão do governo pelo adiamento do redesenho.

A jovem acredita que a promessa do governo de usar o ano de 2016 para dialogar com as escolas não passa de retórica. “Acharam que íamos aceitar a proposta, mas o foco dela é apenas desocupar e desmobilizar o movimento. Esse ano de ‘diálogo’ que o Alckmin anunciou pode servir para muita coisa – desde criar leis que proíbem novas ocupações escolares como punir quem participou da luta até aqui”, revela Íris.

A posição de Giovana*, estudante da EE José Lins do Rego, no Jardim Ângela, zona sul de São Paulo, é semelhante. “A nossa ocupação vai continuar até que saia um decreto oficial cancelando a reorganização. E, mesmo assim, queremos ter a garantia de que nenhum aluno ou professor será penalizado”, observa a garota, que também aponta uma possível manobra do governador.

Giovana ainda reflete sobre os aprendizados que adquiriu com a mobilização secundarista. “Aprendemos que, quando nos unimos, somos capazes de qualquer coisa. As ocupações nos mostraram que somos capazes de lutar pela mudança na escola.”

A página Não Fechem Minha Escola, que possui mais de 140 mil seguidores no Facebook e faz cobertura ao vivo das ocupações escolares, soltou um comunicado em que defende a manutenção do levante juvenil. “Primeiramente, é preciso aguardar um parecer jurídico oficial que ateste que Alckmin não está manobrando o movimento e a publicação no Diário Oficial. Além disso, antes de desocupar, precisamos de outras garantias importantes, como a liberdade de todos os manifestantes atualmente presos e a não punição de ninguém envolvido na luta.”

Os jovens manterão as ocupações a plenos pulmões, pois não aceitam apenas a postergação do redesenho para 2017 e querem ver o projeto totalmente cancelado.
Ocupantes agradecem os apoiadores.

Virada Ocupação

Outro sinal de que as ocupações escolares continuarão sendo um centro de cultura, lazer e educação está na manutenção da Virada Ocupação, que acontecerá domingo e segunda-feira (6 e 7/12) em diversas escolas de São Paulo. Nelas, rtistas como Criolo, Chico César, Céu, Paulo Miklos e Edgard Scandurra farão apresentações gratuitas.

Também segue marcado para sábado (5/12) um ato contra a reorganização escolar de São Paulo, que terá concentração no Masp (Museu de Arte de São Paulo, na Avenida Paulista), a partir das 14h. O Comando das Escolas Ocupadas, por sua vez, realizará um ato na próxima quarta-feira, dia 9/12, a partir das 17h, com concentração no vão livre do Masp.

*Nomes fictícios.

A foto que abre esta reportagem é de Rogério Albuquerque.

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