publicado dia 9 de setembro de 2015
Além do vestibular: Cursinho da Lapa visa formação integral de estudantes que querem entrar na universidade
Reportagem: Danilo Mekari
publicado dia 9 de setembro de 2015
Reportagem: Danilo Mekari
Ser uma experiência pré-universitária, e não apenas pré-vestibular. Esse é um dos objetivos do Cursinho Livre da Lapa, que pretende construir uma vivência de educação inspirada em práticas libertárias e contribuir para que os estudantes ingressem na universidade com uma visão crítica consolidada.
Dedicado a quem deseja voltar a estudar, prestar vestibulinho ou buscar reforço paralelo à escola, o Cursinho Livre da Lapa funciona de maneira totalmente gratuita e horizontal e tem como sede desde o início de 2015 o Espaço Autônomo Casa Mafalda, na zona oeste paulistana.
Para além das matérias exigidas pelo vestibular, o Cursinho oferece aulas de Linguagens e Política, propondo um olhar mais cuidadoso sobre a sociedade, as artes, o corpo e o indivíduo. Para diminuir a hierarquia entre educadoras, educadores e estudantes, as aulas possuem um formato diferente do tradicional e a gestão do projeto fica a cargo de todos. Nas assembleias, por exemplo, estimulam-se discussões e debates, de modo que a construção do conhecimento não fica centralizada na figura do professor ou da professora.
As aulas ocorrem de segunda a sexta-feira, em dois horários: das 14h às 16h e das 16h20 às 18h20.
“Este tem sido um processo intenso, cheio de intermináveis aprendizagens e crescimento para todas as pessoas envolvidas. Temos vivido momentos lindos: rimos, aprendemos, construímos, sonhamos, refletimos, batemos a cabeça, debatemos”, conta Camila Oliveira de Azevedo, professora de Linguagens do Cursinho.
Entendendo que a cidade educa, o Cursinho promove saídas de campo que, segundo Camila, “possibilitam aprendizagens significativas e uma progressiva ocupação dos espaços da cidade”.
Os alunos e alunas já percorreram o centro da cidade para conhecer a Ocupa São João e a favela do Moinho, participaram de um ato em defesa das cotas universitárias no Largo da Batata, conheceram jovens que cumprem medidas socioeducativas e caminharam pela Lapa para discutir questões de moradia e recolher fragmentos e objetos pelas ruas. Após essas saídas são estabelecidas relações entre os conteúdos discutidos em aula e o que foi visto fora dela.
“Vira e mexe sentamos para trocar sobre o que estamos vivendo. Temos muitos desafios, dúvidas sobre caminhos, situações delicadas para lidar, decisões difíceis de tomar, inquietações constantes”, observa Camila, citando um grande desafio que acompanha o projeto desde o início: a viabilização financeira.
Além de ajudar no aluguel, limpeza e manutenção da Casa Mafalda, o projeto precisa bancar materiais pedagógicos e ainda ajudar os estudantes com o transporte, pois muitos deixam de ir às aulas por não conseguir pagar a condução.
Por isso, o Cursinho da Lapa está atrás de colaboradores para arrecadar R$ 20 mil via crowdfunding. Até agora, 22% da meta já foi arrecadada, e pede-se doações até o dia 10/10. Contribuições podem ser feitas a partir de R$ 10.
“Acreditamos profundamente na força das construções coletivas e sabemos que muita gente gostaria de estar conosco mais de perto, ajudando na construção desse espaço de educação tão especial”, finaliza Camila.