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publicado dia 6 de julho de 2015

Formado por jovens, Coletivo SPClan busca valorizar a produção cultural da periferia

Reportagem:

Breaking, grafite, rap. A cultura hip hop marca presença na vida dos jovens moradores do Fundão do Ângela, região que aglutina no extremo sul de São Paulo os jardins Jacira, Vera Cruz e Ângela. Em meio às adversidades de um dos locais mais vulneráveis da cidade, o Coletivo SPClan encontrou na batida do rap uma forma de valorizar a cultura produzida por quem vive do lado de lá da ponte.

“Temos um papel político: mostrar que a cultura da periferia não tem discriminação e sabe criar seus espaços. Queremos nosso lugar, mostrando a importância dos talentos periféricos”, relata o b-boy Luan Sousa, 21, que também é grafiteiro e integrante do grupo.

Integrantes do SPClan em apresentação de break para alunos da EMEI Chácara Sonho Azul.
Integrantes do SPClan em apresentação de break para alunos da EMEI Chácara Sonho Azul.

De acordo com dados de 2013 da subprefeitura do M’Boi Mirim, a região possui 170 favelas, somando 34 mil domicílios, sendo que 14 mil estão em áreas de risco. Em 1996, foi considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) a zona urbana mais violenta do mundo, com 130 homicídios para cada 100 mil habitantes. “Fundão / muita treta pra Vinícius de Moraes”, provoca Mano Brown, rapper dos Racionais MCs, na música Da Ponte pra cá.

Formado em 2014, o coletivo reúne jovens de 17 a 27 anos que têm em comum a paixão pela cultura hip hop. São b-boys e b-girls (dançarinos de break), grafiteiros, produtores culturais, MCs e DJs que acreditam no potencial transformador da arte em suas comunidades. E apostam na construção de novas formas de conteúdo para levar algo diferente para a juventude. “Aqui na região não temos lugar para nos apresentar que não seja o CEU (Centro Educacional Unificado). Por isso, tentamos não depender dos espaços oficiais e criá-los nós mesmos”, afirma.

Revitalizar os espaços públicos e fortalecer os movimentos culturais da região estão no objetivo do coletivo, sejam eles novos espaços ou lugares onde já existe uma apropriação natural pela comunidade como pontos de cultura, esporte e lazer.

O primeiro evento oficial do SPClan foi chamado de Invasão Cultural. Aconteceu em agosto de 2014 no CEU Vila do Sol, no Jardim Vera Cruz. Os jovens promoveram atividades ligadas ao hip hop, skate e basquete de rua. Durante a Semana do Hip Hop 2015, realizada em março, o grupo organizou oficinas de break e grafite.

O SPClan também busca se articular com as escolas do Fundão. Em parceria com a EMEI Chácara Sonho Azul e com o Coletivo Dedo Verde, os jovens organizaram o evento Revitavila – Cor na Quebrada, que reuniu a comunidade para agir sobre o espaço urbano. Resultado: com o auxílio dos integrantes do SPClan, as crianças da EMEI usaram os sprays e reproduziram seus próprios desenhos nos muros da escola. Além disso, foram realizadas diversas atividades, como plantio de mudas, batalha de breaking e microfone aberto para poesias.

“Foi a primeira articulação com escolas que funcionou. Queremos usar o Revitavila como mote para a revitalização da comunidade, e não apenas dentro da escola. Que seja tudo revitalizado!”, exclama Luan.

Revitavila aproximou as crianças do grafite.
Revitavila aproximou as crianças do grafite.

Junto aos coletivos Fora de Frequência e Guetofobia, o SPClan participa ainda da organização do Jaçarau, sarau mensalmente organizado no Jardim Jacira que reúne poesia, discotecagem, dança de rua e freestyles, entre outras manifestações artísticas. Acontece todo segundo sábado do mês (a próxima edição está agendada no dia 11/7).

“Foi a carência sociocultural na quebrada que nos uniu. Somos adeptos da cultura de rua, disseminando-a de forma educativa, tentando transformar e incentivar”, define o coletivo.

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