publicado dia 11 de fevereiro de 2014
Como é o dia na vida de uma mulher?
Reportagem: Pedro Nogueira
publicado dia 11 de fevereiro de 2014
Reportagem: Pedro Nogueira
Imagine que uma vizinha venha falar com você sobre uma reunião de condomínio, mas no final das contas ache melhor falar com sua companheira. Você sai às ruas para levar seus filhos na creche e ouve milhões de ofensas cantadas por ser quem você é. Abusado, na delegacia de polícia, é acusado de ter provocado a violência que sofreu. Se você é mulher, não precisa nem imaginar. Você vive neste mundo. Mas uma diretora francesa propôs inverter os papéis e criou uma sociedade na qual os homens são oprimidos por mulheres. Um país sexista ao contrário – o que é bem diferente, cabe dizer, do que propõe o feminismo.
O filme “Majorité Oprimé” (Maioria Oprimida), de Eleonóre Pourriat, foi feito há cinco anos. Porém, nos últimos dias, começou a viralizar e a ser compartilhado na internet. Sobre o sucesso tardio, Pourriat comentou ao Guardian: “Há cinco anos, as pessoas me perguntavam se ser feminista era algo contemporâneo. Hoje ninguém pergunta. A luta feminista é mais importante agora. Cinco anos atrás me sentia com um alienígena. O filme faz sucesso agora porque direitos estão ameaçados. Tudo isso que está acontecendo agora com a homofobia, machismo na França, é como uma maré negra”.
Para além de imaginar o que é ser mulher, a ideia da diretora era que as pessoas empatizassem com o outro. “Às vezes os homens – não é culpa deles – não imaginam que mulheres são assediadas com palavras todo dia, com pequenas expressões, sutis. Eles não podem imaginar porque não são confrontados eles mesmos”, avalia a diretora, que relatou que o filme foi feito após seu marido não acreditar que ela havia sofrido violência na rua.
Espaço Público
A relação do espaço público com o corpo feminino, então, é posta em xeque neste filme, que retrata o percurso de Pierre num dia que poderia ser o de muitas mulheres, ouvindo palavras de baixo calão, sendo menosprezadas, desacreditadas, ofendidas, diminuídas e, acima de tudo, agredidas.
Segundo a diretora, desde que o vídeo começou a ser compartilhado e alcançou mais de 2 milhões de visualizações, sua caixa de mensagens foi lotada com recados degradantes. Ela deletou todos, manteve apenas um, que a chamava de “cadela reclamona”. Para Pourriát, é uma mensagem clara de que seus filmes devem continuar sendo feitos.
Confira o vídeo abaixo, com legendas em inglês: