Em sua segunda edição, o Baixo Centro, festival anual gratuito de arte realizado nos espaços públicos de São Paulo ocupará, entre os dias 5 e 14 de abril, além das ruas da região, a tradicional Escola Estadual Canuto do Val. Fundada em 1925, no bairro da Barra Funda, a unidade receberá no sábado (13/4) parte das atividades do evento, que trará diferentes linguagens da arte e uma programação ligada à educação.
Com aproximadamente 700 alunos, com idades que vão dos 11 aos 18 anos, a escola atende do segundo ciclo do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio. E não tem sido fácil segurar as expectativas pelo evento. De acordo com a diretora da unidade, Márcia Volpi, “os alunos já estão se preparando e também vão se apresentar. Neste momento, as aulas de artes estão dedicadas ao festival”.
A ideia é envolver toda a escola e também a comunidade no processo. Márcia Volpi afirma que todos os interessados do bairro e da cidade estão sendo aguardados, numa oportunidade de troca e intercâmbio entre as diferentes habilidades praticadas pelos artistas.
“Além disso, duas semanas antes do evento, todas as outras disciplinas serão convidadas a desenvolver atividades em sala focadas no festival”, ressalta a diretora, num esforço por uma integração mais aprofundada das intervenções com a escola.
Para ela, o trabalho é uma forma de trazer a comunidade para dentro do colégio, tornando-a mais consciente do valor histórico da Canuto do Val, além de mais participativa no cotidiano da própria unidade. “É preciso conhecer para valorizar. Esse diálogo entre comunidade e escola tem que existir, até para que busquemos juntos como aperfeiçoar e proporcionar melhores condições de ensino e aprendizagem aos alunos”, defende.
Crianças no Baixo Centro
A participação da Canuto do Val na edição deste ano também é comemorada internamente no festival. Para Malu Andrade, uma das produtoras do evento, “a importância da escola é muito grande, uma conquista em termos de espaço, ampliando as possibilidades para além da festa, com espaço também para o debate sobre a cidade, o cotidiano e a cultura”.
Ela ressalta o aumento de atividades voltadas às crianças nesta edição do evento. “Boa parte da programação está concentrada na Canuto do Val. Lá acontecerá, por exemplo, debates como ‘E aí, game é cultura?’, ou mesmo rodas de conversa sobre educação no Baixo Centro, sobre como aproveitar mais os potenciais do bairro.”
A proposta, diz Malu, é que as iniciativas culturais independentes se multipliquem ao longo do ano. “O que queremos é ver o entorno da escola mobilizado, compartilhando entre si, para que daqui um tempo, ao invés de existir um festival Baixo Centro ao ano, vários menores possam ter espaço ao longo dos 365 dias”, comenta.
Financiamento colaborativo
Totalmente gratuito, sem parcerias com o governo, organizações ou iniciativa privada, o festival conta com financiamento independente, viabilizado a partir de campanha de arrecadação no site Catarse.
Até o dia 30 de março, todo internauta pode apoiar o projeto, com contribuições a partir de R$10. A meta é alcançar os R$62 mil necessários à infraestrutura das ações previstas. A programação, com todas as atividades, está disponível para consulta no site do Baixo Centro.
Montada a partir de uma chamada pública encerrada no dia 22 de fevereiro, a programação reúne mais de 530 atividades bastante diversas, que vão de debates públicos até oficinas de escrita, cultura digital ou apresentações de teatro, música e performances, entre outras. Todas empenhadas em fazer valer o lema do festival, “As ruas são para dançar”.