publicado dia 1 de abril de 2014
Com 500 mil habitantes – cerca de um milhão contando toda a área metropolitana – Glasgow é a maior cidade da Escócia e a terceira maior do Reino Unido. Recentemente, ela venceu um concurso com outros 29 municípios e ganhou um financiamento de 24 milhões de libras ( equivalente a R$ 90,9 milhões) para implementar o programa Open Glasgow, parte do Glasgow Future Cities (GFC), um projeto que visa colocar os habitantes da cidade na linha de frente da integração e inovação tecnológica.
O Open Glasgow incentiva cidadãos a pensarem estratégias digitais para problemas como educação, saúde, segurança e sustentabilidade a partir de aplicativos, portais e mapeamento colaborativo. Mas como se faz isso?
O primeiro passo foi abrir todos os dados da cidade com o Data Glasgow Portal, um site que concentra – numa plataforma de fácil acesso – informações públicas de orçamento, mapeamentos, pesquisas, demografia, economia, situação do transporte público, deslocamentos, enfim, tudo o que uma prefeitura pode saber sobre seus habitantes e sua jurisdição.
“Abrir dados é extremamente poderoso. A ideia é observar isso numa perspectiva cultural, e não apenas funcional. [Desde a abertura] Temos visto um impacto em como acontece a gestão desses dados. Esperamos que, com o tempo, essa qualidade signifique mais transparência e quebre barreiras para o engajamento civil”, afirma Pippa Garner, Gerente de Programas do Open Glasgow.
Após essa etapa, programadores são convidados para maratonas hackers temáticas onde devem pensar em estratégias, a partir dos dados, para resolver problemas urbanos e aproximar a população da gestão do seu espaço e de suas vidas. Com duração de 48h, a metodologia tem sido adotada em várias cidades, inclusive São Paulo. A partir desse esforço, surgem novos produtos que ajudam na construção de cidades mais inteligentes e conectadas.
Um aplicativo de celular, por exemplo, pode permitir que os serviços de emergência sejam chamados rapidamente e com precisão de GPS, ao mesmo tempo em que abre canais de denúncias e sugestões de problemas da cidade, ou simplesmente indicar quais restaurantes estão abertos em sua área.
“Queremos colocar as pessoas no centro, empoderando todos, de cidadãos a legisladores, desenvolvedores de aplicativos e artistas, que queiram usar a cidade para construir, desenvolver, experimentar ou simplesmente explorar”, aposta Gardner. Uma das inovações já anunciadas está na criação de roteiros personalizados, onde cada cidadão pode apresentar para o mundo o que é sua Glasgow.
Educação
Além disso, o programa está buscando escolas e demais instituições acadêmicas da cidade para aumentar seu impacto. Dentre as propostas, há um programa de alfabetização que inclui atividades como programação para crianças, que visa empoderar meninos e meninas para que possam ajudar na construção de softwares e aplicativos para a cidade.
“Ainda é cedo para avaliar os impactos ou resultados. No entanto, o programa mostra que Glasgow e o Reino Unido estão tentando caminhar na direção de uma sociedade mais aberta e colaborativa. E isso é um objetivo prioritário da cidade”, conclui Pippa.