Do Estadão
Os estudantes da Unifesp de Guarulhos decidiram na noite de quinta-feira, 23, encerrar a greve iniciada no dia 22 de março. O retorno às aulas foi aprovado, durante assembleia, por 334 votos a favor e 195 contra. Os alunos cobravam melhorias na infraestrutura do câmpus e na assistência estudantil.
Ainda não há previsão para a volta às atividades. Os alunos iniciaram a greve logo após o começo do semestre letivo. Com isso, a entrada de calouros no câmpus, no próximo ano, está comprometida.
Para o aluno de Filosofia Michael Melchiori, de 25 anos, a greve terminou por questões internas. Os professores da unidade encerraram a paralisação na semana passada, retirando-se do movimento nacional da categoria, e a própria permanência de alguns cursos no Bairro dos Pimentas, em Guarulhos, está sendo questionada. “A crise institucional ali é muito forte”, diz Melchiori.
Parte dos professores do câmpus pede a transferência da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH) para o centro da capital. Queria, inclusive, o congelamento de um edital para construir um novo prédio em Guarulhos. A reitoria, no entanto, rejeitou a ideia e deve abrir na segunda-feira os envelopes que decidirão a empresa responsável pela obra. A construção do edifício principal do câmpus é prometida desde 2007, ano da inauguração.
Hoje, por volta das 17h, estava prevista a realização de um ato pela permanência da EFLCH no Bairro dos Pimentas. A manifestação, segundo o estudante Melchiori, foi convocada por associações que lutaram seis anos atrás pela atração da Unifesp para a cidade. Alguns alunos confirmaram participação no evento, uma caminhada pela região do câmpus.
“Os problemas de estrutura e de transporte público são gravíssimos. O câmpus é abandonado”, afirma Melchiori. De acordo com ele, as salas de aula ficam em frente ao local de construção do novo prédio. “Vai ficar inviável ter aula.”
Ainda segundo o estudante, a pauta do movimento grevista está sendo respondida. “O MEC declarou de utilidade pública um terreno próximo ao câmpus, para construir a moradia universitária, a creche e uma Escola de Aplicação para o curso de Pedagogia.”
Volta às aulas
Segundo o diretor acadêmico do câmpus de Guarulhos, Marcos Cezar de Freitas, a Congregação da EFLCH se reuniu ontem para iniciar o planejamento da reposição das aulas. Os docentes têm até a próxima sexta-feira, 31, para apresentar os “cenários possíveis”. “Tudo que foi parado será reposto, desde o início da greve dos alunos”, diz.
Ele afirma ser “impossível” responder neste momento se o ingresso de novas turmas no primeiro semestre de 2013 está comprometido.
A Unifesp, por meio de sua Assessoria de Imprensa, não respondeu quando as aulas do ano letivo 2013 começariam. E diz que está aguardando a posição de “muitas imobiliárias” sobre o aluguel de um prévio provisório para alocar os estudantes durante a construção do edifício principal do câmpus.