publicado dia 19 de abril de 2012

“Sou professor, mas antes de qualquer coisa tenho uma cultura guardada comigo e tenho que passar para o meu filho”. Donisete Machado da Silva ou Awá Aridju – em tupi-guarani – dá aulas para jovens e adultos na aldeia Renascer, localizada em Caraguatatuba.
A preocupação de manter costumes e difundir a tradição para as gerações futuras permeia o pensamento do professor e também pai que, embora reconheça a importância da alfabetização em português, não abre mão de transmitir ao pequeno a arte que herdou de seu pai. “Se ele aprender, sei que nossa cultura não vai morrer, porque ele vai passá-la para frente.”
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A 400 quilômetros dali, em Sete Barras, interior do estado, músicas e danças típicas embalam os quase 40 alunos da Escola Estadual Indígena Peguao-Ty. Todas as quartas-feiras, os alunos saem da sala de aula para aprenderem mais sobre a importância da preservação da história e das tradições guarani.
O evento, que recebe o nome de Dia da Cultura, é um dos meios utilizados pela comunidade e pelos próprios educadores para garantirem que os pequenos, ainda em formação, carreguem consigo um pouco dos costumes que há anos perpassam gerações.
De um lado, meninos vestidos como legítimos índios dão as mãos e cantam o coro de uma tradicional canção da tribo. Do outro, as meninas respondem cantando e dançando a outra parte da música, instrumentada por um violão e um típico tambor indígena.
“Eles cantam, dançam e recebem conselhos dos mais velhos. Nós precisamos lembrar nossa cultura, o que Deus deu para nós. Essa é a melhor forma”, conta o cacique Luiz Eusébio.
Na escola
Uma das maneiras de fortalecer costumes e tradições dentro da escola é levar para a sala de aula educadores da própria comunidade. Todos os professores e funcionários da unidade são índios, conforme determinação de lei estadual. “Acho importante ver professores índios trabalhando com os alunos. Até mesmo para conservar a tradição e a língua, porque aqui nós ensinamos tanto o português como o guarani”, conta o professor bilíngue e morador da aldeia, Celso Aquiles ou Verá Miri – em guarani.