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publicado dia 30 de março de 2012

Modelo de desenvolvimento deve ser redefinido, alerta Ignacy Sach

“Não podemos nos dar o luxo de primeiro destruir o planeta e depois ver como fica. Precisamos ser mais sóbrios e eficazes no uso dos recursos renováveis”. Esse é o alerta do economista, sociólogo e professor da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, Ignacy Sach.

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O francês falou durante o debate “O papel do investimento social na construção de cidades sustentáveis”, ocorrido na última quinta-feira (29/3), em São Paulo, como parte da programação do 7º Congresso GIFE, seminário que reúne lideranças nacionais e internacionais para discutir os investimentos sociais privados no país.

Mediante uma atenta platéia, Sach – uma das mais respeitadas vozes quando o assunto é desenvolvimento sustentável -, insistiu na importância do reposicionamento das bases sob as quais se pratica a sustentabilidade hoje no mundo. Para ele, “poucos países pensaram na sustentabilidade social e ambiental conjuntamente”.

Sach acredita que o desenvolvimento urbano não deve acontecer às custas do campo.

O economista refere-se à necessidade de se encontrar formas de desenvolvimento urbano sem explorar o campo ou criar novos bolsões de miséria.

Ele aposta ainda em uma coalizão internacional soberana especialmente dedicada ao assunto e empenhada em construir soluções de forma integrada.“Precisamos redefinir as estratégias de desenvolvimento. Cidades sustentáveis devem fazer parte de um mundo sustentável”, afirma.

Sua proposta é ambiciosa. Ainda que reconheça a falta de um debate democrático genuíno entre governantes, empresários, trabalhadores e sociedade civil organizada, Sach defende uma participação mais atuante por parte do Estado, que garanta e regulamente estratégias sustentáveis nacionalmente a longo prazo. “Não dá para deixar tudo nas mãos do mercado, sem planejar. Estamos rejeitando o planejamento na época do computador.”

Estas medidas seriam viabilizadas com a criação de um fundo de cooperação internacional, constituído a partir da doação de 1% do PIB de cada país, mais a tributação sobre a emissão de carbono e a cobrança de pedágio sobre a utilização de ares e oceanos.

A formação de uma rede efetiva de cooperação tecnológica-científica, organizada por semelhanças entre ecossistemas, também seria fundamental para  forjar esse novo modelo. “Somos ou não capazes de garantir um fundo internacional socialmente inclusivo e ambientalmente sustentável?”, provoca.

[stextbox id=”custom” caption=”Investimento Social” float=”true” align=”right” width=”250″]Investimento social privado é o repasse voluntário de recursos privados de forma planejada, monitorada e sistemática para projetos sociais, ambientais e culturais de interesse público. Fonte: GIFE[/stextbox]

Observatórios

Para falar de experiências práticas promotoras da qualidade de vida e da sustentabilidade em grandes cidades compareceram ao debate os representantes das redes Nossa São Luís e Nossa São Paulo, Eduardo Lago e Maurício Broinizi, respectivamente.

De acordo com Eduardo Lago, o observatório social de São Luís, responsável por definir e monitorar índices de sustentabilidade municipais, existe para cobrir deficiências do poder público. Ele analisa que hoje o grande desafio é despertar no cidadão interesse em participar das decisões políticas. “Uma pergunta que sempre surge é: por que o cidadão não quer participar de um sistema que lhe é beneficiário?”

Para Maurício Broinizi, da Nossa São Paulo, um dos principais objetivos da rede – que anualmente mede a satisfação dos moradores da cidade e também o nível da confiança no poder público por meio de pesquisas de opinião – é contribuir para a autonomia e independência da sociedade civil sobre o Estado e os partidos. “Batalhamos pela transparência dos indicadores. É um projeto a médio e longo prazo”, afirma.

Broinizi ressalta a necessidade de se aperfeiçoar o que define como “sustentabilidade política”, consolidando a participação democrática nos espaços coletivos e públicos da cidade. Ele avalia também que, “agora que descobrimos que a natureza é finita”, a repercussão dos dados das pesquisas têm contribuído para uma outra relação com os bens materiais de existência.

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