publicado dia 18 de novembro de 2021
Mês da Consciência Negra: confira 7 livros para se aprofundar na luta antirracista
Reportagem: gabryellagarcia
publicado dia 18 de novembro de 2021
Reportagem: gabryellagarcia
Novembro é considerado o mês da consciência negra e, 20/11, é oficialmente o dia em que se celebra a data. Apesar de avanços nos últimos anos e de ser considerado crime (Lei 7.716/1989), o racismo e a luta contra o preconceito ainda fazem parte da luta diária de milhões de brasileiros.
Essa violência contra corpos negros no Brasil é traduzida em números pelo Atlas da Violência, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. De acordo com o documento, de 2007 a 2017 a taxa de negros vítimas de homicídio cresceu 33,1%, enquanto a taxa para pessoas não negras foi um aumento de 3,3%. Para se ter uma melhor dimensão dessa questão, vale um outro dado: o relatório também apontou que em 2017, 75,5% das vítimas de homicídio no Brasil foram pessoas negras.
Para auxiliar na compreensão dessa complexa questão histórica, e também as estruturas da desigualdade, os tipos de racismo e formas de combatê-lo, selecionamos 7 livros que ajudam a entender a composição desse cenário e como chegamos à atualidade.
Uma das maiores referências na defesa dos direitos dos negros no Brasil, mesmo após sua morte, Abdias Nascimento faz a desconstrução da chamada “democracia racial”, um cenário onde hipoteticamente pretos e brancos convivem harmoniosamente, desfrutando iguais oportunidades de existência, sem nenhuma interferência. Exilado durante a ditadura militar, Abdias foi o responsável por formular de maneira categórica a noção de “genocídio negro”, abordando aspectos como a mestiçagem, o embranquecimento físico e cultural e o apagamento de referenciais como formas de exterminar física e simbolicamente mulheres e homens negros.
Nesta obra, a professora e filósofa estadunidense Angela Davis faz importantes reflexões sobre as raízes das opressões. Ela demonstra como os movimentos antiestupro e antilinchamento de negros foram enfraquecidos por ideologias racistas, como o mito que representa o homem negro como estuprador e a mulher negra como promíscua, além de trazer discussões sobre a escravidão e seus impactos.
A obra trata diretamente da complexidade do racismo na sociedade brasileira. Além da questão de segurança pública, o autor apresenta dados estatísticos e discute como o racismo está na estrutura social, política e econômica da sociedade brasileira, a partir do “racismo institucional”. Trata-se de um conceito que foi apresentado pela primeira vez na década de 1970 no livro Black Power, escrito por Kwame Turu e Charles Hamilton.
Neste livro Djamila Ribeiro traz onze lições breves para entender as origens do racismo e como combatê-lo. Ela também trata de temas como atualidade do racismo, negritude, branquitude, violência racial, cultura, desejos e afetos, além de refletir com os leitores sobre discriminações racistas estruturais enraizadas no campo social e a responsabilidade pela transformação do estado das coisas, que deve partir do reconhecimento de suas raízes e seus impactos na sociedade.
O livro busca apresentar ao leitor a complexidade da desigualdade racial no Brasil por meio de uma análise entre a linguagem e o racismo. Nascimento também se posiciona de forma lúcida e engajada nos debates de intelectuais negros, muitas vezes esquecidos, e mostrando suas contribuições para uma visão mais inclusiva da linguagem dentro da sociedade brasileira.
A autora analisa o sistema prisional dos Estados Unidos e expõe em sua obra como opera o racismo estrutural e institucionalizado nas sociedades ocidentais contemporâneas. O livro trouxe luz para a questão racial na época do governo de Barak Obama e inspirou toda uma geração de movimentos sociais antirracistas. Para a autora, o encarceramento em massa se organiza por meio de uma lógica abrangente e bem disfarçada de controle social racializado.
A partir do conceito da “modernização conservadora”, Clóvis Moura explica como o Brasil optou por fazer a transição do escravismo para um incipiente projeto de industrialização da nação sob as bases de uma estrutura escravagista. A obra colabora para entender os mecanismos utilizados pelo Estado brasileiro para manutenção de mulheres e homens negros na base da pirâmide social do país no pós-escravidão, processo que se perpetua até os dias de hoje.