publicado dia 16 de maio de 2019
Conheça 10 brasileiros que foram às manifestações em defesa da educação
Reportagem: Redação
publicado dia 16 de maio de 2019
Reportagem: Redação
*Publicado originalmente no Centro de Referências em Educação Integral. A autoria de Ingrid Matuoka e fotos de Natália Passafaro
Estudantes, professores, pesquisadores e famílias ocuparam, nesta quarta-feira, 15 de maio, as ruas de mais de 200 cidades e do Distrito Federal em defesa da educação.
Ainda que seus cartazes, camisetas e falas expressassem diferentes desejos — contra os cortes nos investimentos na Educação, a Reforma da Previdência, ou pela defesa e melhoria das escolas e universidades públicas — o objetivo que os uniu era um: o direito à educação pública, laica e de qualidade, para si e para todos e todas.
As manifestações ocorreram após o governo Bolsonaro anunciar o contingenciamento de recursos, que afeta da Educação Básica ao Ensino Superior, e chega a quase R$ 7,4 bilhões.
Em São Paulo (SP), crianças, adolescentes, professores, pesquisadores, famílias e estudantes de nível superior estiveram na Avenida Paulista. De lá, os manifestantes seguiram para a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), onde o ato se encerrou.
Aos 7 anos, Marina está no 2º ano do Ensino Fundamental e foi à manifestação com a família. “É pra lutar pela educação, porque eu gosto de tudo na minha escola”, disse. Sua irmã, Sofia, tem 13 anos, está no 7º ano, e contou que espera que Bolsonaro mude de ideia sobre os cortes: “Com tanta gente aqui, alguma iniciativa tem que ser tomada. Se a escola acabar, eu não sei do que eu vou viver.”
Para Lina, aluna do 8º ano do Fundamental, a escola é essencial para aprender História e Ciências, mas que também é “para aprender como tratar as outras pessoas, a ter respeito com as diferentes dos colegas, e principalmente para aprender a conviver no mundo”.
“Eu sei que se a gente não vier para a rua falar o que pensa, nada nunca vai mudar”, disse Flávia Assis, 17 anos, estudante do 3º ano do Ensino Médio de uma escola pública.
“Estou aqui não por vínculo a um partido, mas pela minha crença de que a educação é ferramenta de mudança”, afirmou Fabiane Bicalho, de 42 anos, professora e pós-graduanda na Universidade de São Paulo (USP). Ela estava acompanhada de duas adolescentes, e contou que se ofereceu para ir com elas. “Acho importante elas estarem engajadas, porque logo vão prestar vestibular e precisam de um ensino público de qualidade.”
“Como pode o governo ter tanto dinheiro, deputado andando de helicóptero a qualquer hora, e eles cortarem da educação, que é a base da nossa sociedade?”, questionou Maria Cecilia Ferreira, de 17 anos.
Daniele Oliveira, de 29 anos, é formada em Obstetrícia pela USP, onde agora cursa Saúde Pública. Ela contou que foi graças à sua trajetória em escolas públicas que hoje ela pode estar no Ensino Superior. “Trabalho no SUS, onde há grande preocupação com o futuro da área. E estou aqui hoje porque esses cortes são a primeira forma de acabar com o ensino público e, como estudante desde sempre de escolas públicas, sei que os impactos serão severos”, alertou.
“É imprescindível que todos os professores estejam juntos, defendendo os investimentos em educação. Porque verba para educação não é custo, é investimento”, disse Silvia Panazzo, 54 anos, que compõe a diretoria da Associação Brasileira dos Autores de Livros Educativos (ABRALE).
“Eles têm medo da escola pública, porque sabem que lá tem pensamento crítico, com gente da esquerda e da direita. O que a gente precisa não é de Escola Sem Partido, é de valorização dos profissionais da educação. Tem vezes que não tem papel higiênico, que o banheiro fica quebrado por uma semana. Esses cortes mostram que a desvalorização da escola é um projeto político”, afirmou Gabriel Rodrigues dos Santos, 18, estudante de uma escola pública de São Paulo.
“Eles tiram dinheiro da educação e dos mais pobres porque estão olhando só para eles, para os políticos e a elite, e então danem-se os pobres. Mas se o rico tem direito de fazer uma faculdade, o pobre também deve ter, aliás, é ele principalmente que precisa desse direito”, disse Catarina Coimbra, 16 anos.
Questionado sobre os protestos, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que a maioria dos participantes era formada por “idiotas úteis” e “imbecis” que estão sendo usados por militantes. “É natural [que haja protesto]. Mas a maioria ali é militante. Se você perguntar quanto é sete vezes oito, não sabe… São uns idiotas úteis, uns imbecis que estão sendo usados como massa de manobra de uma minoria espertalhona que compõe o núcleo das universidades federais no Brasil”, afirmou durante entrevista em Dallas, no Texas (EUA).