publicado dia 27 de junho de 2017
Educação ambiental: muito além das paredes da escola
Reportagem: Natália Passafaro
publicado dia 27 de junho de 2017
Reportagem: Natália Passafaro
Estar presente, participar, mudar valores e transformar relações: a educação ambiental vai muito além da reciclagem e das hortas nas escolas. Por meio de atividades simples, como a observação do território é possível entender e visualizar onde a natureza se faz presente no cotidiano movimentado das grandes cidades.
No Brasil, a Educação Ambiental se tornou lei em 1999 com a instituição da Política Nacional de Educação Ambiental que determinou que o componente deveria estar presente de forma transversal nos currículos escolares, em caráter formal e não-formal, e pensado para ser abordado de forma interdisciplinar e contínua. Cada estado e município determina, a partir de seus Programas, como a Lei será colocada em prática.
Foi a partir dessa ideia e principalmente da prática que os professores que participam da segunda edição do curso Potenciais Educativos do Território Urbano: rumo à Cidade Educadora puderam se inspirar para o ensino da sustentabilidade nas escolas. “É preciso pensar em meio ambiente para além de parques e espaços fechados,”, explicou Lia Salomão, educadora do Programa Carta da Terra da Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz – UMAPAZ.
As atividades do último sábado (24/06) incluíram pressupostos como a escuta ativa, a observação e o respeito – elementos que atravessam a concepção da cultura de paz – um dos pilares da sustentabilidade. Convidados a escutar os sons de territórios, os educadores puderam expressar as contradições que emergem da vida urbana, além de trabalharem em equipe para repensar suas práticas em sala de aula.
Até agora, o percurso formativo do grupo incluiu os temas: Currículo do Território; Mobilidade Urbana a pé e Educação Ambiental. No segundo semestre, eles terão contato ainda com os eixos Educação Patrimonial; Cultura Popular; Gênero e Território; Territórios Negros da cidade; e Infância e Espaço Público, em um programa desenhado em parceria entre a Cidade Escola Aprendiz e coletivos, instituições e organizações sociais de São Paulo. A proposta é fortalecer o município como território educativo, apoiando práticas nas escolas da rede pública.
Abrir os olhos para a cidade
“Ainda estamos viciados em ver apenas as questões relativas aos resíduos e à alimentação, mas os rios e animais da cidade também devem estar em evidência”, defendeu a professora Shirlei do Carmo, que leciona no Fundão do Jardim Ângela. Recentemente, o bairro mobilizou uma rede de organizações sociais, lideranças comunitárias, escolas e universidades para discutir e implementar ações sustentáveis, resgatando o território como um “território das águas”.
O que ocorre no Fundão do Ângela se replica em diferentes zonas de São Paulo, onde mais de 300 rios estão sob o concreto da cidade. E foram atividades de exploração do território, como as promovidas pela iniciativa Rios e Ruas, que trouxeram o tema em evidência. Hoje, exposições e visitas guiadas são realizadas para que as pessoas possam compreender as consequências da canalização das águas da cidade. Também na capital paulista, o Passarinhar propõe a catalogação de aves por meio de itinerários de observação.
“Quem produz a invisibilidade do meio ambiente na cidade? Quem deixa de ver, sentir e ouvir o que está ao redor? Falamos da cidade como sinônimo de lugar ruim, barulhento, caótico, mas somos nós os sujeitos que produzimos uma cidade com esse foco – e somos nós que podemos alterá-la”, finalizou Lia.