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publicado dia 29 de julho de 2016

Projeto Territoriar aposta em comunidade para transformar espaços escolares

Reportagem:

O espaço físico e a estrutura da escola têm grande impacto no processo de ensino-aprendizagem. Não à toa, a Estratégia 18 da sétima meta do Plano Nacional de Educação prevê que é necessário “assegurar a todas as escolas públicas de educação básica o acesso a energia elétrica, abastecimento de água tratada, esgotamento sanitário e manejo dos resíduos sólidos, garantir o acesso dos alunos a espaços para a prática esportiva, a bens culturais e artísticos e a equipamentos e laboratórios de ciências e, em cada edifício escolar, garantir a acessibilidade às pessoas com deficiência”.

O Projeto atendeu escolas em Cuiabá e Várzea Grande (MT), Almirante Tamandaré, Colombo e Paranaguá (PR), São José (SC) e São Paulo (SP).

Para além dos problemas físicos, muitas vezes, arquiteturas excludentes ou pouco ligadas às demandas dos estudantes das escolas alienam as crianças do processo educativo. Com isso em mente, o projeto Territoriar, realizado pela Rede Marista de Solidariedade através do Centro Marista de Defesa da Infância, foi à 15 escolas públicas em Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e São Paulo para, com o apoio da comunidade, do território, da escola e de seus estudantes, repensar o espaço escolar.

“A manifestação de cores, sons, aromas e objetos, juntamente com os educandos, suas famílias e os educadores, contribui para o desenvolvimento integral da criança ao estimular a criatividade, a autonomia, a afetividade, a participação, a interação social e as expressões das diferentes linguagens da criança”, afirma a descrição do projeto.

Em cada uma das unidades, apontadas pelas Secretarias de Educação de cada estado de acordo com necessidades estruturais e levando em conta os índices do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), foi iniciado um percurso formativo de 14 meses, que envolveu, em um Comitê Multidisciplinar, representantes da comunidade, professores, pais, diretores, merendeiras, funcionários e estudantes para pensar o espaço a ser ressignificado a partir de redes, articulações e práticas pedagógicas.

 

“Não é só reformar. É pensar de que maneira uma sala de aula pode ser organizada. Será que precisamos de carteiras enfileiradas? Todos ambientes são educativos à sua maneira”, acredita Camila Souza, analista do Centro Marista de Defesa da Infância, que coordena a iniciativa.

Participação infantil

Ela destaca que o ponto mais forte do projeto é a participação das crianças, que são tratadas como “sujeitos de direitos com plena autonomia e oportunidade para criar seu próprio espaço e se sentir pertencente ao território, valorizando a cultura local”. “Não queríamos que a criança chegasse num espaço pronto, com o qual ela não se identifica. Visamos fomentar processos para que elas possam criar seu espaço, contrariando o costume dos adultos de falar pela infância”, analisa.

Para o professor de Ciências, Sidnei Lopes da Silva, da Escola João Augusto Breves, na zona leste de São Paulo, o processo trouxe como benefícios um maior cuidado dos estudantes com as áreas modificadas. “A escola deixa de ser algo fora do contexto e passa a ser parte efetiva do processo de ensino-aprendizado”, acredita.

Antes e depois da Escola Municipal Barão de Mauá, em Colombo (PR)
Antes e depois da Escola Municipal Barão de Mauá, em Colombo (PR)

“É muito enriquecedor e impacta a visão de futuro da unidade escolar, que pensa e acolhe de maneira diferentemente o território. A escola não consegue dar conta sozinha de todas as crianças, ela precisa das parcerias dos pais, das comunidades, de equipamentos públicos, de formar e fortalecer essa rede de atendimento”, aposta Sidnei. “As crianças estão muito satisfeitas de terem sido escutadas, atendidas e de terem participado”, afirma o professor, que viu sua escola ganhar reformas na Sala de Leitura, Laboratório de Ciências e Espaço de Artes.

Priorizar o lúdico

O projeto, que foi focado no Ensino Fundamental, com crianças de seis a 10 anos, contou com momentos em que membros da comunidade, mesmo sem estudantes nas escolas, começaram a participar dos comitês. “A comunidade se viu corresponsável pela educação. Após mapeamentos de parceiros nos territórios, descobrimos novos potenciais educativos e a comunidade como um todo se viu educadora, trazendo a educação para além dos muros da escola”, ressalta Camila, que acredita que diversas famílias passaram a frequentar o cotidiano das escolas de maneira ativa.

“O que ficou forte para mim foi que as crianças escolhiam a reforma dos parquinhos. As crianças realmente precisam ter garantido o direito ao brincar e buscam se aproximar dos espaços ressaltando seus aspectos mais lúdicos”, afirma a analista, que percorreu todas as escolas beneficiadas pelo projeto.

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