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publicado dia 16 de outubro de 2015

São Paulo é o que come: Haddad faz balanço da alimentação na cidade em sua gestão

Reportagem:

Não é simples a tarefa de alimentar uma cidade de 12 milhões de pessoas todos os dias. Mas entender essa missão e ajudar a coordenar os esforços, pode ajudar a mudar a forma como ela se desenvolve e como seus habitantes convivem nela. Essa é a aposta que o prefeito Fernando Haddad diz ter feito na cidade de São Paulo.

Se aproximando dos três anos de mandato, o prefeito esteve na manhã desta sexta-feira (6/10) na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, para celebrar a aula magna do  evento “Existe verdade na comida da cidade?” realizado por estudantes e professores da faculdade em virtude do Dia Mundial da Alimentação. Em sua longa fala, Haddad um balanço das políticas desenvolvidas na área e afirmou acreditar que a comida é um vetor de sociabilidade e transformação social.

Um dos exemplos mais marcantes neste aspecto é a questão da merenda escolar, sancionada em março deste ano, está amparada por uma lei que propõe uma meta que 30% da alimentação na escolas públicas da cidade seja orgânica.

“Nós temos o Plano Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) – tida como exemplar pela FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) – que institui como meta que 30% da alimentação seja de agricultura familiar. Em três anos de governo, fomos de 6% para 25% e mostramos que é possível ir além. Os alimentos orgânicos estão cada vez mais baratos e são uma alternativa saudável para o desenvolvimento de nossas crianças”, acredita o prefeito, que afirma que tem como tarefa ofertar cerca de 2 milhões de merendas para os quase um milhão de alunos da rede municipal.

Do campo da cidade para a mesa da escola

Nos últimos, diversas iniciativas espalharam verde e alimentos pela cidade, como o projeto Cidades Comestíveis, que trabalha pela ampliação dos hortelões urbanos em espaços públicos, ou seja, zonas agricultáveis na cidade. Para Haddad, o trabalho não cabe somente à prefeitura, mas ela pode ajudar. Exemplo disso são as mais de 300 hortas nas escolas públicas da capital e o incentivo que está sendo dado para o desenvolvimento de agricultura na cidade.

“Depois que você desce na estação Grajaú tem 30 quilômetros de chão até o fim do limite da cidade. E nós temos muitos agricultores familiares e orgânicos por lá, que agora podem contar com recursos federais e estaduais destinados à agricultura, desde que o Plano Diretor Estratégico reinstituiu áreas rurais no desenho da cidade”, pontua.

A produção destes agricultores, segundo Haddad, ajuda a abastecer as escolas paulistanas por um preço cada vez mais acessível. Segundo o prefeito, é necessário pensar em duas terras quando se fala em alimentação na cidade: uma para produzir o alimento, outra para consumi-lo. “Em São Paulo, quando você paga uma refeição num restaurante, você está pagando um aluguel. Então temos que pensar em formas de baratear isso com qualidade”.

Para ele, os foodtrucks, as vans e as tendas de rua são uma forma de garantir diversidade e acessibilidade de alimentos na cidade, sem ter que arcar com custos pesados de aluguel e contando com a mobilidade destas iniciativas. Como exemplo, citou o mirante do Pacaembu, que é ocupado todo mês por um chef da periferia de São Paulo.

Braços e bocas abertas

Desde janeiro de 2014, o programa Braços Abertos promove uma política integrada de atenção aos dependentes de crack que habitam a região da Luz, no centro da cidade. Eles recebem uma bolsa, moradia, trabalho e atendimento psicossocial. “Mas nós descobrimos o quão essencial é um prato de comida”.

O prefeito conta que as equipes do programa perceberam que garantir a alimentação diária a estas pessoas era uma ferramenta poderosa de redução de uso e de cidadania. “Se tem esse trato, se a comida tá no prato, tudo flui melhor. Muitos dos que conseguiram largar o crack e se reconstruir, atribuem isso a alimentação garantida diariamente, a não ter mais que buscar os restos da nossa sociedade para viver”, avalia o prefeito.

Entre muitos exemplos, vai ficando claro que uma cidade como São Paulo, com tantas culturas e identidades diferentes, ainda é o que come. Um organismo múltiplo que pode apostar na cozinha como forma de se descobrir a si mesmo e se reinventar. “Alimentação é cultura e a cidade não sobrevive sem isso. Eu venho de família libanesa e a gente sabe a importância que tem sentar na mesa e dividir aquele momento de convivência. Se você garante o pão, você já tem um bom dia de saída”, finaliza.

 

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