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publicado dia 13 de outubro de 2015

Reestruturação “na marra” de escolas desterritorializa estudantes e prejudica qualidade de ensino

Reportagem:

Por Caio Zinet, do Centro de Referências em Educação Integral

Levantamento feito pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) aponta que pelo menos 155 escolas serão fechadas em todo o estado de São Paulo, em decorrência do processo de reorganização escolar promovido pelo governo estadual. Veja aqui a relação completa feita com base nos dados apresentados pelas sub-sedes do sindicato.

Para presidente da Apeoesp, Maria Izabel Noronha, ao contrário do que a Secretaria de Educação tem dito, a proposta do governo não tem nenhum sentido pedagógico. O objetivo seria enxugar a máquina do estado por meio da demissão de professores.

“A reorganização representará o fechamento de centenas de escolas, provocando superlotação das salas de aula. Foi um processo bagunçado, feito de cima para baixo e sem objetivo pedagógico algum que não seja o enxugamento da máquina pública”, defende.

Ela estima que cerca de 20 mil professores da chamada categoria O podem perder seus empregos durante o processo de reorganização. Isso porque seu contrato de trabalho é precário e a demanda por professores deve diminuir com o fechamento dos colégios em todo o estado de São Paulo.

Maria Izabel afirmou ainda que o processo terá um impacto muito grande sobre a vida dos estudantes e suas famílias, já que em muitos casos eles serão obrigados a estudar em outro bairro, o que afeta a relação com o território.

“Um estudante que está na escola do bairro A pode ser transferido para o meio do bairro B. Quando você troca de bairro, pode não se sentir incluído; as pessoas serão obrigadas a trocar de escola na marra. Isso é muito ruim e afeta diretamente a qualidade do ensino”, afirmou.

A assessoria de imprensa da Secretaria Educação afirmou que o levantamento é de responsabilidade da Apeoesp e que o resultado do processo de reorganização será conhecido somente no dia 14 de novembro, no chamado Dia E. Nesse momento, acontecerá um encontro entre as escolas, pais e responsáveis pela rede estadual.

“A proposta do Dia E é explicar o novo processo de reorganização anunciado e que prevê a ampliação do número de unidades de ciclo único em São Paulo. A data será uma boa oportunidade para tirar dúvidas, entender como serão feitas as transferências e quais escolas receberão os alunos”, explica a assessoria.

O governo diz que ainda não é possível afirmar que escolas serão fechadas e, caso isso aconteça, os prédios que ficarem ociosos serão utilizados para outras atividades educativas.

Nas últimas semanas, estudantes e professores fizeram inúmeros atos dentro das salas de aula e nas ruas contra o projeto e o fechamento de suas escolas. Na última sexta-feira (9/10), foram promovidos atos em pelo menos 25 cidades em todo o estado.

Na capital, os manifestantes chegaram a interromper a avenida Paulista e a Polícia Militar reprimiu violentamente o ato, levando ao menos um jornalista e quatro manifestantes presos.

Reorganização

O processo de reorganização escolar foi anunciado pelo governo estadual em 23 de setembro e prevê que a partir de 2016, as escolas atenderão apenas um ciclo de ensino (fundamental I, II ou médio). Os estudantes das escolas que têm mais de um ciclo de ensino serão realocados para outros espaços físicos.

Segundo a própria Secretaria de Educação, cerca de mil escolas serão afetadas pela reorganização, num total de 5.108 escolas de ensino médio e fundamental em todo o estado. Dessa forma, cerca de 25% da rede de ensino sofrerá com a medida que deve atingir cerca de 1 milhão de estudantes dos 3,8 milhões.

 

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