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publicado dia 27 de junho de 2014

Em Santo André, crianças ajudam a definir políticas públicas e orçamento

Reportagem:

Vilma Aparecida Barros é professora da rede municipal de Santo André, no ABC Paulista, há 22 anos e recentemente viveu um de seus momentos mais gratificantes dessa trajetória. Responsável por educar um turma de crianças, ela teve que aprender a explicar aos meninos e meninas princípios de democracia, cidadania e participação social.

Essa não é, no entanto, a primeira vez que crianças de Santo André são chamados a discutir o futuro da cidade. Em 2013, marcaram presença nas discussões do Plano Plurianual (PPA), que definiu prioridades para a gestão da cidade.

A oportunidade apareceu com a necessidade de mobilização de 35 mil crianças das escolas públicas da cidade para a discussão de prioridades e eleição de representantes-mirins  que participariam das plenárias municipais de orçamento participativo. Santo André, que recentemente foi nomeada coordenadora da Rede Brasileira de Cidades Educadoras, tem assim, dado mostras concretas de que política e debate podem ser aprendidos desde cedo.

“Eu acreditei no trabalho e na noção de que a criança tem possibilidade sim de entender, desde que a gente utilize uma comunicação de acordo com seu desenvolvimento”, afirma Vilma, que utilizou o suporte de livros infantis, como “O Direito e os Deveres das Crianças”, de Ruth Rocha, para abrir os diálogos. Em um segundo momento, foi realizado um trabalho de geolocalização das crianças no mundo – partindo do universo, chegando até a Terra, América do Sul, Brasil, São Paulo, Santo André, e, finalmente, o Jardim Alvorada, onde se encontra a creche.

Eleições foram organizadas na sala de aula e as crianças escolheram quatro representantes, três meninas e um menino. Os eleitos, então, saíram pela escola e pelo bairro encontrando problemas e demandas das crianças, que iam desde mais brinquedos até incremento dos aparelhos públicos de esporte e lazer, cuidado com praças e ruas, etc. Para apresentar as demandas, os pequenos ainda não-alfabetizados fizeram desenhos que foram interpretados em conjunto com a equipe da creche.

Com tudo em mãos, compareceram às reuniões do conselho mirim de Orçamento Participativo da cidade, onde Nicole Ramos, de 3 anos, foi eleita para compor o grupo de 30 crianças que tiveram e terão encontros com o prefeito e autoridades de Santo André.

Para Vilma, o trabalho desenvolvido em Santo André poderia ser aplicado em qualquer cidade do Brasil. “As crianças ficaram muito preocupadas com o planeta e têm cobrado respostas para os problemas que viram”, relata Vilma, que considera importante esse aprendizado democrático desde cedo. “Nós vivemos numa democracia e é bonito ver que as crianças muitas vezes têm a cabeça mais aberta para pensar soluções que muitos adultos, que ficam desenganados e céticos. As crianças acreditam, participam e querem ver resultados, saber a devolutiva das coisas e demonstram uma articulação e uma consciência surpreendentes.”

 

 

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